Top 50 da CENA – Empolgamos! Paira, Melly, Chococorn, Edgar e Silva. Tudo em primeiro

Semana brasileira foi um pouquinho mais devagar que o normal. Será o feriado? Mas olha que tivemos algumas novidades bem interessantes: dream pop, R&B, emo caipira (!!!), rap e um pouquinho de MPB, lógico. Tão interessantes que não tivemos coragem de estabelecer um ranking, exatamente. Tudo num patamar bem alto. Tudo número 1. Outro sinal de que esta CENA é demais.

Ah, os mineiros. Sempre talentosos em diversos gêneros musicais. Rap, funk, música eletrônica. Não tem erro. A onda da dupla Paira, de BH, formada por André Pádua e Clara Borges, é outra. Na real, são muitas ondas: drum’n’bass, noise, dream pop. “O Fio”, segundo single da duplinha, é cheio de momentos bem diferentes em si. São pouco mais de três minutos, mas parece que rolaram uns quatro ou cinco músicas. Para ficar de olho.

É legal que Melly tenha chamado seu primeiro disco de “Coletânea pra quem sente, e sente muito. Pra quem se permite sentir”. Coletânea é uma palavra apropriada para “Amaríssima”, seu mais recente lançamento. O álbum parece mesmo uma coleção de hits. Que momento que vive esse mix de R&B e neo-soul no Brasil. E já temos um sucesso desse discão da Melly: a quente “Bandida”.

O nome da banda é inusitado. O que eles defendem é mais ainda: a criação de um relativo para o midwest emo, um tal de emo caipira. Não gostou do que leu? Oh, dá uma chance, viu? O som deles é bem bom. E é difícil não cair no humor afiado do quarteto de Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, no decentíssimo disco que é “Siamês”, o recém-lançado álbum de estreia deles. Dá para até para dizer que temos uma cena do emo caipira: Chão de Taco, Quem É Você Alice?, Bella e o Olmo da Bruxa, Meu Inverno Preferido e até o conhecidinho Eliminadorzinho. Se a Trama Virtual, principal alavanca da primeira onda emo brasileira, ainda estivesse de pé, vocês iam ver só onde a Chococorn ia parar!

Semana passada destacamos por aqui o quanto Edgar encontrou um retorno ao início em “Universidade Favela”, seu sétimo trabalho, gravado após o compositor voltar a morar na Favela do Coqueiro, em Guarulhos, durante a pandemia. Nesta semana, a gente destaca outra favorita nossa deste discão recém-lançado: a absurda “Incapturável”, que reúne Edgar com Os Fita, formado pelos produtores Abel Duarte e Cainã Bomilcar, famosos pela parceria com o gênio Tantão. A letra em português com algumas estrofes em inglês tem tantas camadas e sacadas que é difícil pinçar uma. Fique com: “Porque um vulcão/ Em erupção/ Eu vejo todo dia lá na minha quebrada/ Igual o violinista do Titanic/ Até o Brad Pitt/ Tem bad trip”. Tá?

Quem lembra do Silva ainda jovem artista indie? Talvez esse lado dele tenha ficado de canto com a abertura do compositor ao pop – uma viagem para lá de bem-sucedida. Se você abandonou ele nessa transição, hora de rever as coisas. “Encantado”, o fresquíssimo novo álbum, soa como um novo ponto de partida, que junta pontas soltas. Tem o toque indie, tem o toque brasileiro, tem o toque pop. É o Silva completo. “É um disco e é um outro ponto de partida, um reencontro. Recomeços são importantes para que a vida continue fazendo sentido”, ele anotou no Instagram. Concordamos demais.

Ela conseguiu de novo. Sim, vamos repetir o mote que usamos com Billie Eilish nesta semana. Mas o papo aqui é Bebé, jovem revelação da música brasileira que chega agora ao seu segundo álbum de estúdio, “Salve-Se”. Uma das missões do trabalho, de acordo com a própria Bebé, é criar um ponte de comunicação direta com a turma de sua idade – por isso, uma atenção ao que há de mais dançante entre R&B, funk e trap – inclusive com altos speed-flows da Bebé. Além dos ritmos, a opção das letras é mandar a real direta e reta, sem muito floreio. Quando é sobre dor e saudade, você vai entender de prima. Recado dado, Bebé.

Craque do freestyle, Max B.O. também resolve muito bem no registro que vai para o disco. “Estrada Aberta” é seu terceiro trabalho de estúdio e brilha em buscar algo da essência do gênero. “A sonoridade está especialmente conectada com a raiz do rap, voz e batida”, caneta Max. Nessa volta ao básico e a essência impressiona o quanto cada música fala logo ao coração de cada ouvinte. Direto e reto. 

Em “Jeneci Por Jeneci”, ficamos sabendo como a sanfona entrou na vida de Jeneci. É um interlúdio que vale por uma biografia. É tudo forró. E isso explica a opção do compositor em fazer seu primeiro álbum como intérprete de hits populares de diferentes épocas. Tem Pabllo Vittar, tem Marilia Mendonça e tem Leandro e Leonardo, com uma favorita dos indies – o Terno toca bastante essa por aí – “Um Sonhador”.  

Esta mereceu entrada dupla, uma lááá na lista de lançamentos estrangeiros e outra aqui na nossa nacional. O encontro de Esperanza Spalding & Milton Nascimento no álbum “Milton + Esperanza”, previsto para agosto, será o último disco de Milton, conforme o próprio músico anunciou em seu Instagram. O disquinho trará releitura de clássicos, como é o caso deste single “Outubro”, mas também inéditas, tipo “Um Vento Passou”, composição de Milton com Márcio Borges, seu primeiro parceiro. É o fim de um ciclo.

Na praia de Flora, a temperatura sobe ao entardecer em “Eu Tenho Sal”. Se aqui a gente fica com meias palavras, invista nos versos certeiros dela para entender a conversa toda. “Eu conto ou tu conta que eu quero você”, ela canta em uma melodia arrastada, quase preguiçosa? Mas é desleixo? Pelo contrário – é esse calor louco desses dias atrás, sabe? 

11 – Planet Hemp – “Jardineiro” (7)
12 – João Bosco – “E aí?” (8)
13 – Pluma – “Corrida!” (9)
14 – Mateus Fazeno Rock – “Madrugada” (10)
15 – Moreno Veloso – “A Donzela Se Casou (com Maria Bethânia, Caetano Veloso, Tom Veloso e Zeca Veloso)” (11)
16 – Barro – “Vira-lata Caramelo” (12)
17 – Duquesa – “Milionário e José Rico” (13)
18 – Julia Branco – “Baby Blue” (14)
19 – Don L – “Bem Alto” (15)
20 – Flora Matos – “Inventei o Seu Jeito de Amar” (16)
21 – Anitta – “Grip” (17)
22 – Céu – “Cremosa” (18)
23 – Luiza Brina – “Oração 2 (com Silvana Estrada)” (20)
24 – O Grilo – “Manual Prático do Tédio” (21)
25 – Duda Beat – “q prazer” (22)
26 – Cátia de França – “Fênix” (23)
27 – Papisa – “Fronteira” (25)
28 – Varanda – “Vá e Não Volte” (26)
29 – Taxidermia – “Clarão Azul” (27)
30 – Mirela Hazin – “Delírio” (28)
31 – Bruno Berle – “Te Amar Eterno” (30)
32 – Fresno – “Quando o Pesadelo Acabar” (31)
33 – Pabllo Vittar – “Pra Te Esquecer” (32)
34 – Tuyo – “Devagar” (33)
35 – Irmãs de Pau – “Megatron” (34)
36 – Tom Zé – “Jesus Floresta Amazônica” (36)
37 – Haroldo Bontempo – “Risada (com João Donato)” (37)
38 – Jota Ghetto – “Michael B. Jordan na Fila do CAT” (38)
39 – Deize Tigrona – “25 de Abril (com Boogarins)” (39)
40 – Jujuliete –  “Dominatrix” (40)
41 – Apeles – “In God’s Hands” (41)
42 – Amaro Freitas – “Viva Naná” (42)
43 – Sofia Freire – “Autofagia” (43)
44 – Kamau – “Documentário” (44)
45 – Josyara – “Ralé/Mimar Você” (45)
46 – Maria Maud – “02.02” (46)
47 – Madre – “Sirenes” (47)
48 – Raidol – “Imensidão” (48)
49 – Rodrigo Campos – “Gamei” (49)
50 – Dead Fish – “11 de Setembro” (50)

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* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, o duo mineiro Paira.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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Terreno Estranho – horizontal fixo vermelho