Top 10 Gringo – Só luxo no pódio. Sampha chapa o topo. James Blake martela o segundo lugar. Jon Batiste chama o terceiro

Semana de músicas intensas. Das mais radiofônicas possíveis até as mais absurdas e gigantescas – que tal um som de 20 minutos? Cabe um pouco de tudo nesta semana no Top 10, a nossa humilde paradinha internacional. 

Sabe aquelas músicas que provocam um “Uau” logo que começam? É o caso da nova do inglês Sampha. “Spirit 2.0” abre com uma progressão de acordes de chorar e só melhora – que refrão absurdo, sério. Havia expectativa por este som, já que é o primeiro de Sampha desde o excelente álbum “Process”, sua estreia em 2017. De acordo com ele, a letra são palavras que ele gostaria de ouvir, provavelmente em sentido de proteção. “As ondas vão te entender, a luz vai te entender/ O amor vai te entender, o espírito vai te entender, sim /A fé vai te entender, os amigos vão te entender”. Das melhores do ano. 

O inglês James Blake anunciou disco novo. Sente o nome da peça: “Playing Robots into Heaven”. Que brisa, hein? E o single “Big Hammer” aponta para os novos caminhos que o compositor vem trilhando desde “Friends That Break Your Heart”, de 2021. Bem menos soturno do que o começo de sua carreira – desta vez bem mais voltado para a música eletrônica, quase sem mostrar sua voz. Uma canção maluquinha com um vídeo bem fora da casinha sobre um grupo de ladrões obcecado em arruaça e derrubar paredes com seu carro.  

Nós, fãs de rádio, de cara já gostamos do nome do novo álbum do superpianista Jon Batiste, “World Music Radio”. E, pelas participações anunciadas, temos uma programação radiofônica diversa, como deve ser: Lil Wayne, Lana Del Rey, Kenny G (!!!), JID, Fireboy DML, Camilo, New Jeans… Jon comentou na divulgação que este é o trabalho que ele pôde fazer com mais liberdade e fidelidade ao seu momento pessoal. O primeiro single, “Calling Your Name”, chega obviamente megaradiofônica, misturando um tanto de tradição em evidente referência a Stevie Wonder com uma pegada quase hip hop nos versos. Fora que tem menos de dois minutos de duração, ou seja, implora pelo repeat. 

Já estamos mais calmos com a pressa que Grian Chatten, o culto irlandês dono da voz da incrível banda Fontaines D.C., montou um álbum solo – chegando a dar a falsa impressão que a banda ia se desmanchar. E foi single bom atrás de single bom. “All of the People”, uma balada tensa ao piano dando a cama certa para o grave de Grian, é a última mostra antes do lançamento do disco completo, “Chaos for the Fly”. 

O jornal inglês “The Guardian” pediu atenção ao som da Lauren Auder. A artista trans nascida em Watford, filha de jornalistas musicais, prepara o seu álbum de estreia e promete mesmo, viu? Todos os singles lançados até aqui impressionam pela produção inventiva que abraça sua voz já por si só extremamente envolvente. Por ter vivido na França, seu sotaque inglês tem outros tons perto dos mais conhecidos, é interessante. E vale lembrar que, até aqui, Lauren já fez parcerias com gigantes como Slowthai e Caroline Polachek.  “Hawthorne81” é bom exemplo do seu potencial. Perto do final, a faixa se desmancha sonoramente. Coisa linda. 

Oferecemos já uma música que nem tem dois minutos de duração. Hora de oferecer uma que se esparrama por 20 minutos. E esparramar é o verbo certo para descrever a viagem oferecida pela turma do Animal Collective, que recentemente relançou seu primeiro álbum, “Spirit They’re Gone, Spirit They’ve Vanished”. Esta “Defeat” se apresenta aos poucos em seu clima atmosférico. Deite no chão, tire um tempo e compartilhe seus pensamentos com a gente depois. 

Margaret Glaspy é uma cantora e compositora de Nova York que já tem uma estradinha boa. Lançou alguns EPs por conta própria e hoje tem contrato com o selo independente ATO. A gente nunca tinha escutado nada dela até cair no vídeo de “Act Natural”, onde ela desfila uma coleção de guitarras clássicas de dar inveja. Você até fica distraído com tantas guitarras maravilhosas. E a música é boa também, lógico. Antecipa “Echo the Diamond”, novo álbum da Margaret, que chega em agosto. 

Tem vídeo que muda o patamar de uma música, já reparou? Tem muita música média que você lembra por conta do filminho e muita música gigante que sofre ou com um vídeo péssimo ou até por nunca ter tido um “clipe” para chamar de seu. O vídeo de “Gorilla” faz isso pelo hitaço da nossa querida amiga Little Simz, que já colou em Popload Festival e tudo. Dando o visual grandioso que a música merece, marca também a boa fase da rapper que vai viajar bastante com seu novo álbum, “No Thank You”, após amargar um período sem turnês longas no exterior por questões financeiras. A maré agora é boa. Que Little Simz saiba surfar por essas águas. 

“We Didn’t Start the Fire” é um clássico de Billy Joel que lista eventos, personagens e lugares históricos. Lançada em 1989, perto do fim da União Soviética e de um certo feeling equivocado de “fim da história”, é uma letra de 30 e tantos anos já um tanto desatualizada. A turma do Fall Out Boy sentou, reuniu os principais eventos que rolaram de lá para cá e atualizou a canção – daquele jeito bem “EUA é o centro do mundo de ser”, mas ficou bacana. Só não supera a versão definitiva que é a paródia feita na série The Office: “Ryan Started the Fire!”

Sabe o clássico “Last Splash”, álbum do Breeders de 1993? Rapaz, tem dez anos que a Popload promoveu um show no Brasil que celebrou os 20 anos desse álbum. Agora, com 30 anos de história nas costas, a banda relança o disquinho remasterizado com algumas novidades. Uma delas é a inédita “Go Man Go”. 



* Na vinheta do Top 50, o músico e produtor inglês Sampha.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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