O Sxsw 2023, a correria doida atrás da música e o New Order no Texas

Nunca me canso de contar o dia em que eu saí de um show do Jack White numa casa (casa mesmo), em Austin, Texas, show este que eu estava vendo DO LADO DE FORA, por uma janela, da rua, porque estava megalotado dentro e fora, virei a esquina, passei pelo The Horrors se apresentando num galpão ao lado, enquanto do outro lado da rua um pequeno tumulto indicava que o Tom Morello (Rage against the Machine) devia estar cansado de tocar num clubinho e levou sua guitarra, plugada, para continuar seu som no meio da rua. Segui em frente um pouquinho e virei a primeira rua, onde tinha um lugar em que estava se apresentando um “novo” Father John Misty, que era quem eu queria ver, mesmo.

Posso estar confundindo as datas, os dias, os anos, mas acho que o paulistano Holger iria se apresentar ali, no mesmo lugar meio barraco num quintal.

O negócio é que eu cheguei faltando quatro músicas para o FJM encerrar seu concerto maravilhoso, peguei o caminho de volta, passei pelo mesmo Tom Morello na rua e cheguei para reencontrar um grande amigo ali na rua, vendo pela janela o Jack White, de costas claro, performar seu primeiro álbum solo, que ainda não havia sido lançado e tinha duas bandas o acompanhando: uma de mulheres na primeira metade do show, a outra de homens. Saí com as mulheres, voltei com a dos homens. De vez em quando ele se virava para a rua para dar um tchauzinho, já que tinha tanta gente fora quanto dentro da casa. Foi 2011 isso? 2012?

Tudo isso para dizer que este mesmo meu grande amigo e outros tantos estão no South by Southwest deste ano, edição 2023 do mais importante festival de novas tendências do mundo, seja música, cinema, tecnologia e todos os ramos da vida que isso envolve.

A parte musical, que é a que mais interessa a este blog de… música, começou nesta segunda-feira agora, com um especialíssimo show da lendária banda inglesa New Order (foto abaixo). E uma centena de outros, claro, já que estamos falando

A Popload já cobriu em loco muitos Sxsw no passado. E depois, por n motivos, se desconectou do festival texano, que de repente encheu de brasileiros hahaha. Mas não foi (muito) por isso, claro. Até o banco Itau está por lá, patrocinando. Não a parte musical em si, diga-se.

Mas, enfim, talvez esteja na hora mesmo de voltarmos mais nossa atenção ao Sxsw, novamente. E, por isso, pedimos para o brother Ricardo Cifas, que está em Austin, dar uma geral no Sxsw 2023, para ver se tomamos gosto de novo.

Fala, Cifas.

** SXSW 2023 – O festival e alguns destaques
por Ricardo Cifas

Muito se fala sobre o SXSW no que diz respeito a novas tecnologias, tendências, negócios e audiovisual. Mas o que caracteriza a identidade do festival é a música e sua extensa programação, que inclusive foi como o SXSW surgiu em 1987, como um festival de música independente com a finalidade de fomentar a interlocução de casas de shows, selos, bandas e artistas de Austin e região. Começou pequeno e ficou gigante.

Hoje o SXSW é considerado o maior e mais abrangente festival de música do mundo, neste formato de espalhar programação simultânea por muitas casas da cidade, elevando forte a fama de Austin de ser a “capital mundial da música”.

Nos últimos anos foram mais de mil bandas divididas por 79 palcos oficiais em cada uma de suas edições. Isso sem contar com toda a parte não-oficial do festival que inflam esses números exponencialmente.

Para você não se perder no mar de programação separamos algumas atrações confirmadas e algumas dicas para curtir a parte de música do SXSW 2023 que vem movimentando a cena por aqui desde segunda.

Primeira dica, não existe “Os Dias de Música”. O festival faz isso para tentar organizar a programação, mas a verdade é que tem eventos com música ao vivo o tempo inteiro todos os dias quase que ininterruptamente. O “Music Festival” do Sxsw vai até sábado que vem, 19.

Se você está vivendo o Sxsw ou planeja embarcar num rolê insano desse nos próximos anos, uma dica para conter um pouco do FOMO que muitas vezes a grandeza do festival causa, é entender que a maioria dos artistas se apresenta mais de uma vez no festival. Então, se você por algum acaso perder um show, fica ligado, que muito provavelmente esse artista ou banda pode se apresentar novamente no festival em outra casa de show. De modo oficial ou nos corres paralelos de marcas, gravadoras, países.

Quanto à programação deste ano temos de “reluzentes”, citemos aqui alguns.

Os já mencionados ingleses do New Order talvez seja o principal, pelo tamanho deles e o momento em si, com o megablasterhit “Blue Monday” completando por estes dias seus 40 anos do lançamento. Além do show que a banda fez no Moody Theater, cujas cenas você vê abaixo, eles também foram escalados para um Keynote (Palestra) contando sua trajetória, com a presença do tecladista Bernard Sumner, do baterista Stephen Morris e da tecladista e guitarrista Gillian Gilbert.

Já o palco da “Billboard” traz neste ano o artista Lil Yachty, que lançou recentemente o interessante disco “Let´s Start Here”, misturando rock progressivo e rap, e os DJ Kaskade e deadmau5.

Ainda para quem gosta de hip hop, Killer Mike, integrante do Run the Jewels, se apresenta com o seu trabalho solo no Stubb´s e a dupla canadense Snotty Nose Rez Kids mostra seu rap indígena no Swan Dive.

Dentre os destaques do rock, temos os lendários The Zombies, Fishbone (formação original) e Os Mutantes. Os brasileiros tocam no Hotel Vegas, que dentro da sua programação também contará com apresentações dos californianos OSEES (4 noites) e Death Valley Girls.  

Ainda no rock podemos destacar a malucaça banda post-punk inglesa Warmduscher, os brasileiros do Bike com seu rock psicodélico, a cantora, compositora e multi-instrumentista Olivia Jean, que estáem showcase não oficial da gravadora Third Man Records (do Jack White), e a banda Black Angels, prata-da-casa da cena indie de Austin, com show no tradicionalíssimo Mohawk.

E, por último mas não menos importante, tivemos ontem o showcase Tropi Club, da empresa de agenciamento artístico Let´s Gig em parceria com a LatinXT, que aconteceu no Speakeasy. O line-up foi formado pelos brasileiros Rogê, Zudizilla e Tuyo, os colombianos do Paraisos e a cantora mexicana Girl Ultra.

Vale lembrar que durante o festival surgem pop-up shows que não foram anunciados. Mas como assim? É isso, do nada pode rolar um show-surpresa. Ou shows não-tão-surpresas assim. Isso já aconteceu muito em outras edições com artistas como Willie Nelson, Billie Eilish, Erika Badu, Lady Gaga, Kanye West, entre diversos outros.

Sem contar as incontáveis bandas novas “linhagem Popload” que vão ou estão se apresentando no Sxsw. Além da citada Warmduscher, que tem NOVE shows programados neste período fervilhante de Austin, dá para citar THUS LOVE, M(h)aol, os velhos “amigos” Ben Kweller e Be Your Own Pet, a explosiva Blondshell.

Chega? Tem muito mais…






MDE 1 – horizontal miolo página
TERRENO ESTRANHO: black month [horizontal interna fixo]