Top 10 Gringo – Wilco no topo, claro. PinkPantheress voa ao segundo lugar. Jorja Smith “sente” o terceiro posto

Um disco novo e incrível do Wilco? O Blink-182 fazendo música boa? Mas, para ninguém dizer que estamos retrô demais, buscamos as artistas mais novas do pedaço e que estão arrasando: PinkPantheress, Priya Rag, Jorja Smith. A playlist da semana tá suingada e punk. 

A capa de “Cousin”, o 13º álbum da banda americana Wilco, traz um conjunto de plantas cobertas por gelo. Olhando rápido, a imagem lembra uma pintura que está derretendo. Diferentes perspectivas, diferentes visões. De longe, o Wilco é uma banda gigante, famosa, capaz de turnês mundiais e apresentações nos maiores programas de TV do mundo. De perto, parece a banda dos nossos amigos, a “bandinha indie” que tocou aqui em São Paulo só para a gente, sabe? Eles são assim, particulares que só. Tão ao seu modo que há anos produzem os próprios discos e tudo bem, embora tenha rolado uma certa estagnação. Em “Cousin”, a produtora galesa Cate Le Bon tenta tirar a banda da zona de conforto. E funciona. Eles não foram lá longe, não se descaracterizaram, mas largaram uma certa preguicinha.   

Uma das principais características da inglesa PinkPantheress é sempre deixar uma estranheza no seu som, ainda que ela faça o pop mais chiclete do mundo. Quando não deixa a música torta ou quebrada, ela insere numa levada pop um tantinho do ritmo e dos timbres do drum’n’bass, como se ainda estivéssemos perto da virada do século passado. Consegue ser superoriginal dentro de um terreno gasto, entende? E o vídeo também é super retrô nesse sentido, meio anos 2000. Mas que aponte sempre para a frente.

“Falling or flying”, segundo álbum da inglesa Jorja Smith, representa mesmo uma decisão definitiva na vida – um “ou vai ou racha” dela. Jorja voltou a morar em sua cidade natal, a pequena Walsall, e escolheu fazer música seguindo apenas seus termos, de acordo com ela mesma, uma possibilidade inédita na carreira. Resultado: uma música inventiva, levando seu R&B para outro lugar, com referências de house, pop. Algumas tracks são capazes de deixar uma Rihanna da vida louca de inveja. Caberiam perfeitamente na voz da outra diva. Come to Brazil (again), Jorja. 

O Paramore abriu agora as tracks do excelente “This Is Why”, lançado no começo do ano, para diversos artistas brincarem com as faixas do álbum. Para as jovens do grupo punk kid The Lindas Lindas ficou a pancada “The News”. Além de mudar um pouquinho do jeito que é a faixa original, elas acrescentam seus instrumentos e pegada garageira para dar um gás no refrão. Coisa linda. Punk! 

Lá em 2021, Priya Ragu conquistou nosso coração com sua mixtape de estreia, “damnshestamil”, que contém uma das melhores músicas daquele ano, “Good Love 2.0”. De origem tâmil-suiça, Priya agora vive em Londres e prepara seu primeiro álbum, que se chamará “Santhosam” e sai ainda neste mês. “Black Goose” pode surpreender os brasileiros, com seus samples que lembra bateria de escola de samba e tem sua letra dedicada a um forte protesto contra a violência policial responsável pela morte de tantos jovens negros – em Londres, nos Estados Unidos ou no Brasil. Histórias que se repetem.  

“Little Rope”, novo álbum do Sleater-Kinney, agora um duo com Carrie Brownstein e Corin Tucker, vem após uma tragédia pessoa na vida de Carrie, que perdeu a mãe em um acidente de carro. O disco traz as marcas dessa dor junto ao que promete ser o álbum mais “bem acabado” da banda até aqui, em termos de produção. E isso está bem posto no single que abre os trabalhos, esta pesada e auto-explicativa “Hell”.  

Acho que é a primeira vez no Top 10 que juntamos três músicas de um artista só. E só poderiam ser eles, os australianos malucos do King Gizzard and the Lizard Wizard, a banda que mais lança disco no mundo. Para seu novo álbum, o 25° disco de estúdio, eles adiantaram de uma só vez três singles, lógico. “The Silver Cord”, o disco cheio, chega em outubro e traz a banda em uma vibe totalmente diferente do metaleiro “PetroDragonic Apocalypse, álbum imediatamente anterior. 

Quem diria que o blink-182, na retomada de sua formação original, iria conseguir nos mostrar uma pedrada nova digna dos bons tempos da banda? Pois é. “Dance with Me” já é a quarta música lançada na volta do trio formado por Mark Hoppus, Travis Barker e Tom DeLonge e honram todo o gel gasto para manter topetes e franjas em ordem apesar da idade. Aliás, honram também as perucas que eles arrumaram para emular os Ramones no vídeo da música – uma grande homenagem aos punks de NY. 

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* Na vinheta do Top 10 Gringo, a banda americana Wilco.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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