Top 50 da CENA – Vivian Kuczyski cresceu!!! Inclusive no ranking. Curumin e Quartabê fecham lindos o pódio da semana

Quem diria que o Top 50, essa instituição que tenta entender a cena brasileira desde 2020, ia ver uma de suas primeiras apostas, uma jovem de 15 anos, chegar a tamanha maturidade musical aos 21 anos e já no seu segundo disco. É isso que vamos comentar no episódio de hoje! Que orgulho!

A primeira vez que escrevemos sobre Vivia Kuczynski ela era uma jovem promessa, começando na carreira aos 15 anos. Agora ela tá 21 anos e trabalhos acumulados de uma veterana na função de produção e engenheira de som (assinando coisas para a Pabllo, Alice Caymmi e até com a Globo!). Com essa estrada, ela chegou recentemente ao segundo álbum da carreira, “Copas & Estopim”. Mais orgânica, mais brasileira e com o mesmo vozeirão marcante do começo, Vivian vem cercada de flores e amores em letras sobre relacionamentos e saudades. “Me Escapo a Cuba”, por exemplo, mostra bem esse crescimento, com percussão envolvente e refrão em tom delicado. Trampo lindíssimo.  

Desde 2017, quando lançou o álbum “Boca”, Curumin vem soltando singles devagarinho – muita coisa em parceria. A dupla de músicas inéditas mais recentes, “Corredor do Mato Dentro” e “Pisa”, veio com um promessa diferente: prenúncio de novidades. Será um disco novo? De fato, as canções parecem ter uma força e cara de álbum – apresentam uma atualização estética e sonora do artista, embora ainda explorando um intervalo entre música eletrônica e música orgânica, sempre com sua voz marcante e doce, pop à beça. 

No jargão esportivo, repescagem é aquela etapa de uma competição que pode restabelecer um atleta ou time. É uma nova chance de ser vitorioso. “Repescagem”, do Quartabê, não é só a segunda aventura do quarteto formado por Joana Queiroz, Maria Beraldo, Mariá Portugal e Chicão na obra de Dorival Caymmi. É também essa segunda chance para que os ouvintes contemporâneos acessem um de nossos maiores compositores pelas mão mais jovens deles. E a turma não tem medo de cumprir essa missão, despedaçando as composições originais e remontando tudo em reggae, eurodance ou samba jazz – incluindo citações à obra original e menções a outras inspirações brasileiríssimas. Um álbum para sua listinha de melhores discos do ano.

Podemos repetir o que já dissemos: interessado em ouvir uma musiquinha bem tristinha? É o que a Adorável Clichê, banda catarinense que acabou de entrar na Balaclava, entrega no segundo single de “Sonhos Que Nunca Morrem”, álbum prometido para logo. “Amarga” é sobre um relacionamento pouco saudável, que só existe e só é lembrando quando uma das partes está em tristeza absoluta – quem sofre com isso percebe e não consegue fugir ao mesmo tempo. “Amarga” traduz essa angústia.

Dois Barcos é um trio formado por Elisa Monasterio, Rafaella Petrosino e Gabriel que encontramos bem por acaso no Youtube pelo vídeo superbonito de “Maratonas”, uma produção tão bem-feita que parece que eles assinaram com uma gravadora bilionária. Acontece que eles são independentes e tão no corre da CENA. São tão caprichosos que até o site deles é incrível e muito informativo – ah, se todos os artistas fossem assim.

O ótimo novo EP de Jup do Bairro é mais um passo na sua pesquisa filosófica e musical iniciada no EP “Corpo Sem Juízo”, seu trabalho de estreia, de 2019. “In.corpo.ração” é explicado assim por Jup: “Se antes perguntei o que podia um corpo, hoje me pergunto o que não pode e o porquê”. Sonoramente ela experimenta em parceria com a dupla CyberKills variações da música eletrônica (do techno ao funk) e tem até seu momento spoken word. No encerramento do trabalho, uma homenagem a Elza e sua poderosa “Mulher do Fim do Mundo”, que marcou a fase final da maior cantora do século XX. Jup adequa a canção à linguagem do álbum, deixa o discurso caber na sua voz – ela também uma mulher do fim do mundo, pronta para dizer igual Elza: “Meu tempo é o agora”.  

A gente já tinha puxado este papo aqui: ah, os mineiros. Cada hora a gente encontra um som nesse estado tão multifacetado – tem rap, tem funk, tem música calminha e tem música amalucada. André Pádua e Clara Borges, que formam o Paira, fazem um troço que é até difícil de nomear: guitarras roqueiras encontram batidas de um drum & bass doidão com breaks que vão fazer você achar que seu computador está dando pau. Doideira. Adoramos.

Atenção também para os cariocas Gael Sonkin e Vitor Terra, os responsáveis pelo Mundo Video. “FESTA NO ALÉM!”, single que antecipa o próximo EP do duo, dá uma noção do quão caótico e divertido é o trabalho deles – e diferentão do que anda rolando na música brasileira. Não é muito diurno, mas também não é propriamente noturno. Tem um bom humor de rock carioca que você encontra em nomes como Vovô Bebê e Ana Frango Elétrico. Esses dias a gente viu uma foto de um dos dois numa festa, vestido de Kurt Cobain. Talvez isso queira dizer algo (ou não). 

Colocadas juntas com um sentido, duas músicas bem legais que ganharam vídeos recentemente. “Vai Passar”, da Papisa, de álbum recém-lançado, mostrou um plano-sequência romântico e boêmio. Já “Escada”, do Holger, faixa do álbum “Más Línguas”, lançado ano passado, virou uma animação lindíssima e supercrítica ao nosso mundinho atual – viciado em telas e seu falso espelho da realidade. Se completam sem ter a ver um com o outro, entende?

11 – Carlos do Complexo – “Sextos Sentidos” com Menor do Engenho e Marlon do Engenho (5)
12 – FBC – “O Retorno É a Única Lei” com Dougnow (6)
13 – Gracinha – “Farol” (7)
14 – Thalin, VCR Slim, Cravinhos… – “Todo Tempo do Mundo” (2)
15 – Chococorn and the Sugarcanes – “Tudo de Pior para Nós Dois” (14)
16 – Antônio Neves – “Dinamite” (9)
17 – Hermeto Pascoal – “Passeando pelo Jardim” (10)
18 – Edgar – “Incapturável” (15)
19 – Silva – “Abram Alas” (16)
20 – Bebé – “Recado Dado (com Dinho Almeida)” (17)
21 – Max B.O – “Impossível Não Achar Possível” (18)
22 – Pluma – “Corrida!” (21)
23 – Mateus Fazeno Rock – “Madrugada” (22)
24 – Julia Branco – “Baby Blue” (25)
25 – O Grilo – “Manual Prático do Tédio” (30)
26 – Duda Beat – “q prazer” (31)
27 – Cátia de França – “Fênix” (32)
33 – Papisa – “Fronteira” (33)
34 – Varanda – “Vá e Não Volte” (34)
35 – Taxidermia – “Clarão Azul” (35)
36 – Mirela Hazin – “Delírio” (36)
37 – Bruno Berle – “Te Amar Eterno” (37)
38 – Fresno – “Quando o Pesadelo Acabar” (38)
39 – Pabllo Vittar – “Pra Te Esquecer” (39)
40 – Tuyo – “Devagar” (40)
41 – Irmãs de Pau – “Megatron” (41)
42 – Haroldo Bontempo – “Risada (com João Donato)” (42)
43 – Jota Ghetto – “Michael B. Jordan na Fila do CAT” (43)
44 – Deize Tigrona – “25 de Abril (com Boogarins)” (44)
45 – Jujuliete –  “Dominatrix” (45)
46 – Apeles – “In God’s Hands” (46)
47 – Amaro Freitas – “Viva Naná” (47)
48 – Sofia Freire – “Autofagia” (48)
49 – Kamau – “Documentário” (49)
50 – Madre – “Sirenes” (50)

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* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, a multitalentosa Vivian Kuckzynski, em foto de Ivan Nishitani.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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