>>
* Saiu hoje o disco de estréia da banda irlandesa Fontaines DC, “Dogrel”, álbum + grupo + cena pela qual a Popload tem estado obcecada há algum tempinho, principalmente depois que viu o show dos meninos de Dublin no Brooklyn, em Nova York, no mês passado.
O quinteto, que surgiu no ano passado e foi rapidamente cooptado pela vivíssima cena do punk pós-brexit (sem ter nada a ver com isso!!!) que está enchendo o complicado Reino Unido de energia musical e forte postura política, é uma das melhores coisas que surgiram na música independente, a gente entende, na completude total da coisa.
O mais bem acabado uso de referências do legado britânico da música. Melhor vocal desde Liam Gallagher dentro do Oasis. Melhores letras que vão da poesia rural irlandesa ao amor e engajamento em causas, com lirismo de fazer inveja ao Morrissey. Banda bonita e boa demais. Melhores guitarras altas e sujas desde que os Strokes eram uma banda decente. Melhor primeiro álbum desde a estreia escandalosa do Arctic Monkeys. E um show explosivo de fazer raspar todo o dinheiro que se tem para ir catá-los ao vivo no primeiro lugar possível em que estiverem tocando.
Ok, vamos parar a nossa babação para cima da outra e focar na babação dos outros.
O jornalaço inglês “Guardian”, um dos únicos que honram o jornalismo hoje, deu 5 estrelas em 5 possíveis e citou Joy Division, Fugazi, Stone Roses e Arctic Monkeys para enquadrá-los, se derramando pelas letras dizendo que “é o tipo de composição de qualidade que uma banda leva anos para alcançar ou nunca nem sequer alcança” e, finalmente, sobre o disco, crava que é “brilhante da primeira à última música”.
O “NME”, que já foi quem foi e hoje é o que é, também deu todas as estrelas cabíveis a “Dogrel” e, no inglês, terminou assim seu review: “Fontaines D.C. have proved their worth as one of guitar music’s most essential new voices”.
Ali em março, quando testemunhei no clubinho Union Pool um show da banda e poucas horas antes entrevistei seu vocalista, Grian Chattlen, de 23 anos, corri no dia seguinte para o site e postei meu encanto com o Fontaines DC e todo o seu entorno: a música em si, as letras, a Irlanda, o Brexit, a cena toda de punk gritado. Tudo sob um título ousado assim: “Strokes 2001, Arctic Monkeys 2005, Fontaines DC 2019. De Dublin, Irlanda, conheça sua banda nova predileta”. E nenhum sentimento sobre esse título, sobre essa banda, se modificou neste quase um mês.
“Dogrel”, capa acima, tem muita música poderosa e cativante que dá até raiva. Quase não se tem favoritas porque tem muitas com potencial de favoritas: “Big”, “Sha Sha Sha”, “Television Screens”, “Hurricane Laughter”, “Liberty Belle”, “Boys in the Better Land”. Listei quase todas e as que deixei de fora são todas boas. Tá loko.
Bom, a espera acabou. Ouça aqui ou ali “Dogrel”, faixa a faixa, álbum de estreia do Fontaines DC. E, se der uma nota para baixo de 8 (de 10) para este disco, vem cá. Senta aqui. Vamos conversar. Me conta o que está acontecendo.
***
* O Fontaines DC está em plena turnê inglesa de lançamento do álbum. As imagens deste post e o vídeo abaixo são de dois rolês deles por Bristol, ontem. Um showcase na loja de discos Rough Trade à tarde e um show “a valer” no clube Thekla, à noite, esgotado. Hoje eles tocam/tocaram em Leeds. Amanhã é Manchester e tem Glasgow e Londres na próxima semana. Não tem um ticket para venda em nenhum lugar. Amigos que estão tentando ir me disseram que não acham nem em site de revenda, cambista e tal.
Esta turnê deles, previamente marcada antes da bombada que a banda deu, não teve show transferido para lugar maior porque a banda quis manter o acordo inicial. Indie roots.
O Fontaines DC abriu outra turnê americana para setembro, agora como headliners total. Nesta primeira, mês que vem, mistura shows sozinhos e de abertura para outro grupo da post-brexit punk scene, os ótimos Idles.
>>