Sim, gostamos do novo álbum dos Stones. Muita gente fez cara feia para eles e até entendemos em parte algum desgosto. Mas no que pode ser o último álbum da banda – e vamos conversar sobre – o vigor de quem inventou uma certa energia que move o mundo está presente. Foquemos nisso. E além deles teve mais gente que trabalhou nesta semana. Tem até quem já faz planos para 2024.
Foi olhando para o disco de Muddy Watters enquanto falava com um jornalista que Brian Jones sentenciou: a banda se chamaria The Rolling Stones – uma das faixas do álbum de Muddy era “Rollin’ Stone”. E os Stones nunca encostaram na tal música até “Hackney Diamonds”. Fica simbólico voltar ao começo em álbum lançado na casa dos 80 anos – ainda que a gente duvide que seja o último, em entrevistas a banda avisou que gravou mais do que lançou… E os Stones são os maiores inimigos do fim e nós gostamos disso. E também seria injusto não listar o feat. com Paul McCartney no baixo – um baixo distorcido a ponto de soar como guitarra. “Bite My Head Off” tem pique de garotos tirando um som. Maravilha!
Minimalista no instrumental, polirrítmico nas batidas, rei das harmonias vocais. Muitas definições são possíveis para Sampha, fora destacar sua voz – que é algo fora do sério de tão bonita. Seu novo álbum, “Lahai” exala inspiração, seja pelos eventos positivos da vida, tipo virar pai, ou as coisas que pesam na cabeça e que são elaboradas na terapia – ou como cravou o jornal inglês “The Guardian” sabiamente: “Como fazer uma crise existencial soar sublime”. É por aí.
Visualiza esta cena: você tocam um som seu para o Damon Albarn e ele dá como sugestão de participação a Chaka Khan. Você não conhece ela, mas resolve ligar, porque afinal “se você não perguntar, nunca vai saber”. Ligação feita e ela topa na hora. Essa é a historinha sobre “Tekken 2”, fora o título genial baseado no game, que o baixista Ed Nash contou para a gente. Leia o papo na íntegra.
E não dê mole: nesta semana tem disco novo do The Kills. A duplinha Alison Mosshart e Jamie Hince lança “God Games”, um álbum novo após um longo intervalo – sumidos desde 2016! Se as novas tiverem o pique do singles lançados até aqui, como a soturninha “Waterpiece”, teremos um disco para amar neste fim de semana. A química do duo mais cool do mundo – ok, talvez o segundo… – segue intacta. Aliás, a gente fala quem é o casal mais cool do mundo ou vocês falam?
Já começou o papo sobre 2024. Kali Uchis prepara para janeiro o álbum “Orquídeas”. E vem com tudo. “Te Mata” em vídeo é um dramalhão típico das nossas novelas. A letra, lógico, não fica por menos ao retratar o fim de um relacionamento que sufocava o eu-lírico. Saca um dos versos: “Finalmente percebi que mereço muito mais/ E isso te mata”.
Outros que já pensam em 2024 são os caras britânicos do Yard Act, que soltaram “Dream Job”, single de “Where’s My Utopia?”, previsto para março de 2024. Talvez seja a música mais colorida que a banda já fez. Lembra até um pouquinho o Cake. Sério.
E, por falar em pedras que rolam, a Cat Power vai lançar um álbum ao vivo dedicado à obra de Dylan. No mundo das ideias, já parecia uma sugestão perfeita, não? O resultado é impressionante. A voz de Cat Power, nossa amiga de muitos shows, entrega o que as canções pedem, respeitam os arranjos clássicos. Tudo que a gente gosta. E ao vivo ainda por cima.
Ano que vem completam-se 20 anos que o Green Day fez um dos seus mais bem-sucedidos álbuns. “American Idiot” ficou famoso pela crítica ácida à tara bélica, consumista e vazia da cultura norte-americana. De lá para cá, pouco mudou para melhor – talvez tenha até piorado. Justo que o Green Day volte a bater no tema.
Já falamos das canadenses do The Beaches por aqui? Fora a sacada do quarteto com o nome da banda – amenizando o termo que poderia ofender a turma -, elas fazem um rock dos mais divertidos hoje. Basicão na cara, com letras divertidíssimas sobre namorados toscos. Tanto que o álbum chama “Blame My Ex”.
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* Na vinheta do Top 10 Gringo, a banda The Rolling Stones.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.