Top 50 da CENA – Queremos ver a Jaloo em primeiro. Rubi mostra o futuro em segundo. Mãeana pisa novamente em terceiro

Retrô e moderna é a nossa lista da semana. Um hit do passado na voz do futuro e vozes do futuro antecipando o som do próximo século. Sons sutis demais para não provocar o pânico dos censores. Cola com a gente para entender essa contradição. 

Que hit. Uma pena que talvez as rádios não tenham coragem de tocar a música por ser tão explícita ao falar de gozo – uma ironia, já que a mesma censura não atinge músicas menos sutis. Até porque o gozo aparece aqui em múltiplos sentidos igual a proposta do álbum “MAU”, que chega nas plataformas no dia 25. E que Jaloo define assim: “É sobre a morte, tanto em sentidos literais quanto figurados [lê-se orgasmo ou “pequenas mortes”]“. Jaloo também explica que será seu álbum mais íntimo, feito no quarto com seu computador. É de perto que se vê o todo, então. 

Estamos no chão com esse som da RUBI com beat do Sammy Shirts. Pancada sonoroa com letra e flow afiadíssimo da filha de Anelis Assumpção. A gente está na caça por mais infos dessa parceria, mas já fica adiantando: jogam lá para o futuro a música brasileira. Avançadíssimo. Estamos prevendo uma frequência grande nos nossos pódios, já que é para falar de futuro aqui.

Há um diálogo possível entre cantores de estilos e até épocas tão diferentes como João Gomes e João Gilberto,. Quem descobriu isso foi a incrível cantora carioca cheia de ideias Mãeana, que montou ao vivo “Mãeana Canta JG”, espetáculo que une ao seu modo os repertórios de João Gomes e João Gilberto, uma misturada que ficou apelidada de “pisa nova”, uma vertente que segundo ela acredita junta a levada do piseiro com as intenções da bossa nova. Como se não bastasse levar isso aos shows, ela lançou dois singles desse projeto. Uma delas, esta “Meditação”, ela puxa os filhos Sereno e Dom Gil para participarem. Não vamos lhes mentir até vamos comentar. Que isso é muito pisa nova, que isso é muito natural.

“Admirável Chip Novo”, álbum de estreia da Pitty, completa 20 anos em 2023 e ganhou uma celebração e tanto. Turnê, edição especial de covers lançados na época e agora uma releitura completa protagonizada por diversos artistas brasileiros. A lista que compõe o álbum da dimensão da popularidade da artista, capaz de alcançar diversos gêneros e gerações: Ney Matogrosso, Emicida, Planet Hemp, Pabllo Vittar, Tuyo, Céu, Criolo, Tropkillaz, Sandy, Marina Peralta, Rocker Control e Supercombo e Mc Carol, responsável pela faixa que mais pegou a gente. “Só de Passagem” é das poucas músicas de “Admirável Chip Novo” que não virou um mega hit, mas é sem dúvida das favoritas do fãs e Carol soltou o vozeirão.  

Parceiros e amigos de longa data, Romulo Fróes e Rodrigo Campos unem vozes, violões e canetas numa delicada canção sobre as múltiplas cidades em nós e fora de nós, como canta o verso “A cidade sou eu/ Não sou eu”. Em novembro, a parceria, que já ressoou em discos solos e outros projetos, ganha seu primeiro álbum dedicado somente a ela. 

Há tempos que não é segredo que Rodrigo Ogi tem uma das melhores canetas do país. Suas letras são afiadíssimas na temática e na forma, explorando muito além do habitual com recurso emprestados de livros e quadrinhos, duas obsessões suas. Nerd do rap, Ogi sabe tudo o que já foi feito, então sabe ainda escapar ou subverter convenções do gênero. E isso está bem evidente em seu novo álbum, “Aleatoriamente”, talvez sua exploração sonora mais ousada, muito pelo apoio da produção de Kiko Dinucci, que oferece bases amalucadas para Ogi trilhar. É o que dá quando você junta dois caras que talvez trocassem a música pelo cinema, se pudessem. A faixa “Aleatoriamente” traz Ogi em uma longa trajetória por sua imaginação sem freio enquanto quebra palavras atrás de rimas ricas. 

 A estreia de Assucena é um arraso. Em casamento com o título do álbum, “Lusco-Fusco”, a cantora e compositora parece achar o justo momento do encontro entre uma sonoridade mais clássica, quase que tradicional, guiada ao piano, com timbres mais atuais. Um encontro que se dá em suas letras também. Ousada, nem um pouco refém de modismo. Assucena parece buscar o futuro, como se trouxesse a público uma pergunta feita a si mesmo: o que ainda não foi feito? Onde posso acrescentar de verdade? Não há feats, trends, vícios modernos que antecipam como a internet precisa entender seu álbum. Clássica e moderníssima.  

Inspiradíssima em PJ Harvey e Breeders, Luiza Pereira, que fez parte do INKY e ficou sumidinha por uns tempos, reaparece como MADRE. O projeto conta com duas novidades especiais. Luiza agora canta em português, dando outro poder para suas boas letras, e toca guitarra, uma guitarra que ela diz tocar com mais feeling que técnica. E deu certo, viu? A intensidade da nova combinação atinge o ouvinte em cheio. Deixa a gente sedento por mais. Por enquanto, são apenas duas músicas.   

Olho no rock camaleônico dessa turma da frutífera e multifacetada Salvador. O Tangolo Mangos sabe unir uma brasilidade com um tempero indie decentíssimo que pode agradar os fãs do Pavement até, saca? O toque lo-fi de “Poca” é capaz de transportar para um lugar bem bom. Curtimos. 

11 – Tuyo “Prece (Sample Anjos (Pra Quem Tem Fé))” (6) 
12 – My Magical Glowing Lens – “Sobrevoar” (7)
13 – Apeles – “Magical/Rational” (8) 
14 – Viratempo – “Solar” (9)
15 – Alaíde Costa – “Ata-me” (10)
16 – Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo – “Quem Vai Apagar a Luz” (com Negro Leo) (11)
17– Alzira E + Corte – “Filha da Mãe” (12)
18 – Babe, Terror – “Casa das Canoagens” (13)
19 – Luiza Lian – “Viajante” (14)
20 – Inês É Morta – “Vida em Paranoia” (15)
21 – Gabriel Milliet – “Silêncio Brutal” (16)
22 – Tássia Reis – “Ofício de Cantante” (17)
23 – Ana Frango Elétrico – “Insista em Mim” (18)
24 – Filipe Catto – “Lágrimas Negras”
25 – Don L – “Lili” (com Terra Preta e AltNiss) (22)
26 – Varanda – “Vontade” (23)
27 – dadá Joãozinho – “Pai e Mãe” (24)
28 – Karen Francis – “Linha do Tempo” (25)
29 – Lupe de Lupe – “Bruna” (26)
30 – Xis – “Arquiteto da Cabeça” (27)
31 – Gabriel Ventura – “A Queda para o Abraço” (28) 
32 – Leves Passos – “Atrás dos Olhos” (29)
33 – Luna França – “Gira” (30)
34 – Clarice Falcão – “Podre” (31)
35 – Xande de Pilares – “Diamante Verdadeiro” (32) 
36 – DJ K – “Isso Não É um Teste” (33) 
37 – FBC – “O Que Te Faz Ir para Outro Planeta?” (34)
38 – Garotas Suecas – “Todo Dia É de Mudança” (35)
39 – Mateus Fazeno Rock – “Pode Ser Easy” (36) 
40 – Lirinha – “No Fim do Mundo” (37)
41 – Ava Rocha – “Disfarce” (38)
42 – Zudizilla – “Tempo Ruim” com Don L (39)
43 – Letrux – “As Feras, Essas Queridas” (40)
44 – Jadsa e YMA – “Mete Dance” (41)
45 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Viridiana Remix)” (42)
46 – Rico Dalasam – “Espero Ainda” (43) 
47 – Troá! – “Que Pena” (44)
48 – Marcelo D2 – “Tempo de Opinião” (com Metá Metá) (45)
49 – Luisão Pereira – “Licença” (com Luíza Nery) (46)
50 – Dj RaMeMes – “Vamo Fuder” (48)


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*  Na vinheta do Top 50, a cantora e instrumentista Jaloo, em foto de Ivan Erik.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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