Top 50 da CENA – Samuel Rosa não tem dó do pop. E pega o topo. Mundo Video e Fresno aumenta a carga roqueira

Pare as máquinas. O Top 50 da semana estava no ponto, prontinho para ir ao ar, quando saiu o novo disco do Samuel Rosa e tomou para si o primeiro lugar da semana com seu ar chic, retrô e, atenção, indie à beça! O homem foi atrás de conexões luxuosas e entregou uma senhora estreia solo. Skank? Que Skank?

Com o fim do Skank, Samuel Rosa, vocalista e principal compositor da banda, não quis tirar o pé do acelerador – a banda acabou, mas a aposentadoria ficou para depois. Ele pegou a estrada para seguir defendendo suas canções todo fim-de-semana pelo país e investiu na produção de seu primeiro álbum solo. “Rosa”, com uma bela arte de Stephan Doitschinoff na capa, chegou ao mundo nesta quinta-feira. Entre as dez inéditas, que desenrolam fácil ao longo de pouco menos de 40 minutos, o ouro fica com “Não Tenha Dó”, umas das que têm letra e música do próprio Samuel – que nunca se arriscou tanto como letrista, mas aqui cumpre a função em alguns sons. A faixa conta com um arranjo de cordas absurdo de Owen Pallett (que já assinou coisas para o R.E.M, Alex Turner e Arcade Fire…) e uma letra bonita sobre um apaixonado que lida a sua maneira com o fim de um relacionamento: “Não tenha dó/ Se eu ainda quiser ouvir/ O seu não mais uma vez/ Antes de despedir”. Teríamos aí uma dupla interpretação sobre o fim de velhas paixões? Assunto para os fãs.

A parceria entre os cariocas do Mundo Video e Gab Ferreira não é inédita – já rolou no álbum de estreia dos caras, “MUNDO VIDEO” (2023). Mas agora a coisa ficou mais complexa. Com esse nome de filme, a faixa “SOZINHOS: O Desafio” praticamente se divide em duas partes, uma é liderada por Gab e a segunda fica por conta do Mundo Video. É o tipo de experimentação que eles gostam – quem se lembra do final abrupto de “MIMI (SINTO SUA FALTA)”? Esquisito do jeitinho que gostamos.

A Fresno lançou o desafio: um milhão de streams em “Eu Te Amo/Eu Te Odeio” (IÔ-IÔ), parceria da banda com a Pabllo, e ele regravariam “Disk Me” – um dos maiores sucessos da Vittar. Os fãs tacaram o play e agora a música ganha sua versão – com direito a um saxofone brutal solando e tudo. Tudo por ser emo.  

Das muitas Marina Sena que existem, tem uma que é voz e violão – indo no básico de suas canções. E é essa que dá as caras em uma versão bonita de “Mande um Sinal”. No vídeo, Marina aparece sozinha dando o tom em uma guitarra Gretsch lindíssima. Chique demais.

Rafael Mike, que ficou conhecido com o Dream Time do Passinho e fez até beatbox em disco do Chico Buarque, se prepara para o primeiro álbum solo. O single mais recente é uma apaixonada canção que desemboca em um áudio para lá de amoroso da Elza Soares. Viver de amores é o caminho mais seguro, sem dúvidas, Rafa.

Chamado de megazord mineiro, a junção do Pato Fu com a súper Orquestra Ouro Preto virou disco ao vivo. Sabiamente batizado de “Rotorquestra de Liquidificafu”, o álbum traz uma coleção nobre de sucessos da banda com acabamentos orquestrais chiquérrimos e que caem bem no som caótico/fofo do Pato Fu. Delícia de disco – e é bom não esquecermos que uma das bandas mais legais que nasceu nos anos 1990 segue na ativa, firme e zero reaça – seja politicamente ou artisticamente. É made, made, made, made in Brazil.

Refrões grudentos precisam de explicação? “Tontom Perigosa” é um som da garota Antonia Périssé de Farias, a tal Tontom, 17 aninhos, que explora com nostalgia os anos 2000, em especial nos visuais – sejam as roupas ou a presença de câmera digitais ou de modelos antigos de celular. Por conta do refrão que transforma um “tô tão” em “tontom”, seu codinome, e por alguma razão pede por repeats, ela viralizou no Tik Tok e chama atenção para o seu bem produzido EP de estreia, “Mania 2000”.

A primeira vez que escrevemos sobre Vivia Kuczynski ela era uma jovem promessa, começando na carreira aos 15 anos. Agora ela tá 21 anos e trabalhos acumulados de uma veterana na função de produção e engenheira de som (assinando coisas para a Pabllo, Alice Caymmi e até com a Globo!). Com essa estrada, ela chegou recentemente ao segundo álbum da carreira, “Copas & Estopim”. Mais orgânica, mais brasileira e com o mesmo vozeirão marcante do começo, Vivian vem cercada de flores e amores em letras sobre relacionamentos e saudades. “Me Escapo a Cuba”, por exemplo, mostra bem esse crescimento, com percussão envolvente e refrão em tom delicado. Trampo lindíssimo.  

Desde 2017, quando lançou o álbum “Boca”, Curumin vem soltando singles devagarinho – muita coisa em parceria. A dupla de músicas inéditas mais recentes, “Corredor do Mato Dentro” e “Pisa”, veio com um promessa diferente: prenúncio de novidades. Será um disco novo? De fato, as canções parecem ter uma força e cara de álbum – apresentam uma atualização estética e sonora do artista, embora ainda explorando um intervalo entre música eletrônica e música orgânica, sempre com sua voz marcante e doce, pop à beça. 

No jargão esportivo, repescagem é aquela etapa de uma competição que pode restabelecer um atleta ou time. É uma nova chance de ser vitorioso. “Repescagem”, do Quartabê, não é só a segunda aventura do quarteto formado por Joana Queiroz, Maria Beraldo, Mariá Portugal e Chicão na obra de Dorival Caymmi. É também essa segunda chance para que os ouvintes contemporâneos acessem um de nossos maiores compositores pelas mão mais jovens deles. E a turma não tem medo de cumprir essa missão, despedaçando as composições originais e remontando tudo em reggae, eurodance ou samba jazz – incluindo citações à obra original e menções a outras inspirações brasileiríssimas. Um álbum para sua listinha de melhores discos do ano.

11 – Adorável Clichê – “Amarga” (4)
12 – Dois Barcos – “Maratonas” (5)
13 – Jup do Bairro – “Mulher do Fim do Mundo” (6)
14 – Paira – “Música Lenta” (7)
15 – Mundo Video – “FESTA NO ALÉM!” (8)
16 – Papisa – “Vai Passar”
17 – Holger – “Escada” (9/10)
18 – Carlos do Complexo – “Sextos Sentidos” com Menor do Engenho e Marlon do Engenho (11)
19 – FBC – “O Retorno É a Única Lei” com Dougnow (12)
20 – Gracinha – “Farol” (13)
21 – Thalin, VCR Slim, Cravinhos… – “Todo Tempo do Mundo” (14)
22 – Chococorn and the Sugarcanes – “Tudo de Pior para Nós Dois” (15)
23 – Antônio Neves – “Dinamite” (16)
24 – Hermeto Pascoal – “Passeando pelo Jardim” (17)
25 – Edgar – “Incapturável” (18)
26 – Silva – “Abram Alas” (19)
27 – Bebé – “Recado Dado (com Dinho Almeida)” (20)
28 – Max B.O – “Impossível Não Achar Possível” (21)
29 – Pluma – “Corrida!” (22)
30 – Mateus Fazeno Rock – “Madrugada” (23)
31 – Julia Branco – “Baby Blue” (24)
32 – O Grilo – “Manual Prático do Tédio” (25)
33– Duda Beat – “q prazer” (26)
34 – Papisa – “Fronteira” (33)
35 – Varanda – “Vá e Não Volte” (34)
36 – Taxidermia – “Clarão Azul” (35)
37 – Mirela Hazin – “Delírio” (36)
38 – Bruno Berle – “Te Amar Eterno” (37)
39 – Fresno – “Quando o Pesadelo Acabar” (38)
40 – Pabllo Vittar – “Pra Te Esquecer” (39)
41 – Tuyo – “Devagar” (40)
42 – Irmãs de Pau – “Megatron” (41)
43 – Haroldo Bontempo – “Risada (com João Donato)” (42)
44 – Jota Ghetto – “Michael B. Jordan na Fila do CAT” (43)
45 – Deize Tigrona – “25 de Abril (com Boogarins)” (44)
46 – Jujuliete –  “Dominatrix” (45)
47 – Apeles – “In God’s Hands” (46)
48 – Amaro Freitas – “Viva Naná” (47)
49 – Sofia Freire – “Autofagia” (48)
50 – Kamau – “Documentário” (49)

***
* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, Samuel Rosa, ex-Skank e agora solo.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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