Top 10 Gringo – Tipo melhores músicas do ano, nosso ranking semanal mostra Caroline, Geese e Mitski no topo

No último top 10 de 2023 vamos relembrar os dez melhores momentos do ano da nossa listinha semanal que conta o que de melhor aconteceu por aqui neste ano. Um resumo das principais músicas dos últimos 12 meses, mas também uma coletânea das nossas melhores ideias, sacadas e dos melhores eventos do ano.

Um dos nomes mais queridos da edição brasileira do Primavera Sound do ano passado (falamos de 2022), Caroline Polachek entregou um dos discos do ano agora em 2023: “Desire, I Want to Turn into You” encheu de alegria e desejo diversas listas de álbuns do ano. E apesar do álbum encharcado de fogo e paixão, como já cantaram por aí, acabou que o momento do ano aconteceu com um single pós-álbum. A divertidíssima “Dang” viralizou especialmente após Caroline se apresentar em um talk-shows nos Estados Unidos com uma apresentação de Power Point coreografadas. DANG!

Poucas bandas novas empolgaram a gente como a Geese. O frontman Cameron Winter e cia soltaram “3D Country”, segundo álbum da banda que desistiu da carreira acadêmica para virar de fato uma banda séria. “Mysterious Love” e o disco todinho nos ganhou pelo seu jeito todo especial de ser um “amontoado de clichês do rock dos anos 90 em um pacotinho”, como bem definiu o próprio Cameron Winter em uma entrevista.

Uma das músicas mais bombadas no TikTok neste ano foi uma suave música levada ao piano em ritmo lento, uma sonoridade de jazz antigo e de letra cortante e sincera. Parece mentira, mas é isso que é “My Love Mine All Mine”. E assim que a Mitski, que cogitou abandonar a carreira um tempo atrás, se consolida num panteão do pop que pede por ídolos que sejam feitos de carne e osso, tão falhos e com tantos problemas quantos nós. Menos marketing, menos marketing que não quer parecer marketing. Canções honestas fazem a diferença.

Uma rapper sem nome, nascida Fatimah Warner em Chicago, voltou de um longo intervalo sem lançamentos com um disco arrasador: “Sundial”. Implacável em termos de som e letra, Noname segue como um dos raros nomes na música internacional que consegue dialogar com o mainstream sem abrir mão de um posicionamento político de esquerda radical e sério. Ela é comprometida com a política como poucos. Tanto que em “Namesake” dá uma cobrada geral na cena dos gigantes do pop que criticam o poder enquanto ajudam a manter as coisas no lugar de sempre. Pesadona.

E a febre do ano, já falamos por aqui, foi o trio Boygenius. Dominaram os festivais, os programas de TV, as rádios e criaram um fandom apaixonadíssimo, capaz de tornar impossível a simples compra de uma camiseta no seu show tamanha a eterna fila. E tudo isso sem apelar para qualquer convenção do momento. Assim como Mitski, o trio formado por Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus faz na maioria do tempo canções que puxam mais o folk e relembram figuras nada comuns do imaginário jovem, tipo Leonard Cohen.

2023 foi o ano em que os Beatles fizeram a gente chorar como se fosse 1970. Lágrimas. Saiu “Now and Then”, a mítica última música dos Beatles. A voz cristalina de John, recuperada de uma fitinha caseira via inteligência artificial, fato que gerou polêmica por conta de um malentendido – acharam que seria uma recriação de sua voz, não era bem isso, tava mais para uma “limpeza”. No fim, venceu a emoção de escutar algo totalmente novo produzido pelo quarteto. Um som que merece a assinatura dos quatros Beatles mesmo. Dizem que é o ponto final definitivo. Já disseram isso outras vezes. 

No mesmo período em que os Beatles apareceram no top 10, conseguimos premiar os Stones, que voltou com um álbum de inéditas após quase 20 anos! E o inusitado se fez presente mais uma vez quando Paul McCartney apareceu em “Hackney Diamonds” como colaborador de Mick, Keith e Ron em uma barulhenta faixa guiada por um baixo envenenado de fuzz. Os velhinhos se divertem. Nós também.

A sequência de abertura de “Spirit 2.0” é das coisas mais bonitas musicalmente de 2023. “Waves will catch you (Oh)/ Light will catch you (Oh)/ Love will catch you (Oh)/ Spirit gon’ catch you, yeah (Oh-oh)/ Flashes capture us” são os versos cantados em uma dinâmica que parecia impossível para voz, lembra mais um piano. Este é “Sampha”, outro artista que deu uma sumida desde sua estreia em 2018 e voltou com um disco que justifica o tempo de pesquisa. Uma viagem ao hip-hop e ao soul que dialogam com a paz espiritual da música religiosa.

“The Narcissist” com sua guitarrinha meio “Dancing with Myself” abriu os trabalhos de “The Ballad of Darren”, o primeiro álbum do Blur desde 2015, quando a banda britpopiana se reuniu meio que depois de já ter acabado para descobrir que nunca ia acabar propriamente. Com direito a uma capa “esquisitamente feia” e shows energéticos que só ignoraram a gente, fizeram história mais uma vez. Apesar da mágoa acontecer, e de Damon Albarn encerrar o ano anunciando o novo fim da banda, o Blur fez de 2023 um ano para chamar de seu com um disco de verdade. Se todos os retornos fossem assim…

O bamba Pedro Antunes, colaborador da Popload, comentou em um texto especial sobre ela que esta música da Olivia Rodrigo “vibra eletrizante como se o Weezer pudesse voltar no tempo para sentir as angústias de um pé-na-bunda pela primeira vez em plenos anos 80”. Vibra mesmo. A gente achou inclusive a música bem parecida com uma versão desacelerada de “Hash Pipe”, hit da turma do Rivers Cuomo. Repara se não é… Mas falamos sem querer criar muuuita polêmica – a gente gosta de colagens, referências, trans e intertextualidade. E a novinha Olivia Rodriga é mestra nisso – uma base importante do rock para as novinhas como ela.

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* Na vinheta do Top 10 Gringo, a cantora americana Caroline Polachek.
** A gente não vai botar, na nossa playlist, as músicas deste top 10 pela ordem. Elas já estão todas lá, em sua ordem temporal, fáceis de achar. A playlist, com 400 músicas, na ordem que está revela como 2023 caminhou semana a semana neste ano.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.



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