Manchester e o mundo se despedem oficialmente de Mani, o coração dos Stone Roses

Mais de um mês depois, Gary Mani Mounfield, o Mani, foi enterrado na cidade de Manchester, nesta segunda-feira (22), arrastando uma verdadeira multidão para as ruas da cidade que consagrou sua banda, The Stone Roses, e tantas outras.

A cerimônia atraiu muita gente da música e da cultura pop em geral. Seus parceiros de banda, Ian Brown, Reni e John Squire, além de Bobby Gillespie, com quem fez parceria no Primal Scream, foram alguns deles. Outras lendas do rock britânico como Paul Weller, Mike Joyce, Peter Hook, Tim Burgess, Guy Garvey e Liam Gallagher, ele, também marcaram presença. Estrelas da Seleção Inglesa, Gary Neville e David Beckham também estavam entre os presentes.

É sempre um tanto estranho ver alguém que admiramos partir. Mani morreu novo, aos 63 anos, vítima de uma insuficiência respiratória originária de uma condição de saúde que o acompanhava há alguns anos.

Nome histórico do Stone Roses, o baixista era a única unanimidade de um quarteto que sempre viveu mais em conflito do que na calmaria. Tanto que em quase quatro décadas de carreira eles passaram mais tempo separados do que juntos, com apenas dois discos lançados. No entanto, suficientes para fazer os irmãos Noel e Liam Gallagher tocarem juntos em uma banda, por exemplo.

Liam, inclusive, foi uma das pessoas que carregou o caixão de Mani, todo customizado com uma arte famosa de John Squire. Amigo próximo do músico, ele ficou bastante abalado com a notícia da morte do baixista, que aconteceu justamente na véspera dos shows épicos do Oasis no Brasil um mês atrás. A perda de Mani rendeu homenagem dupla nas apresentações durante “Live Forever”, como não poderia deixar de ser.

Autointitulado “irmão” de Mani, o cantor Ian Brown foi o responsável por fazer o discurso de abertura da cerimônia de hoje, destacando que o conhecia desde a adolescência.

“Conheci Mani pela primeira vez em 1980, quando ele era conhecido como The Nod. Até hoje ele está no meu telefone como Nod. Sempre ajeitando a franja, sempre sorrindo.

Rir era sua busca número um, sempre atrás da próxima gargalhada, uma máquina humana de riso em funcionamento constante.

Também era ferozmente inteligente, com um lado sério, interessado em qualquer assunto sob o sol, a qualquer momento, sempre torcendo pelo azarão. Mani esteve ao meu lado em qualquer situação por 45 anos, sem parar, incondicionalmente, sempre uma alma e um espírito lindos.

Tudo o que Mani amava quando eu o conheci, ele amou por toda a vida. Família, os amigos, pesca, futebol, o United, música, lambretas, dançar, roupas, a cidade e todas as habituais atividades de um verdadeiro cavalheiro.

Ele viveu uma vida plena, realizada e abençoada, rodando o mundo inteiro, levantando as pessoas com sua habilidade no baixo. E deu voltas e mais voltas pelo mundo fazendo exatamente isso, superando até os próprios sonhos.

Ao mesmo tempo, recebeu os golpes duros da vida e cartas que quebrariam muitos outros. Guardou sua dor para si. Era capaz de rir em meio a qualquer escuridão que encontrasse, por mais profunda que fosse. Ele sempre encontrava a risada, com seu humor cru e travesso sempre brilhando. ‘Mostre-me uma montanha, que eu vou escalá-la’ era o seu mantra”, relatou o cantor.

Em uma das imagens mais comoventes da cerimônia, Ian e John Squire foram flagrados se abraçando. 

Até depois da vida, Mani uniu.

* As fotos no post são da PA Images, Getty e Daily Mirror.

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