Top 10 Gringo – Esperanza+Milton+Beatles em primeiro, claro. O pop-saudade da Charly Bliss em segundo. E a Beabadoobee californicando fechando o pódio

Nesta semana o superdestaque do nosso top internacional vai aparecer no outro top, o brazuca 50 da CENA, afinal a coisa mais bonita da semana é o encontro entre Esperanza Spalding e Milton Nascimento. Já escolhemos a melhor da safra internacional do álbum, qual será a da safra nacional? Em tempo, a semana também teve rocks rasgados de todos os tipos – d também abrimos brecha para um velho conhecido nosso que vem ao Brasil. Já sabem quem, né? 

Sonhos não envelhecem, já cantou Milton Nascimento. E Esperanza Spalding, cujo nome já diz muito, realizou o seu aqui – um disco todinho com seu maior ídolo na música. Ele, beatlemaníaco que só, aproveita o sonho dela para regravar seus ídolos e escolhe reler a faixa que encerra “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. Que beleza tudo isso. Em parte respeitosos com o arranjo original, em especial a primeira metade, “Milton + Esperanza” ousam transformar o trecho de orquestração livre em um improviso caótico maravilhoso, enquanto a segunda metade da canção vira um corinho divertido. Um reflexo dos dias leves em que sonhos viram realidade. E lá se vai mais um “A Day in the Life”.

Não é porque o Charly Bliss lembra o No Doubt por serem bandas com uma garota e três caras, mais a coisa da voz igu… parecida, mas o power pop do time comandando pela ótima Eva Hendricks realmente nos remete sonoramente ao time da ex-musa Gwen Stefani. Com um acréscimo importante: é como se o No Doubt tivesse voltado incorporando toda a fase ultrapop da Gwen. Escuta “Back There Now” com carinho e vê se não estamos com a razão. Parece “Hollaback Girl” do ponto de vista de uma banda de garagem. 

Beabadoobee, no processo de seu terceiro álbum, parece ter realizado a maioria dos anseios de muitos que querem circular no mundo pop: gravou com Rick Rubin, participou da Eras Tour (Taylor Swift) e até trocou ideia com o Nick Cave em estúdio. Quer mais o que da vida? Mas muito mais que um viralzinho no Tik Tok, que rendeu sua canção com 1 bilhão de plays no Spotify, ela avança artisticamente em “This Is How Tomorrow Moves”, o novo disco, e apresenta seu multiverso particular. Beabadoobee pode ser fofa e pode ser durona. Em “California”, por exemplo, ela confessa que só queria ser a Kim Gordon. E quem não queria? 

Os australianos que mais lançam discos no mundo não cansam de surpreender. Num álbum consegue soar tão pop quanto o Pharrel, noutro conseguem soar como uma autêntica banda de metal dos anos 80 com direito a peruca e maquiagem forte. Em sua nova aventura, “Flight b741”, eles lembram a pegada da The Band e soam como autênticos norte-americanos. É por isso que todo mundo considera King Gizzard uma banda beeeem louca. E eles próprios parecem se divertir bastante com isso.

As meninas do Linda Lindas não cansam de surpreender. Fora o talento que apresentam sendo tão jovenzinhas, agora elas enveredaram em arriscar uma canção em espanhol (cantada pela “chicana” da banda). Lembra muito os Pixies em “Vamos” e não só por arranhar outra língua, mas pelo jeitão levemente desajeitado e o arranjo amalucado, que mete uma sanfona na sujeira punk delas.  

Uma música sobre tomar umas enquanto pensa na ex. Não é single do Bruno e Marrone, não. É a nova do Japandroids e estará presente em “Fate & Alcohol”, quarto álbum do duo canadense indie-barulho e possivelmente o último dele, se os rapazes cumprirem o prometido. Essa fala ao coração, puro sentimento e álcool. Será mesmo a despedida? Quem é mais versado no universo pop sabe que falsas despedidas são tão certas quanto músicas sobre cachaça e relacionamento. 

Talvez você conheça o folk bem característico, digamos assim, da Katy J Pearson, de suas aparições em álbuns do Yard Act ou do Metronomy. Ou mesmo do seu gostosinho “Sound of the Morning”, álbum lançado em 2022. Menos folk e mais pop, seu som continua bem interessante nas prévias do que será  “Someday, Now”, terceiro disco dela, previsto para setembro. Este single “Maybe”, que traz Katy de cupido na capa, é bem capaz de conquistar seu coraçãozinho. Flechada certeira, quentinha, nestes dias frios. 

Ângulo morto equivale à expressão “ponto cego”. Na poesia do português E.se, codinome de Carlos Alves, é nessa brecha que surge um amor inesperado, um amor livre de egoísmos – as pessoas nem notam, mas ali tem alguém que quer ela muito bem. E é sobre esse encontro doce que canta o português de Almada, em um folk que não deixa de ter influências de R&B e até de rap. 

No cenário ensolarado de LA foi estranho ver Billie e seu brother com roupas muito calorentas defendendo “Birds of a Feather”, na cerimônia de enceramento dos Jogos Olímpicos – que foi uma verdadeira festa do indie com Phoenix e até Ezra Koenig, do Vampire Weekend. Foi estranho, ok, mas aparecer em milhões de aparelhos de TV reacendeu o interesse da turma por “Hit Me Hard and Soft” e colocou “Birds of a Feather” no topo das paradas da “Billboard” americana. De novo! Muita gente imaginou que Charli XCX ia colar junto nesse rolê, ela mesmo sugeriu na internet. Mas pelo visto Billie precisa de bem menos para viralizar.

Não sei se você notou, sempre que entra no site da Popload tem no topo ali uma imagem bem grande, enormeeee, anunciando que vai ter um Popload Gig dos escoceses, tipo, já já – 14 de novembro. Vamos? Mó saudade de ver um Franz ao vivo no Brasil tocando os hits que nos marcaram tanto. 

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* Na vinheta do Top 10, .
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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