Top 10 Gringo – Fontaines D.C. em primeiro (óbvio). Laura Marling vem com a filha em segundo. E um novo quarteto difícil em terceiro

Muitos singles bons, promessas esperançosas e um novo candidato a Disco do Ano. Está aí o quarto álbum do Fontaines D.C., a nova música da Laura Marling, o retorno do Fidlar e do Foster The People – e vem aí até coisas que ninguém esperava, tipo uma nova banda do Stephen Pavement Malkmus e a união de Lady Gaga e Bruno Mars. O leque é variaaaado! E nossa playlist 2024 já conta com mais de 300 das principais músicas do ano!

Os meninos cresceram. As primeiras resenhas de “Romance”, quarto álbum da banda irlandesa, que acabou de chegar aos streamings e lojas, são bem positivas e apontam que eles estão mais maduros. A tradicional “Spin” crava que eles se aproximam do “rock de arena”, que é o tamanho do grupo hoje em termos de show, e abandonam o pós-punk. Mesma linha da resenha aqui da Popload, com outras palavras. Você viu? O último single pré-álbum, a lentinha “In the Modern World”, tem mesmo essa nova dosagem de energia, mas o single imediatamente anterior, “Here’s The Thing”, carrega uma vibe teen raivosa, inclusive no vídeo – espécie de um trailer de um terror feminista moderno. “Romance” é o novo romance. O que você achou do disco? Estamos curiosos. 

O verso “Você tirava as roupas em um bar de estrada” pode sugerir muitas coisas, sabemos, mas entenda que é Laura Marling contando sobre as desventuras de sua filha pequena. Mais adiante descobrimos que ela também diz coisas estranhas só para deixar a mãe desconcertada. E, apesar de toda a bagunça, Laura percebe a conexão especial entre as duas: “Ninguém vai te amar como eu posso”. Lindeza. 

Quando ninguém esperava surge um supergrupo que reúne Stephen Malkmus (Pavement), Matt Sweeney (Chavez), Emmett Kelly (The Cairo Gang) e Jim White, baterista que já tocou com quase todos os artistas possíveis –  PJ Harvey, Bonnie Prince Billy, Cat Power, Courtney Barnett & Kurt Vile… Tudo bem se você só conheceer o Malkmus. A gente só lembrava do Matt por conta de um programa sobre guitarristas que ele tinha na falecida “Vice”, sdd. A banda parece ser uma grande tiração de onda. O vídeo de “Rio’s Song”, por exemplo, emula quadro a quadro o clássico “Waiting on a Friend” – é hilário ver o Malkmus repetindo todos os trejeitos do Keith Richards. 

Se o Bon Jovi tivesse a coragem de fazer um disco todinho de country, algo que eles sempre ensaiaram fazer, soaria meio como essa aventura do Post Malone pelo “gênero da hora”. E, se isso é um elogio ou uma crítica, a gente deixa com você. Ok, é legalzinho, pronto. Fica entre soar autêntico e ser uma bela de uma rasante pelo estilo do momento nos EUA – Beyoncé levantou a bola e a turma não para de cortar. Tá todo mundo de chapéu ou bota ou os dois neste ano. Ouça indo para Barretos – ou não. 

Não se deixe enganar pelos timbres infantis da nova música do grupo californiano Fidlar. Assim como rola com a Laura Marling, é tudo jogo de cena. Nem precisamos traduzir versos leves como “I’ll keep breaking even/ And swiping out my feelings/ Doing cocaine on the weekend”. Ou precisa? Ô, juventude perdida. “Sad Kids” fará parte de “Surviving the Dream”, o primeiro álbum dos californianos em cinco anos. Fidlar é massa demais.

Esses dias estava tocando “Pumped Uk Kicks” na rua, superaleatório, como um hit dos anos 80 tocaria, e veio o pensamento: por onde anda o Foster The People? A resposta veio dias depois: tão por aí e com disco novo, “Paradise State Of Mind”. E basta um play no primeiro som, “See You in the Afterlife”, para voltarmos imediatamente para 2011 – atualmente um duo, eles não parecem ter saído muito do lugar, apesar de inserirem agora um clima retrô setentista. Quer se sentir velho? A distância que estamos hoje  de “Pumped Up Kicks” é a mesma que separa “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana, de “Miss You”, dos Stones.  

Mais cedo falamos da “Spin”, publicação indie americana clássica, e bem à moda antiga descobrimos uma banda lendo nossa velha revistinha. É o trio Garbagebarbie, que ganhou uma matéria sobre um movimentado show deles em Los Angeles em uma casa de show enorme e abarrotada de gente, uma surpresa para um grupo bem desconhecido (ainda). A resposta: eles são dedicados com a fanbase, que cresce em esquema de trabalho de guerrilha. Já já serão gigantes, anota aí. Se depender da gente, já é. Só mandar mais alguns electrorocks do pique de “Lovemachine”. 

A gente deixou passar meio batido o terceiro single de “In Waves”, próximo álbum do brilhante Jamie XX, programado para daqui um mês. Que injustiça. A parceria com o maravilhoso duo australiano The Avalanches, banda de lançamentos superesparsos, é deliciosa em suas diversas partes e momentos – e o encaixe com os outros singles é absurdo. Soa como um DJ set perfeito. Experimente. No looping eterno também funciona lindo. 

“Sad Song” é dos lados B históricos do Oasis. Para os que não são fãs, traduzimos: os irmãos Gallagher eram craques em deixar para os singles, igual os Beatles, algumas de suas melhores canções, colocadas depois da música principal. “Sad Song” nem isso tinha, ela era uma exclusiva do vinil britânico, do CD japonês e na França vinha em um CD bônus! A vida era difícil nos 90. E o que essa versão demo de 92 revela é que a canção já teve os vocais de Liam e tinha um arranjo ligeiramente diferente. Volta logo, Oasis. 

Sabia que está rolando um reality na Globo que mistura elementos de BBB com música? Apostamos que não. Ninguém tá vendo aquilo. E esse é o feeling que sentimos nesse encontro de gigantes aqui. Juntar Gaga e Mars, em tese, era para atrair milhões e render o hit do ano. Mas ninguém deu muita bola e a questão nem é a tal da economia da atenção, que parece apressar o tempo. É a música que é bem qualquer nota mesmo. Desperdício dos dois lados.

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* Na vinheta do Top 10, a banda irlandesa Fontaines D.C.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.



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