Top 50 da CENA – Semana é da Ludmilla e ninguém tasca. Rapper Sant vem na cola. Bike traz o rock para o terceiro

As pernas ainda doem das extensas caminhadas pelo Lolla. Mas aqui estamos para contar o que de melhor rolou na música brasileira nesta semana, que foi bem agitada, viu? O pessoal saiu da relativa folga destes últimos dias e resolveu soltar bastante canções novas. A Ludmilla, que lidera este Top 50, por exemplo, lançou um álbum todinho na véspera do seu show no Lolla. Ainda tem rap, indie e até uma banda nova que a gente sabe pouquíssimo a respeito, mas já vibrou no som dos caras.  

Depois de uma imersão no pagode, Ludmilla apresenta no álbum “Vilã” uma imersão no pop moderno/música eletrônica/hip hop em um disco de tons variados e bem diferente de seus momentos pop anteriores. É um disco mais dark, talvez. Mas o sucesso continua. A gente achou inclusive essa nova fase bem mais divertida que a anterior. As letras passeiam entre ostentação, tiração de onda e contam com muito bom humor. “5 contra 1” é exatamente sobre isso aí que você tá pensando mesmo. Um papo sobre o vacilão que fica literalmente na mão, se é que nos entende aqyu. Com o lançamento, Lud se mantém tranquilamente como a rainha do pop nacional no momento.

Não é a primeira vez que falamos isto em 2023. Sant, rapper da Zona Norte do Rio de Janeiro, tem tudo para ser o nome do ano. Ele está emplacando single bom atrás de single bom, assinou com uma gravadora grande e tem um jeito de rimar e escrever bem diferente do que está em voga na CENA. Vai dar bom essa mistura. Quem acompanha o rap nacional já cansou de ouvir falar do Sant, mas nossa previsão é a de que agora ele fura essa bolha. Esta nova com participação de Luedji Luna e VANDAl é uma love song daquelas com cenário em Salvador. Atento aos clássicos da música brasileira, Sant repete aquela dica essencial: “Você já foi à Bahia, nego? Então vá…”

Enquanto trabalham em uma extensa turnê pelos Estados Unidos, a turma do grupo paulistano Bike vai dando mais pistas do seu quinto álbum, que vai levar o nome de “Arte Bruta”. “Filha do Vento” é o segundo single e mantém a fina produção do guitarrista Guilherme Held, um herdeiro do grande Lenny Gordin, que garante aquela textura derretidinha e pegajosa. A letra é bem enigmática, mas isso não é uma barreira. Ela é tão encaixadinha na melodia que vai ficar na sua cabeça mesmo que você não entenda qual é a conversa ali.   

Tem essa banda do Rio de Janeiro formada por Gael Sonkin e Vitor Terra que ainda tem pouquíssimas músicas lançadas, mas parece bem interessante. Na real, são apenas duas canções reveladas… Mas pelo que pesquisamos eles são amigos de artistas que já admiramos, como a Gab Ferreira e o Bruno Berle. Isso é sempre bom sinal para saber se um grupo está num caminho certo. Inclusive, o single novo conta com o Bruno nos vocais. Bem bom. Tem aquela vibe retrô futurista tão presente em nossos tempos. 

A turma cearense do Selvagens à Procura de Lei acumula mais de 10 anos de estrada e já experimentou de tudo um pouco em sua sonoridade. Mas sua raiz sempre foi o rock numa linhagem mais indie. E é esse som que a banda foi resgatar justamente em uma música sobre nostalgia. O verão passou, mas esta é uma canção sobre verões e verões e verões. É tão nostálgica que já tem pegada de hit, de um som que você sempre cantarolou.  

A gente avisou! Chega cedo ou vai perder o show da Gab Ferreira no Lolla. Deu no que deu. Pouca gente conseguiu chegar ao palco dela a tempo e o pouco público virou meme. Resultado: comoção na internet e Gab ganhou 100 mil seguidores no Instagram. Sucesso! Alertamos aqui que ela sabe das coisas. E voltamos a recomendar seu novo single, que mostra “um lado mais divertido e despretensioso” da sua carreira. Uma porta de entrada e tanto para os novos fãs, já que a track é boa para levantar o astral e empolgar. Seja empolgar para ir para o rolê ou para dar um jeito na bagunça da casa. 

Com nome emprestado de um clássico da Rita Lee, a turma de Manaus do Jambu levanta, nesta “Caso Sério”, uma canção de amor ensolarada, quase inocente, mas já esperta em aproveitar o tempo que se tem. A linha sonora é roqueira indie até o talo, com direito a riff pegajosos e um solo de guitarra raro de se escutar em 2023. O Jambu, formado por Gabriel Mar (vocal/guitarra), Roberto Freire (guitarra), Gustavo Pessoa (baixo) e Yasmin Costa (vocal e bateria,) tem a curiosidade de ter sido formada na época da pandemia, o pior momento possível para se inventar uma banda, mas segue firme e forte e chegou ao primeiro álbum, que leva o nome amplo de significados “Tudo É Mt Distante”. Com certeza, não mais tão distante agora, turma. 

O verão acabou, que coisa, né? É o ano voando, para variar. No universo de lançamentos recentes, deixamos passar essa suada canção da Alice Caymmi com a participação da Rachel Reis, uma ode à boa vibe, ` preguiça e ao desejo que todo verão proporciona. E vamos combinar? Verão é questão de querer, então desfrute agora mesmo, pô. Fora o verso gilgilbertiano: “Eu gosto é mesmo de gostar”. Uma boa filosofia. 

Ainda sobre seu disco de 2021, o agitado “Marmota”, o figuraça Getúlio Abelha içou uma das faixas para transformar em single novo e trazer tudo para 2023. E não é que, pelo menos pelo exemplo desta “Voguebike”, forró-pop lascado, o cantor piauiense radicado em Fortaleza se mostrou bem atual? A sacada é boa: 2021 eram épocas de incertezas por onde quer que olhávamos. E esta música combina mais mesmo com os tempos de hoje. O vídeo, lançado nesta semana, é uma delícia. Veja. Ouça Getúlio Abelha, o cara que é a resposta de algo que nunca imaginaram: que haveria conexão possível entre o punk e o forró.

Estamos impactados pelo showzão dessa banda curitibana de shoegaze que vimos em São Paulo recentemente? Opa se estamos. Ver a turma derramar seu som no aconchego do Bar Alto e no evento Balaclava do Deafheaven domingo destes deixa impossível não voltar ao excelente álbum de estreia deles: “olhar pra trás”, tudo em minúsculo, ok, recém-lançado. Vale ponderar, apesar da forte influência shoegaze, que a sonoridade do quarteto vai além desse chão. E são diversas. Seja um pouquinho de post-rock, um primo do showgaze com outras ambições, ou pouquinho de rock nacional radiofônico – repare que eles já regravaram a mais triste da Pitty. As letras em português ainda que levemente enigmáticas ajudam a criar uma conexão imediata com o ouvinte – isso se prova pelos fãs que eles acumulam nas redes sociais. Talvez ainda não seja muita gente, mas são todos apaixonados, certamente. 

11 – ÀIYÉ – “Diablo” (6)
12 – Mahmundi – “Sem Necessidade” (7)
13 – Cícero – “Longe” (8)
14 – Kamau – “Classe” (9)
15 – César Lacerda – “Nítido Cristal Puro” (10)
16 – Rogê – “Pra Vida” (11)
17 – Carolina Maria de Jesus – “O Pobre e o Rico” (com Nega Duda) (13)
18 – Jards Macalé – “Coração Bifurcado” (14)
19 – Rodrigo Campos – “Atraco” (com Mari Tavares) (15)
20 – Rubel – “Lua de Garrafa” (com Milton Nascimento) (16)
21 – Assucena – “Nu” (17)
22 – Sessa – Vento a Favor” (18)
23 – Tetine – “Spaced out in Paradise” (19)
24 – Marina Sena – “Tudo pra Amar Você” (20)
25 – MC Tha – “Coisas Bonitas” (com Mahal Pita) (21)
26 – Bin Laden e Gorillaz – “Controllah” (22)
27 – Pabllo Vittar – AMEIANOITE (com Glória Groove) (25) 
28 – Mateus Fazeno Rock – “Melô da Aparecida” (26)
29 – Tagua Tagua – “Pra Trás” (27)
30 – Nina Maia & Chica Barreto – “Gosto Meio Doce” (28) 
31 – Chico César – “Ligue o Foda-se” (29)
32 – Gustavo Bertoni – “Marionettes” (31)
33 – Danilo Cutrim – “Vai Cair” (32)
34 – Maria Beraldo – “Truco” (33)
35 – Jonathan Ferr – “Preterida” (34)
36 – Mu540 – “Jatada Nostálgica Automotiva” (35)
37 – Jup do Bairro – JUP ME” (36)
38 – Betina – “O Coração Batendo no Corpo Todo” (com Luiza Lian) (37)
39 – Karen Jonz e CSS – “Coocoocrazy (com CSS) (38) 
40 – 2DE1 – “Sin Perder La Ternura Jamás” (39)
41 – Sara Não Tem Nome – “Agora” (40) 
42 – Letrux – “Esse Filme Que Passou Foi Bom” (41)
43 – Marcelo D2 – “POVO . DE . FÉ” (42)
44 – Lurdez da Luz – “Devastada” (43)
45 – Anelis Assumpção – “Rasta” (com Mahmundi) (44) 
46 – Funmilayo Afrobeat Orquestra – “Wikipreta” (com Monna Brutal) (45)
47 – TUM – “Polychrome” (46)
48 – JP – “Arroz de Polvo (com Holger)” (47)
49 – Wry – “Carta às Moscas” (48)
50 – Tássia Reis – “Rude” (49)

* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, a cantora Ludmilla.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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