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* Estava devendo aqui um post sobre o Rio de Janeiro, de rolê recente, e aqui vai. Devo, não nego. Cheirinho de indie no RJ.
A cultura de cartazes lambe-lambe no Rio bota às vezes o indie no dia a dia da cidade. Em uma rua de Botafogo, o anúncio de show de Mahmundi e Jaloo que aconteceu no fim de novembro, no revivido Centro
* Ainda em Botafogo, um bar inaugurado em setembro virou um bom reduto para quem quer tomar uma cerveja artesanal de personalidade ouvindo, sei lá, Wilco. A cervejaria cigana (sem fabricação própria) Hocus Pocus DNA, mistura música boa, 12 torneiras de chope de alto teor alcoólico e comidinhas legais, tudo servido em mesas comunitárias ou sofás e poltronas dentro, ou cadeira de praia do lado de fora. O bar tirou seu nome de canção famosa do rock progressivo setentista, que também toca na casa junto com uma trilha de clássicos na linha Fleetwood Mac e Thin Lizzy. Indie nacional e nova MPB, assim bons sons “linha Popload”, fazem parte do playlist da casa, que pelo que eu entendi é trocado mensalmente.
* E eis que até o esquisito território carioca da Barra, abastado por um lado mas carente de manifestações culturais “de base”, ganhou em 2016 um importantíssimo ponto de encontro da cena independente, da aquecida onda carioca de boas bandas e do som alternativo nacional mesmo. O espaço chamado Kult Kolector, uma loja de dois andares que é galeria de arte, moda lifestyle, arma para 2017 um estúdio de tattoo e, mais importante, tem um palco para cada vez mais frequentes apresentações de bandas indies. Mais? Nesta sexta-feira inauguram com festa o primeiro lançamento de selo próprio “ambicioso” ligado ao espaço, chamado Kult Kast, que segundo a galera tem por finalidade “amplificar e consolidar esse movimento de bandas independentes de altíssima qualidade”. No evento de depois de amanhã, base de lançamento de uma coletânea, estão escalados para tocar dois bons nomes do indie do Rio, The Outs e Two Places at Once, e o energético duo paulistano FingerFingerrr.
* Patrimônio vivo das movimentações sonoras do Rio de janeiro, o figura Mauricio Valladares, o Mau Val, agitador, radialista, DJ e fotógrafo, usou essa sua última e importante faceta recentemente para lançar um pomposo livro de fotos, focado no Rio e batizado de “Preto e Branco”, com imagens incríveis que vão desde um anônimo no Carnaval e o Freddie Mercury. São mais de 200 páginas e 142 fotografias (R$ 60) para um mundo diverso para o qual Valladares apontou suas lentes, em espacial para um universo sonoro. Da famosa foto do Bob Marley com a camisa do Pelé (abaixo) até o cultuado David Byrne, do Talking Heads, passando por Rita Lee e Clementina de Jesus, para citar apenas alguns. Presentão de Natal.
* O principal nome da cena indie carioca hoje, o trio Ventre se apresentou duas vezes de modo especial em São Paulo nos últimos dias, no showcase da SIM-SP durante o dia e na Casa do Mancha, dentro da programação sob a chancela do festival Bananada, de Goiânia. Há algo de peculiar no modo de se portar no palco, cantando ou na guitarra canhota sem inverter as cordas, de Gabriel Ventura. Ao mesmo tempo que Gabriel está muito bem acompanhado pelo baixista Hugo Noguchi e pela baterista Larissa Conforto, em entrosamento evidente, ele muitas vezes no show faz sua viagem sozinho, introspectivo. Voltado para o… ventre.
Se sua voz pode incomodar em alguns momentos pelo inerente “timbre Los Hermanos”, que é praga de certa geração de bandas independentes, principalmente do RJ, ela acalenta em outras horas, como à perfeição para cantar o tipo de letra que canta, na entonação entre o indie e a nova MPB que é surpreendentemente acompanhada por muita gente do público, mesmo em São Paulo, em praticamente todas as canções. No show que eu vi na Casa do Mancha, sexta passada, parecia que sua guitarra estava irritantemente fora da afinação, até eu perceber com a evolução do show que ela era mesmo daquele jeito e fazia todo o sentido para o som que emulava. Gabriel é magnético, está aí a foto acima que acidentamente define sua performance frente a esse Ventre. O grupo, que é da Zona Norte do Rio, lançou recentemente o DVD “Ao Vivo no Méier”, gravado em dezembro do ano passado na casa Imperator, um dos shows de lançamento de seu caudaloso primeiro disco, homônimo. O DVD pode ser assistido na íntegra, abaixo.
* O Rio é também sede de um dos mais originais e diferentes festivais do Brasil, o estranho-instigante-curioso Novas Frequências, que acabou semana passada depois de espalhar vanguarda dos dias 1º a 8 de dezembro de vários formas e por vários endereços do Rio de Janeiro, em especial o Galpão Gamboa. O site bamba de fotografia I Hate Flash postou um especial de imagens do Nova Frequência. Pegamos três emprestadas, mas lá tem muito mais.
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