Top 10 Gringo – Precisamos falar (de novo) sobre as Linda Lindas. A coisa frágil do Cure. E a St. Vincent deixando uma pulga na nossa orelha. Esta foi a semana…

Pronto para a conversa sobre as Linda Lindas terem feito o disco mais vibrante de 2024? Estamos apaixonados por “No Obligation”, segundo álbum das meninas. Primeiro lugar fácil – e isso na semana em que tivemos mais uma inédita do Cure! Tamo ficando mal acostumado. 

Se você tinha a banda americana Linda Lindas ainda na conta só da fofura, saiba que as meninas são muito mais que isso. E é o que está expresso na pancadaria de “No Obligation”, o recém-lançado segundo álbum do quarteto formado por Eloise Wong, Bela Salazar, Lucia de la Garza e Mila de la Garza, com média de idade na casa dos 16 anos. Na linha clássica do punk, a abertura pesada e veloz em “No Obligation” é um hino à recusa: “Quem liga para a validação deles/ Eu não tenho obrigação/ Apenas ignoro toda expectativa”. Detalhe importante: as raízes latinas do grupo aparecem em “Yo Me Estresso”, que tem participação do impagável “Weird Al” Yankovic. Sabe quem, né?

Depois da épica “Alone”, o novo single do Cure é uma canção mais básica sobre as difíceis escolhas que os relacionamentos impõem. Na solidão e na dor, escrevemos canções. Canções tão frágeis quanto o próprio amor. Tanto que Smith se agarra nela, quase desesperado: “This song is my everything”. “A Fragile Thing” lembra alguns clássicos, como “Lullaby” e “Pictures of You”. Cada dia que passa estamos mais perto de “Songs of a Lost World”, primeiro álbum do Cure em 16 anos. O lançamento está previsto para o dia 1º de novembro. Até agora saíram três resenhas na imprensa estrangeira: NME deu 5 estrelas, a Clash deu 9/10 e o Irish Times ficou em 4 estrelas.

A guitarrista americana St. Vincent verteu todo o álbum “All Born Screaming” para o espanhol em um esforço de agradecimento às plateias latinas. De quebra, o processo serviu para rever as letras para não matar a parte poética na tradução. Ponto positivo: algumas músicas cresceram, como “Pulga”, novo single, bem mais vibrante que sua original “Flea”. Pode ser nosso lado latino falando mais alto? Deixa falar.

Enquanto tocam ao lado de Nando Reis pelo Brasil, a dupla Peter Buck (R.E.M.) e Barrett Martin (Screaming Trees) aparece com Rich Robinson (The Black Crowes)e Joseph Arthur em um projeto chamado The Silverlites. Rock básico, na linha perfeita para quem sente falta dos dias mais indies do R.E.M. Detalhe: produção de Jack Endino, responsável por muitas coisas do grunge – e outro velho brother do Nando Reis, veja só. Tudo está conectado. 

O interminável verão do brat ganhou mais um capítulo com a expansão “Brat and It’s Completely Different but Also Still Brat”. O nome do disco é a explicação todinha. Charli chega agora com uma versão de “Brat” toda estrelada em feats. que trazem sérias alterações para as músicas originais – um processo que já estava conhecido nas interações com Lorde (“Girl, So Confusing”) e Billie Eilish (“Guess”). Nessa trip, é curioso ela visitar um senhor da velha geração, o nosso Julian Casablancas, que se encaixa perfeitamente em uma música de versos como “Sim, ela tem uns 20 e poucos anos, é bem inteligente/ Hedonista, com voz rouca e olhos sem vida”. É engraçado ouvir o Julian abrir seus versos com “I’ve played this game before (Oh)”.  

Toda banda que entende a importância d’Os Mutantes precisa ser escutada com atenção. E esse é o caso dos argentinos do Capsula, trio formado por Martin Guevara, Coni Duchess e Alvaro Olaetxea que sabe soar classic sem ser um retrô bobo. Seu novo álbum, “Primitivo Astral”, o 14° da carreira, é uma aula de paixão pela música. Sincero, vigoroso e vivo.  

“St. Chroma” parece ser só um teaser para “Chromakopia”, novo álbum do Tyler, The Creator – trilha de um chocante vídeo, diga-se. Mesmo sendo só um teaser e não uma faixa completa, já é das músicas mais empolgantes possíveis pelo número de informações que carrega, seja nas colagens, no que insinua, no vocal sussurrado. O homem voltou! 

Muito louco como as novidades do Tyler conversam com essa bônus track do recente trabalho solo da Kim Gordon, “The Collective” – um dos discos de rap mais espertos do ano. E “Bangin’ on the Freeway”, como já está sugerido, é um bate-cabeça muito bom. Só não vai inventar de pegar o carro com essa na trilha, porque vai dar ruim. 

É como se fosse um remix, mas é outra coisa. O grupo inglês Sorry pegou elementos do velho hit dos anos 80 “Hey Mickey”, da americana Toni Basil, principalmente a letra, quebrou tudo e remontou como “Waxwing”, single que marca sua volta ao rolê. A seu jeito. Ao jeito Sorry de ser. A banda da cantora Asha Lorenz, que está vestida de Mickey no vídeo que acompanha o single, deve voltar com mais novidades até novembro agora, quando vai ser atração de abertura da turnê do Fontaines D.C. no Reino Unido e Irlanda.

Chrissie Hynde no Ibirapuera. A veterana banda inglesa Pretenders é outra atração confirmada oficialmente para o próximo C6 Fest, em maio, no Ibirapuera. A musa punk, musa pop, musa radiofônica Chrissie traz sua importante história e seu caminhão de hits de volta a São Paulo, uma de suas cidades favoritas do mundo. O Air é outro nome revelado pelo C6. Fala-se de Wilco também. Belo line-up.


**
* Na vinheta do Top 10, a banda punk americana The Linda Lindas, em foto de Jessie Cowan.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

Editora Terreno Estranho Mark Lanegan “Devil in a Coma” – horizontal fixo interna
NOVO Circuito – horizontal fixo interna