A Popload ouviu: “Wall of Eyes”, da banda inglesa The Smile. Disco, que sai sexta, é melhor que os últimos dois Radiohead. Mas…

Quase dois anos atrás, em um dos hiatos do nosso amado Radiohead, fomos surpreendidos com mais um projeto paralelo de seus integrantes, chamado The Smile. Agora, em um tempo recorde entre lançamentos para qualquer um de seus integrantes, temos seu segundo álbum, “Wall of Eyes”. O disco sai nesta sexta-feira. A Popload já ouviu, e conta o que você pode esperar.

Lembramos aqui que The Smile não surgiu como um mero projeto solo, contando com dois Radioheads – o vocalista Thom Yorke e o guitarrista Jonny Greenwood – acompanhados de Tom Skinner (ex-Sons of Kemet) na bateria. Seu disco de estreia, “A Light for Attracting Attention”, demonstrou uma energia frenética de banda jovem, tranquilamente justificando a existência do grupo e figurando entre os melhores discos lançados por integrantes do Radiohead.

Já na primeira turnê da banda, várias músicas novas começaram a aparecer no setlist, indicando que sua criatividade estava a todo vapor. Curioso, pois o Radiohead não lança nada novo desde “A Moon Shaped Pool”, de 2016, e porque “Wall of Eyes” tem bastante em comum com esse último disco do grupo “principal”.

O segundo trabalho do Smile é muito mais calmo. Há longas passagens ambientes e músicas relativamente lentas. Ao contrário do primeiro disco, este parece não ter pressa para chegar a lugar algum, e acaba soando mais ponderado – e um tanto menos interessante.

A faixa-título que abre o disco dá o tom: tranquila, no violão, com acompanhamentos de guitarra e violinos ao fundo, no limite entre o doce e o misterioso. “Teleharmonic”, que vem em seguida, segue uma linha similarmente meditativa. É “Read the Room”, a terceira faixa, que muda um pouco o ritmo e dá mais ânimo ao projeto, seguida da igualmente boa “Under the Pillow”.

Os fãs mais dedicados já devem ter ouvido boa parte desse material no YouTube (pois, como dissemos, a banda tem executado suas canções ao vivo). Mesmo assim, vale à pena ouvir suas versões de estúdio, pois são maravilhosamente produzidas. Destacamos os arranjos orquestrais das ótimas “Friend of a Friend” e “Bending Hectic”, que deixam o som do disco como um todo mais complexo e rico.

No fim, fazendo a inevitável comparação de “Wall of Eyes” com os últimos lançamentos do Radiohead, “A Moon Shaped Pool” (2016) e “The King of Limbs” (2011), ele facilmente ganha dos dois, e ainda supera “Anima” (2019), último solo de Thom Yorke.

Só não é melhor, infelizmente, do que “A Light for Attracting Attention”, o tão surpreendente disco de estreia do The Smile. De qualquer forma, ficamos felizes de ter tanto material dessa banda em tão pouco tempo. Os shows, é claro, devem ficar ainda mais geniais acrescidos desse novo material. A ver.

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