Top 50 da CENA – Rashid na linha de frente. Cidade Dormitório dorme em segundo. BK sonha em terceiro

Semaninha forte, hein? Dois dos maiores rappers do país de discos novos e talvez no melhor momento de suas carreiras. Algumas bandas de rock interessante apresentando novas músicas. Não teve jeito, teve coisa que não entrou por falta de espaço. E olha que nem vamos entrar no mérito do Grammy Latino e nossa CENA. Tomara que a semana que vem o pessoal pegue mais leve nos lançamentos para a gente conversar sobre outras coisas com mais calma. 

Em seu novo álbum, Rashid apresenta um sonho seu. Literalmente. E isso nem é spoiler nosso, afinal o nome do disco é “Movimento Rápido dos Olhos”. Nessa aventura de samurais em um mundo meio “Bacurau”, como o próprio rapper define, a ideia de vingança é reconstruída – falar mais que isso aí seria spoiler. Chovem múltiplas referências. Rashid chega abrindo portas, dando dicas. Umas são cifradas, outras estão na cara. Escute o disco completo. É até meio errado se adiantar por aqui indicando um som que está lá no fim do álbum, mas a participação dos rappers Amiri e Don L impressiona. Mas, se não tiver tanto tem assim, cola neste som. 

Se tem um campo da música brasileira que não costuma decepcionar, esse campo é da psicodelia – uma área onde damos aula para o mundo, sério. E, nessa turma boa, a dupla Cidade Dormitório, formada por Yves Deluc (guitarra e voz) e Fábio Aricawa (bateria e voz), chega ao seu segundo álbum, “RUÍNA ou O Começo Me Distrai”, com autoridade. O som deles não se limita a esse rótulo psicodélico, mas os melhores momentos do disco se dão nessas viagens, nas ideias tortas, nas músicas bem mais longas do que o mundo pede hoje. A gente ama. 

É bonito o jeito que o rapper BK quebra meio sem querer a palavra “continuação” neste som. Intencional ou não, prova que o novo álbum, “ICARUS”, está em “contínua ação” e avança ainda mais na capacidade de letras originais, novas sacadas e produção esperta do parceiro JXNV$. Outra que promete virar é a “Se Eu Não Lembrar”, que aborda de um jeito interessante a questão da fama e dos caminhos possíveis para um artista em tempos vorazes – a voz da Marina Sena que pinta no refrão e oferece uma camada para o beat é nota 10. 

Nem só de sertanejo vive Goiânia. É de lá que sai o potente trabalho da banda Mundhumano. “Música preta brasileira, da diáspora afrolatinamérica, pesquisa sonora organizada em arranjos e ritmos para vestir a música com a melhor roupa” é a maneira que a turma se apresenta. E é preciso poucos segundos para ver que o trabalho está superbem-feito. Música contagiante. Para dançar.

Quem não acredita que é possível fazer um rock simpático e inteligente precisa dar uma sacada no grupo Sulamericana. Vai cair no gosto de quem ama Terno Rei, por exemplo. Um pouquinho do sol cearense, terra da banda, nunca faz mal. Se a gente não tá lá, que seja iluminado pela música.   

A dimensão do material que Gal Costa gravou ao longo de sua carreira daria conta de muitos e muitos Top 50. Da bossa nova, tropicália, Tom Jobim, Caymmi, seus álbuns recentes. Escolhemos três músicas queridas nossas na dor da perda, só como recomendação para que você passe horas e horas com Gal nos fones. Para os velhos fãs, para quem só entendeu sua importância agora. Não tem quem não seja bem-vindo a escutar essas belezas. Muda vidas.    

Esquadrão indie formado por Luccas Villela na bateria, Gabriel Arbex na guitarra e Fernando Dotta no baixo. O primeiro, baixista do grupo post-rock E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante; o segundo, produtor do Terno Rei; o terceiro, capo da Balaclava Records. A música é instrumental e dá as caras da nova banda, burilada desde 2018 e que logo mais lança o álbum completo, obviamente via Balaclava. Além de se aventurar nas apresentações ao vivo em lugares tão novos quanto o Dozaj. Sobre “Parede Alta Vista Curta”, a música “é torta, mas não é.”

“Um sonho antigo acaba de se realizar.” Olhando de longe até parece um verso muito simples esse. Mas em 2022 ele pode ter tantos sentidos que se torna um verso gigantesco, dentro do contexto musical da banda paranaense. E esse é só um dos muitos bons versos que o trio Tuyo apresenta em seu novo EP, “Depois da Festa”. Nas palavras deles, “um EP de fim de ano. Simples, sem grandes pretensões de mudar os rumos da música no Brasil”. Se é assim, sem querer querendo, a banda celebra seu bom momento e compartilha essa festa íntima com os fãs. Para ouvir pensando em um bom 2023.

11 – Russo Passapusso, Antônio Carlos e Jocafi – “Aperta o Pé” (6)
12 – Sci Fi – “Sixteen” (7)
13 – Planet Hemp – “Taca Fogo” (8)
14 – VHOOR – “Balinha da Alegria” (9)
15 – Pato Fu – “A Besta” (10)
16 – Lucas Santtana – “Vamos Ficar na Terra” (11)
17 – Marina Gasolina – “Know Nothing” (12)
18 –  Trupe Chá de Boldo- “Ouça Onça” (13)
19 – Gab Ferreira – “Laughing” (14)
20 – Joy Sales – “Signos Fincados” (15)
21 – Far from Alaska – “Olha (com Lenine)” (16)
22 – Wry – “Contramão” (17)
23 – Djonga – “Até Sua Alma (com Tasha e Tracie) (18)
24 – Number Teddie – “Poderia Ser Pior” (19)
25 – Mestre Môa do Katendê – “Veía Coló (com Edgar e BNegão)”  (20)
26 – Janu – “Vey” (21)
27 – ÀVUÀ – “Bentivi” (22)
28 – Xênia França – “Ânimus × Anima (com Arthur Verocai)” (23)
29 – Giovanna Moraes – “Caixa de Pandora” (24)
30 – Do Amor – “Nefelibata” (25)
31 – Jup do Bairro – “Pelo Amor de Deize” (26) (com Deize Tigrona)
32 – Deize Tigrona – “Sururu das Meninas” (27)
33 – Luedji Luna – “Nova Deli” (com Oddisee) (28)
34 – Tulipa Ruiz – “Novelos” (29)
35 – Cecília Cecilina – “O Canto dos Sapos” (30)
36 – Vanguart – “Oceano Rubi” (31) 
37 – Chico César – “Bolsominions” (32)
38 – Marina Gasolina – “Struck” (33)
39 – Spainy e Emicida – “Rap Pagode” (34) 
40 – Vírus – “Foice Facão e Peixera” (com EVYLiN e Urias) (35)
41 – Criolo – “Charlie Brown” (36)
42 – Ubunto e Nara Gil – “Abafabanca” (37)
43 – Tim Bernardes – “A Balada de Tim Bernardes” (38)
44 – Rashid – “Não Sabem de Nada” (39)
45 – Ombu – “Pare” (40)
46 – Jonathan Ferr – “Lá Fora” (com Coruja BC1, Zudzilla, Lossio) (41)
47 – Josyara – “MAMA” (42)
48 – Valciãn Calixto – “Adoção” (43)
49 – Maglore – “Para Gil e Donato” (44)
50 – José Miguel Wisnik – “O Jequitibá” (45)

* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, o rapper Rashid.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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