Top 50 da CENA – Quem diria, o TUM bota o indie em primeiro. Fabiana Cozza traz o samba para o segundo. Monna Brutal emplaca seu flow originalíssimo em terceiro

Que bom que temos uma semana mais calma de lançamentos, para podermos dar atenção devida a algumas coisas que não exatamente passaram batido, mas que mal deu tempo de falar. Tipo a estreia sensacional da TUM, que agora chega merecidamente ao topo dessa lista. Ou então, o single da Fabiana Cozza, que dá start a um projeto brilhante onde ela vai apresentar inédita do grande Nei Lopes. Ajeitamos cada novidade da semana aos seus ouvidos. 

Achou que a gente não ia falar do álbum de estreia do TUM? Achou errado, como já diria um famoso poeta. O reencontro do casal Luísa Matsushita e Chuck Hipolitho, romance que virou banda e agora rendeu “GEMA”. É tanta paixão envolvida que cada um escreveu uma cartinha de amor ao outro explicando o disco. E o romance é o fio-condutor indireto do passeio criativo posto em “GEMA”. “Esse é o trabalho musical mais íntimo que já fiz. Tudo verdade (BASEADO EM FATOS REAIS). Nunca imaginei que faria outra banda e essa aconteceu por necessidade”, explica Luísa. Essa sinceridade está estampada no som. 

Samba inédito dos autores Nei Lopes e Wilson Moreira, inspirado em “Dia de Graça”, clássico de Candeia, ganhou corpo com as vozes impecáveis de Fabiana Cozza e Leci Brandão. O single é o anúncio para um álbum onde Fabiana trará para o campo diversas músicas inéditas de Nei Lopes – o disco vai se chamar “Urucungo” e sai em novembro. 

Dona de flow bastante original, Monna Brutal, cria do “Jova Rural”, apresenta suas diversas ideias, vozes e timbres no curto e certeiro EP “Limonnada”. Ninguém quebra as palavras e junta os pedaços de volta como ela. “Esse Puto” é papo reto em cima dos haters e aproveitadores. 

No mundo cíclico do pop, a estética anos 2000 que permeou a infância da Gab Ferreira é a estética da moda e esse visual que ela puxa para a capa do single “Hustle”, música composta durante as incertezas da pandemia, mas que acaba por tirar Gab do seu modo mais introspectivo em direção ao um pop mais fritadinho e alegre. Pense na Britney do começo dos anos 10 – que bombou menos que sua fase 00, mas que a gente sabe que impactou muito a Gab. 

Que hit. Uma pena que talvez as rádios não tenham coragem de tocar a música por ser tão explícita ao falar de gozo – uma ironia, já que a mesma censura não atinge músicas menos sutis. Até porque o gozo aparece aqui em múltiplos sentidos igual a proposta do álbum “MAU”, que chega nas plataformas no dia 25. E que Jaloo define assim: “É sobre a morte, tanto em sentidos literais quanto figurados [lê-se orgasmo ou “pequenas mortes”]“. Jaloo também explica que será seu álbum mais íntimo, feito no quarto com seu computador. É de perto que se vê o todo, então. 

Estamos no chão com esse som da RUBI com beat do Sammy Shirts. Pancada sonoroa com letra e flow afiadíssimo da filha de Anelis Assumpção. A gente está na caça por mais infos dessa parceria, mas já fica adiantando: jogam lá para o futuro a música brasileira. Avançadíssimo. Estamos prevendo uma frequência grande nos nossos pódios, já que é para falar de futuro aqui.

Há um diálogo possível entre cantores de estilos e até épocas tão diferentes como João Gomes e João Gilberto,. Quem descobriu isso foi a incrível cantora carioca cheia de ideias Mãeana, que montou ao vivo “Mãeana Canta JG”, espetáculo que une ao seu modo os repertórios de João Gomes e João Gilberto, uma misturada que ficou apelidada de “pisa nova”, uma vertente que segundo ela acredita junta a levada do piseiro com as intenções da bossa nova. Como se não bastasse levar isso aos shows, ela lançou dois singles desse projeto. Uma delas, esta “Meditação”, ela puxa os filhos Sereno e Dom Gil para participarem. Não vamos lhes mentir até vamos comentar. Que isso é muito pisa nova, que isso é muito natural.

“Admirável Chip Novo”, álbum de estreia da Pitty, completa 20 anos em 2023 e ganhou uma celebração e tanto. Turnê, edição especial de covers lançados na época e agora uma releitura completa protagonizada por diversos artistas brasileiros. A lista que compõe o álbum da dimensão da popularidade da artista, capaz de alcançar diversos gêneros e gerações: Ney Matogrosso, Emicida, Planet Hemp, Pabllo Vittar, Tuyo, Céu, Criolo, Tropkillaz, Sandy, Marina Peralta, Rocker Control e Supercombo e Mc Carol, responsável pela faixa que mais pegou a gente. “Só de Passagem” é das poucas músicas de “Admirável Chip Novo” que não virou um mega hit, mas é sem dúvida das favoritas do fãs e Carol soltou o vozeirão.  

Parceiros e amigos de longa data, Romulo Fróes e Rodrigo Campos unem vozes, violões e canetas numa delicada canção sobre as múltiplas cidades em nós e fora de nós, como canta o verso “A cidade sou eu/ Não sou eu”. Em novembro, a parceria, que já ressoou em discos solos e outros projetos, ganha seu primeiro álbum dedicado somente a ela. 

Há tempos que não é segredo que Rodrigo Ogi tem uma das melhores canetas do país. Suas letras são afiadíssimas na temática e na forma, explorando muito além do habitual com recurso emprestados de livros e quadrinhos, duas obsessões suas. Nerd do rap, Ogi sabe tudo o que já foi feito, então sabe ainda escapar ou subverter convenções do gênero. E isso está bem evidente em seu novo álbum, “Aleatoriamente”, talvez sua exploração sonora mais ousada, muito pelo apoio da produção de Kiko Dinucci, que oferece bases amalucadas para Ogi trilhar. É o que dá quando você junta dois caras que talvez trocassem a música pelo cinema, se pudessem. A faixa “Aleatoriamente” traz Ogi em uma longa trajetória por sua imaginação sem freio enquanto quebra palavras atrás de rimas ricas. 

11 – Assucena – “Reluzente” (7)
12 – MADRE – “CAOS”/TRANSE” (8)
13 – Tangolo Mangos – “Poca” (10)
14 – Tuyo “Prece (Sample Anjos (Pra Quem Tem Fé))” (11) 
15 – My Magical Glowing Lens – “Sobrevoar” (12)
16 – Apeles – “Magical/Rational” (13) 
17 – Viratempo – “Solar” (14)
18 – Alaíde Costa – “Ata-me” (15)
19 – Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo – “Quem Vai Apagar a Luz” (com Negro Leo) (16)
20 – Alzira E + Corte – “Filha da Mãe” (17)
21 – Babe, Terror – “Casa das Canoagens” (18)
22 – Luiza Lian – “Viajante” (19)
23 – Inês É Morta – “Vida em Paranoia” (20)
24 – Gabriel Milliet – “Silêncio Brutal” (21)
25 – Tássia Reis – “Ofício de Cantante” (22)
26 – Ana Frango Elétrico – “Insista em Mim” (23)
27 – Filipe Catto – “Lágrimas Negras” (24)
28 – Don L – “Lili” (com Terra Preta e AltNiss) (25)
29 – Varanda – “Vontade” (26)
30 – dadá Joãozinho – “Pai e Mãe” (27)
31 – Karen Francis – “Linha do Tempo” (28)
32 – Lupe de Lupe – “Bruna” (29)
33 – Luna França – “Gira” (33)
34 – Clarice Falcão – “Podre” (34)
35 – Xande de Pilares – “Diamante Verdadeiro” (35) 
36 – DJ K – “Isso Não É um Teste” (36) 
37 – FBC – “O Que Te Faz Ir para Outro Planeta?” (37)
38 – Garotas Suecas – “Todo Dia É de Mudança” (38)
39 – Mateus Fazeno Rock – “Pode Ser Easy” (39) 
40 – Lirinha – “No Fim do Mundo” (40)
41 – Ava Rocha – “Disfarce” (41)
42 – Zudizilla – “Tempo Ruim” com Don L (42)
43 – Letrux – “As Feras, Essas Queridas” (43)
44 – Jadsa e YMA – “Mete Dance” (44)
45 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Viridiana Remix)” (45)
46 – Rico Dalasam – “Espero Ainda” (46) 
47 – Troá! – “Que Pena” (47)
48 – Marcelo D2 – “Tempo de Opinião” (com Metá Metá) (48)
49 – Luisão Pereira – “Licença” (com Luíza Nery) (49)
50 – Dj RaMeMes – “Vamo Fuder” (50)


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*  Na vinheta do Top 50, o duo paulistano TUM, sob foto da @jazziemoyssiadis.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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