TOP 10 GRINGO – Billie Eilish, Jack White e o violão estão no topo da nossa parada

E é o violão quem comanda o pódio do nosso Top 10 nesta semana. A Billie Eilish resolveu dedicar um EP ao formato voz e violão, enquanto o nosso Jack White também decidiu baixar um pouco o volume em sua segunda aventura solo deste ano. Outra constante destes dias, são dois artistas que bombaram no Tik Tok, provando em álbum que são bem mais do que 15 segundos de dancinhas.  

Embora nomeado de EP, seria o novo lançamento da Billie Eilish um antigo compacto duplo? Seja lá qual for o nome, são bem boas as duas novas canções. A pegada acústica e folk do formato voz e violão, daí o “Guitar Songs” do título, não é exatamente uma novidade para ela, mas há algo novo no ar. Uma sinceridade extra ou letras ligeiramente mais confessionais – ou menos afeitas a deixar mensagens cifradas. Aqui tudo soa claro, sem segredos. Especialmente na superdescritiva “The 30th”, sobre alguém próximo que sofreu um acidente. São duas músicas só, mas é um outro passo em frente na carreira da jovem compositora após um bom segundo álbum que mal esfriou.  

Em seu segundo álbum solo só neste ano, encontramos um Jack White também mais acústico, como se estivesse em forte contraste com o Jack White mais barulhento do álbum anterior, de poucos meses atrás. Duas personas que ele sempre tentou conciliar ao longo de sua carreira. Pelo shows mais recentes do homem, essas duas instâncias se encontram no palco somadas ao melhor da carreira solo, do Racounters e do White Stripes. Para quem pilhou que os lançamentos do homem andavam redundantes, este novo disco dá uma aliviada na crítica exagerada, conhevamos. Ansiosos para o show dele num certo festival brasileiro em outubro? Imagina…

Dá para dizer que nossa única questão com o novo álbum do rapper Joey Bada$$ é que as músicas não são tão longas para gente curtir mais elas. Mas isso não é um problema, na real: é da arte da mixtape. “2000” cria uma sequência para a primeira mix do artista, “1999”, que completa 10 anos agora. E, nessa de colar as faixas, elas ficam pelo caminho assim que chegam ao seu auge, como episódio de uma boa série, mas garantem um gancho para manter a gente no álbum. Então, se “Make Me Feel” é irresistível, ela fica bem melhor quando você escuta na sequência o som seguinte, “Where I Belong”. E assim vai por toda a mix, construção cuidadosa.  

Mass Appeal, gravadora do rapper Nas, vai lançar uma série de EPs que celebram os 50 anos do hip-hop, por mais que datar o nascimento do movimento seja complicado. Na estreia da série, que ainda terá nomes como Swizz Beatz, Mustard, The-Dream, Mike Will Made-It, No I.D., Hit-Boy, Take a Daytrip e Tainy, quem cola é o grande DJ Premier, que cuida das tracks de Joey Bada$$, Remy Ra & Rapsody, Run the Jewels e Slick Rick com Lil Wayne. Lógico que o “patrão” Nas entrou nessa e rimou sobre uma batida muito clássica: “Antes de tudo, eu quero agradecer aos pioneiros, que tornaram isso possível”. Bonito, viu? 

Em seu segundo álbum, a banda de rock de Chicago liderada por Lili Trifilio tenta mostrar que é mais do que dois hits do Tik Tok. No caso, as grudentas “Cloud 9” e “Prom Queen”. E consegue cumprir a missão com tranquilidade, no disco “Emotional Creature”, que ainda tem muito de um certo revival do rock dos anos 90 com uma leve pressão a mais na “pegada” da produção, que se aproxima do emo ali dos anos 2000/2010 – quem produziu o disco é Sean O’Keefe, que já cuidou do som do Fall Out Boy.  “Scream” é um bom exemplo disso tudo que falamos.

Outra artista que conheceu a fama muito por conta da plataforma chinesa, Flo Milli, do Alabama, lança seu primeiro álbum, “You Still Here, Ho?”. As críticas gringas andam balançadas, alegando que sua mixtape de nome quase idêntico, “Ho, Why Is You Here?” era melhor. Opiniões diversas à parte, “Hottie” é um som dos bons e tem um sample de Miami Bass que caberia em um trampo do brasileiro FBC e do seu fiel companheiro VHOOR. Olha essa tendência chegando lá fora.

O inglês Jamie T pode nunca ter sido uma pauta muito quente por aqui, mas a gente adora ele. Desde 2007, é um bom nome do indie britânico, sempre lançando álbuns com longos intervalos entre eles. Tanto que só agora o cara chega a seu quinto lançamento, o interessante “The Theory of Whatever”. Jamie por um lado foge do apelido de ser um Arctic Monkeys de um homem só, mas seu som ainda lembra um pouco a banda de Alex Turner em sua primeira fase. Não é uma referência tão ruim assim, ainda que a gente imagine o quanto um apelido pode incomodar. 

Esta não é novidade, mas chegou só agora em todas as plataformas de áudio: uma versão que a ótima St. Vincent fez ao lado de Dave Grohl para este clássico do Nine Inch Nails. Se você não manja, a faixa está no indispensável “The Downward Spiral”. A versão foi gravada lá em 2020, quando a banda de Trent Reznor entrou no Rock & Roll Hall of Fame. É tão boa que deixa a gente meio curioso para saber onde a guitarra de St. Vincent poderia levar a criatividade de Dave Grohl na bateria… Não duvidamos que a ideia passou pela cabeça da duplinha. 

Se você sentiu falta do antigo jeito da multiinstrumentista americana Julien Baker, menos produzida do que no álbum “Little Oblivion”, vai curtir o EP de lados B que ela soltou agora. São canções que não se encaixaram na pegada do disco – também são músicas relativamente menos fortes, aquelas que ficam mais na mente dos fãs mais dedicados. 


* Na vinheta do Top 10, a cantora americana Billie Eilish, em foto de Matty Vogel.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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