Top 50 da CENA – Bruno Berle reina na semana. O Dead Fish chega, enfim, ao nosso ranking. Esperamos que entendam a Ebony em terceiro

Top 50 da CENA – Bruno Berle reina na semana. O Dead Fish chega, enfim, ao nosso ranking. Esperamos que entendam a Ebony em terceiro Foto: divulgação

Um pouco bossa nova, um pouco hardcore, com um toque de música clássica e discussão em forma de música. É assim que a gente trabalha ou tenta em dias acalorados demais no Brasil – alô, aquecimento global.  

Bruno Berle começa a dar sequência a seu álbum “No Reino Dos Afetos”, lançado ano passado. Após um 2023 mais dedicado aos palcos e a levar sua música mais longe – tão longe que chegou aos ouvidos do cantor-ator V, do grupo coreano BTS. Ao lado de seu fiel escudeiro, o também brilhante Batata Boy, Bruno Berle vem em uma fase mais sincopado e com onomatopeias que lembram um tiquinho seu ascendente joão gilbertiano (pense em “Undiú”) – mas que também já aponta por mais e mais caminhos, do violão encorpado e brilhante em agudos até a voz que flui por um beat denso e moderno. Certeiro. Sai logo, disco novo.

O amadurecimento deixa suas marcas, não é mesmo? E é de olho nelas que o Dead Fish chega ao décimo álbum (!!!), descontando discos ao vivo e coletâneas, uma marca histórica. Tamanha experiência deixa a banda redondinha – soando melhor do que nunca em uma música que carrega doçura e amargor. 

A rapper carioca Ebony provocou o caos na cena de rap nacional ao provocar diversos nomes (e seus fãs) em uma faixa quentíssima. A diss (o ato frequentemente usado no hip hop para expor e insultar uma pessoa ou um grupo de cantores) rendeu discussões acaloradas no Twitter, ou X, e remexeu com egos. Aquela cutucada pontual na situação da cultura que muita gente leva sem razão para o lado pessoal. Vamos se alguém responde ou se vão deixar quieto.  Ebony lançou seu álbum “Terapia” agora em outubro. E esta “Espero Que Entendam”, que não está no disco recém-lançado, está só no Youtube, por enquanto.

Radicado na Itália, o duo Wolfgig, formado por Larissa de Almeida e Vitor Rangel, é brasileiríssimo e pode nos representar lá fora nessa ascensão do pop cabeçudo ligado em bossa nova. Um charme desse primeiro single do casal é o toque meio cabaret influenciado pelo Arctic Monkeys em sua fase adulta hoteleira, se é que me entende. Entre brincadeiras com o andamento e construção de harmonias intrincadas, é como se eles gritassem: “Make Classical Music Cool Again”.

“Mau”, novo álbum da Jaloo, parece escrito em um quarto onde livros de alta-literatura e enormes de intelectuais vários se misturam com telas que passam séries e nos assobram com o scroll infinitos das redes sociais. Parece escrito de olho no saldo de boas festas emendadas em longos papos sobre a vida, sexo e política. Um álbum que coloca em perspectiva os relacionamentos vividos, pensando em cada um deles tanto na esfera íntima quanto na esfera social. Tem a força de um diário que vem a público – com sua dor e beleza de revelar segredos. Tão bonitos e verdadeiros, mas segredos. 

Rede Globo, Mortal Kombat, Créu. Tudo isso em poucos segundos. Tem um absurdo volume de informação despejado no novo disco do DJ RaMeMes, “Tamborzin de Volta Redonda”, que reúne os amigos DJ Pretinho de VR, DJ Ramom, DJ LC da V para juntos aprontarem esse fuzuê sonoro. Absurdo também o volume do álbum, um cuidado que quem conhece o RaMeMes de algum tempo já sabe: ele vai estourar seu fone!

Uma banda paulista que tem um álbum com o nome “Cidade Tropical Pensamento” tenta comunicar algo difícil. No caso, o fato de que São Paulo apesar de cinza é tão tropical quanto o Rio de Janeiro. Daí que fica simbólico um carro na capa ou uma track que seja “Tropical 08”, como se fosse um preset de alguma batida supostamente tropical perdida em uma máquina. A turma do Viratempo deixou a gente pensantivo aqui. Discão. 

Para divulgar sua nova música, a primeira desde a pandemia, cantora e multiinstrumentista Rita Oliva, a Papisa, escolheu citar o psicoterapeuta americano M. Scott Peck citado pela ativista feminina Bell Hooks em “Tudo sobre o Amor: Novas Perspectivas”. Tipo assim: “Nós não temos que amar. Escolhemos amar”. E esta “Melhor Assim”, música que representa a volta do especialíssimo projeto Papisa, é sobre essa escolha. Papisa aprofunda: “Ela vem de um lugar íntimo, mas comum, e trata de um tema que muito me intrigou nos últimos anos: o amor e seus desdobramentos”. Uma música direta e reta. Pode ser melhor. Ação. 

“Vamos para o jantar e depois festa.” O balanço dos primeiros momentos da parceria da dupla YOÙN com Carlos do Complexo é um convite a uma belíssima noite a dois. As tais noites sem pressa, tão raras. Noites com músicas deliciosas, boa bebida, clima bom demais. Para noite assim fica a recomendação do novo álbum do YOÙN, “Únicórnio”. 

Saudades dos acústicos MTV? Mas daqueles acústicos reais mesmo, violão entregando a canção, nada exageradamente rebuscado. O Tuyo abraça o conceito clássico e entrega aqui um EP de duas canções inéditas e três releituras de uma época em que ainda nem se chamava Tuyo. A voz e violão parceiros de composições, noites e dias em quartos e parques inventando melodias. Bonito. 

11 – Djonga – “5 da Manhã” (7) 
12 – Junior – “Sou” (8)
13 – Ana Frango Elétrico – “Boy of Stranger Things” (9)
14 – Gole Seco – “Gole Seco” (10)
15 – E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante – “Ausente” (11)
16  – ÀIYÉ “Pomba Gira (Ela Reina) (12)
17 – Exu (Tenho Fome)” e Letrux – “Zebra” (13)
18 – TUM – “Rainha da Sumaré” (14) 
19 – Fabiana Cozza e Leci Brandão – “Dia de Glória” (15)
20 – Monna Brutal – “Esse Puto” (16) 
21 – Gab Ferreira – “Hustle” (17) 
22 – MC Carol – “Só de Passagem” (19)
23 – Romulo Fróes e Rodrigo Campos – “Cidade Trovão” (20)
24 – Rodrigo Ogi – “Aleatoriamente” (21) 
25 – Assucena – “Reluzente” (22)
26 – MADRE – “CAOS”/TRANSE” (23)
27 – Tangolo Mangos – “Poca” (24)
28 – My Magical Glowing Lens – “Sobrevoar” (25)
29 – Apeles – “Magical/Rational” (26) 
30 – Mãena – “Meditação” (27)
31 – Alaíde Costa – “Ata-me” (28)
32 – Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo – “Quem Vai Apagar a Luz” (com Negro Leo) (29)
33 – Alzira E + Corte – “Filha da Mãe” (30)
34 – Don L – “Lili” (com Terra Preta e AltNiss) (32)
35 – Varanda – “Vontade” (33)
36 – dadá Joãozinho – “Pai e Mãe” (34)
37 – Karen Francis – “Linha do Tempo” (35)
38 – Clarice Falcão – “Podre” (36)
39 – Xande de Pilares – “Diamante Verdadeiro” (37) 
40 – FBC – “O Que Te Faz Ir para Outro Planeta?” (39)
41 – Mateus Fazeno Rock – “Pode Ser Easy” (41) 
42 – Lirinha – “No Fim do Mundo” (42)
43 – Ava Rocha – “Disfarce” (43)
44 – Zudizilla – “Tempo Ruim” com Don L (44)
45 – Jadsa e YMA – “Mete Dance” (45)
46 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Viridiana Remix)” (46)
47 – Rico Dalasam – “Espero Ainda” (47) 
48 – Troá! – “Que Pena” (48)
49 – Marcelo D2 – “Tempo de Opinião” (com Metá Metá) (49)
50 – Luisão Pereira – “Licença” (com Luíza Nery) (50)


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*  Na vinheta do Top 50, o cantor alagoano Bruno Berle, em foto da @zabenzi.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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