Top 10 Gringo – A hora de Faye Webster é agora. A St. Vincent vindo forte e pesada. E o Elbow voltando classe demais. É este nosso pódio

Precisamos falar sobre Faye Webster e o fato do seu novo álbum ser o mais legal. Achamos que a repercussão ainda não foi tudo o que ela merece, especialmente aqui no Brasil. Vamos, gente! E a semana ainda teve peso pesados de volta, tipo Charli XCX, Liam Gallagher, Yard Act e o Elbow. 2024 segue quente. 

Ei, você, fã de Boygenius! Você precisa conhecer a Faye Webster, se já nunca botou os ouvidos nessa cantora de Atlanta, EUA. Além de se encaixar na configuração de indie folk, ela consegue ser um pouco mais ousada em seus arranjos e ideias – algo na linha que a Fiona Apple faz. “But Not Kiss” é classificada pela própria autora como uma canção que pode ser romântica ou anti-romântica. E, verdade, as duas leituras são possíveis. A letra tem uma esperteza em ser curtíssima, preenchidas por “yeah, yeahs” – repare no versos: “Eu espero que você esteja bem, mas não irei perguntar” ou “Quero dormir em seus braços, mas sem beijos”.

Vem aí o disco mais agressivo escrito por Annie Clark, nossa querida St. Vincent. Vai levar o nome de “All Born Screaming” e a tal agressividade pelo menos é promessa feita em entrevistas e nas dicas dadas pela artista, inclusive um print onde mostra que suas pesquisas recentes no Spotify envolvem Nine Inch Nails, Ministry e Throbbing Gristle. Também consta que a mão pesadinha do sr. Dave Grohl estará no álbum – na bateria!!! “Broken Man”, primeiro single do disco, com seus sintetizadores, guitarras e uma bateria eletrônica aguda fazendo par com uma bateria real, já dá o tom.

Os véios de guerra do Elbow, banda inglesa que está por aí desde os 2000 e poucos, seguem firmões. “Balu”, mais um single do álbum “Audio Vertigo”, é a prova disso com seu balanço e seus derretidos graves – repara no baixo que vai se diluindo. Gostoso demais de escutar. Com as devidas proporções respeitadas, parece algo que o Clash faria em 2024. Devidas proporções, leram bem, né? Ninguém bate o Clash.

Em entrevista para a “Billboard”, Charli XCX contou que seu próximo álbum, “BRAT”, irá direto ao tempo. Nada de metáforas nas letras, ela quer o tom que usa entre os amigos. E isso já fica claro no primeiro single, “Von Dutch”, sobre inveja e obsessão. Na questão sonora, Charli avisa que deve viajar ao passado, à cena rave londrina onde se criou e seus timbres pouco polidos – repara no quanto a voz dela está distorcida em “Von Dutch”: lembra até a Britney de “Piece of Me”, outra canção sobre obsessão. Imaginamos que foi a ref. de Charlie. 

Vamos precisar de um pouco mais de tempo para entender o novo álbum do Yard Act. A falastrona banda de Leeds propõe tanta coisa legal em “Where’s My Utopia” que ficamos até meio perdidos – é um disco bem bem diferentes do da estreia dos caras, em 2022, com “The Overload”. Se antes eles soavam como um revival do melhor do pós-punk, agora têm algo mais fresco na sonoridade, que envereda para caminhos do pop e do hip-hop, como na imersiva “Down by the Stream”, um mergulho na infância do vocalista James Smith. O uso de instrumentos fora do esquema baixo-guitarra-bateria também traz novas possibilidades, deixando tudo mais amalucado. Disco para ser degustado com calma absoluta.

Girl in Red é o codinome da norueguesa Marie Ulven Ringheim, que a gente segue há um tempo e é apaixonada por sua estreia, o discaço “If I Could Make It Go Quiet” – um dos nomes que a gente mais discutiu por aqui quando o papo era uma onda de indie sobre saúde mental. Lembram essa fase? “Too Much” segue nessa temática e aborda como questões e fragilidades psíquicas afetam relacionamentos. Para os fãs do trabalho anterior, ela reaparece um pouco sonicamente convencional demais, mas não perdeu seu charme, viu?

A reunião do Oasis não saiu do papel em 2024, mas Liam Gallagher resolveu se juntar com outra gênio da guitarra em Manchester que não fosse seu irmão. Pinçou o estridente John Squire, do lendário Stone Roses, e juntos fizeram o que pode ser chamado do melhor álbum do Oasis nos últimos 20 anos, hehehe. Brincadeira! O disco nem é tão Oasis assim, muito menos Stones Roses – é uma terceira coisa, que lembra muito os bons momentos nostálgicos que Liam vem fazendo em sua carreira solo, embora menos 1990 e mais 1970 desta vez – só escutar a boa “Mars  to Liverpool” para entender tudo. Squire faz coisas bonitas com os riffs e solos, mas é o vozerão de Liam que ainda chama atenção. O homem está intacto apesar dos anos.

Se é que alguma vez precisou, a gente imagina que Keith Richards já evaporou das lembranças o que é esperar pelo “cara”, o “homem do doces” em algum beco sujo – Keith deve ter seus privilégios, receber mais do que esperar, enfim. Conjecturas à parte, ele dá corpo e alma nesta versão ao vivo para a imortal canção do adicto de Lou Reed – destaque para a banda de apoio que emula bem a tosqueira do Velvet Underground. 

Não é toda semana que o Bikini Kill toca pertinho da sua casa, né? Então, fiquemos com elas para arrematar a listinha da semana. Vocês já leram a entrevista com ela que saiu por aqui? Colocamos ela para conversar com a Luiza Sá. do CSS. Ficou genial – e a Kathleen Hanna ainda por cima falou que ama CSS! 

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* Na vinheta do Top 50, a cantora americana Faye Webster.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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