Top 10 Gringo – Nick Cave escurece o pódio. Os Pixies vêm galinhar na nossa parada. Jorja Smith deixa tudo mais… livre

Uma semana de diferentes moods no nosso Top 10: do tom religioso do senhor Nick Cave ao caos contemporâneo e intraduzível do Pixies. Tem até uma ode ao verde, se é que você me entende – e não estamos falando do Verdão comandado por Abel Ferreira (mas poderíamos…). Uma semana também de muitos artistas estreantes na nossa listinha, coisas que fomos ouvindo por aí em longas jornadas noturnas. Bons sons, sempre. 

“Wild God”, próximo álbum de Nick Cave e sua bandaça, promete ser denso e alegre, nas palavras do compositor. Como o título indica, o disco versará sobre religião e fé, corpo e espírito. E é exatamente essa conversa que está disposta em “Long Dark Night”, inspirada no forte poema “Noite Escura da Alma”, do sacerdote espanhol e santo  São João da Cruz – um texto muito referenciado e comentado em sites religiosos. O próprio Cave pontua: “É um dos maiores e mais poderosos poemas de conversão já escritos”. E diante de um texto de tamanha força e alcance, Nick Cave e sua musicalidade não fazem por menos. Que coisa maravilhosa.

“The Night the Zombies Came” será o primeiro álbum do Pixies com sua nova-nova baixista, Emma Richardson. O anúncio veio com single inédito, lógico, a um tanto quanto soturna “Chicken” – basta pensar nos primeiros versos da canção: “Às vezes me sinto como uma galinha/ Bicando por entre as árvores/ Quando algo no alto corta minha cabeça”. As baixistas passam, mas a cabeça de Black Francis, ainda no lugar, segue a mesma. E o som dos Pixies também.

Desde seu álbum mais recente, “Falling or Flying”, de 2023, que ganhou uma versão reimaginada em 2024, Jorja Smith anda cumprindo sua promessa de finalmente escrever as músicas que quer e como quer. Essa liberdade conquistada parece ter deixado o ar mais leve para experimentos, em geral com ótimos resultados, caso da dançante “High”. Uma música que carrega uma boa vibe já no instante do play e cresce quando descobrimos a motivação de Jorja na composição: ter uma amizade firme consigo mesma.   

E a esperta Hinds, banda espanhola formada por Carlotta Cosials e Ana García Perrote, continua dando sinais de que está tudo bem, depois de passar de quarteto para duo. Lembra quando elas colaram aqui no Brasil em 2017? Bom, “Superstar”, mais um single de “Viva Hinds”, prova que o garage rock meio lo-fi delas segue em dia com alguns doo do doo do doos para dar um arzinho retrô pop. 

Interessado em achar música instrumental tranquila que não pareça ser feita por robôs? Yasmin Williams, com suas técnicas de violão que lembram Joni Mitchel – cheia de afinações inusitadas -, faz essas músicas instrumentais que levam a gente para lugares luminosos e quentinhos. Calmos, mas vivos, humanos. Recomendamos demais. O próximo álbum dela, “Acadia”, sairá em outubro. 

E ouvindo Yasmin Williams fomos andar pelo folk novinho dos EUA e achamos um quartetinho chamado Mipso que já tem até uma certa idade. São mais de dez anos de estrada alternativa e só um hit gigantesco: “People Change”. Apesar do som tradicional, com mandolim e tudo, eles tem um humor peculiar. “Green Jesus”, o single mais recente, é exatamente sobre isso que você está pensando – uma ode à maconha. 

Sevdaliza não é só a iraniana mais brasileira que a gente conhece. O Brasil ama muito ela de volta. São Paulo é hoje a cidade que mais ouve Sevdaliza e talvez seja um dos principais motores para tê-la colocada pela primeira vez no Top 100 da “Billboard” americana. De quebra, é a primeira vez que a nossa Pabllo também aparece na lista mais prestigiosa da publicação. Vale uma medalha para nós? 

Sabia que o Thurston Moore fez 66 anos semana passada? E, exartamente no dia de seu niver, soltou mais um single de seu próximo disco solo, “New In Town”, que é bem sonicyouthiana, se é que existe essa palavra. Percussiva e cheia de ruidinhos em versos sobre ser o novato, o recém-chegado. Uma música que estranhamente permanece no mesmo lugar o tempo todo. 

O nome dessa banda pós-punk londrina é tão bom que por si só já entraria em qualquer listagem nossa. Bom que a música deles também é legal demais: ruidosa, despedaçada e charmosa. Um tanto quanto Smiths, sem querer comparar muito, embora os dedilhados da guitarra lembrem bastante as invenções de Johnny Marr. “No Hero”, quinto álbum deles, está previsto para setembro. 

Em termos de música e futebol, não tem nada grandioso o bastante que não fiquei mais grandioso ainda no mítico estádio de Wembley. Pense no Queen, por exemplo, ou no “Live Aid”. Em sua provável última turnê, em termos de bandas de rock nunca dá para saber quando é a última mesmo…, o Blur foi a Wembley e o show virou um maravilhoso disco ao vivo com duas horas de duração – 26 faixas do show e alguns extras capturados em outras apresentações.



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* Na vinheta do Top 10, o cantor australiano Nick Cave.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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