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Agora a conversa é federal. A nova cidade contemplada com um raio-x de sua cena indie é Brasília, a capital do país e uma das mais diferentes terras sonoras brasileiras. Você vai entender por quê. O MAPA DO ROCK da Popload, que tem apoio da GOL Linhas Aéreas Inteligentes, chega à quarta edição no Distrito Federal. As movimentações indies de Belo Horizonte, a primeira, Porto Alegre e Fortaleza, nessa sequência, foram as três anteriores.
O MAPA DO ROCK é uma seção fixa da Popload que pretende mapear a #CENA de algumas das principais cidades brasileiras. As bandas locais de destaque, seus principais palcos, os bares que apoiam a música, os festivais e festas que movimentam a coisa toda, os agitadores que fazem tudo acontecer, as apostas indie e, já que estamos in loco vendo a #CENA com os próprios olhos, algumas das nossas dicas do que fazer, onde comer, o que visitar e, principalmente, POR QUE ir até lá.
Brasília: população de 4,2 milhões de habitantes na área metropolitana (2016), a quinta mais populosa do Brasil. Estimativa de público no último festival Picnik Festival, gratuito: 15.000 pessoas/dia em dois dias de junho.
Uma das mais peculiares cenas de música nova no Brasil, é curioso constatar que a Brasília indie está sonoramente mais perto hoje da primeira geração do rock da cidade, a da MPB psicodélica de bandas como o Matuskela, do que da estrondosa e nacionalmente conhecida onda punk/pós punk que rendeu nomes como Legião Urbana, Plebe Rude, aqueeeeele Capital Inicial e botou a cidade, inclusive em versos, no mapa musical do país. É mais curioso ainda que em festas indies de hoje em dia na cidade, quando recorrem ao punk, no som ou na atitude (e no deboche), se referem mais a bandas como Raimundos e Little Quail and the Mad Birds (terceira geração) ou Divine (quarta) do que à turma de Renato Russo. Em tempos mais recentes, Móveis Coloniais de Acajú e Lucy & The Popsonics levaram a cena candanga para outras capitais, até para fora do Brasil, mas fizeram o que poucas bandas que estouraram, seja qual fosse o nível de “estouro”, ousou fazer. Ficar em Brasília, não se mudar para o eixo SP-Rio para “tentar a sorte”, e, assim, ajudar no reconhecimento e crescimento da cena local. A cidade, dos 90 para cá, teve importantes bandas indies, como a citada Divine e nomes como Low Dream, Prot(o), Bois de Gerião e um ótimo difusor que aumentou o intercâmbio da cidade com outras praças de destaque, na figura do gaúcho Fernando Rosa, que fincou em Brasília a bandeira seu selo e produtora Senhor F e sua festa mensal Noite Senhor F, entre outros agitos, fazendo a cidade acontecer. Quando essa cena ruiu e nem os então sobreviventes Lucy e Móveis resistiram, a cena de Brasília entrou para esta década precisando de uma arrumação interna e uma adaptação aos novos tempos. Começa que de uns anos para cá a noite de Brasília desapareceu, com o fechamento de quase TODAS as casas noturnas e o aperto da lei de silêncio que restringe a vida noturna em bares até 2h. A vida sonora brasiliense, indie ou eletrônica, precisou buscar lugares alternativos, como alugar clubes de embaixadas, associações e parques. E horários alternativos. As principais festas e eventos passaram a ganhar corpo de dia, um ótimo jeito de driblar a questão de horário e aproveitar também a arquitetura típica da cidade e de seus parques. Outra “dádiva” para festas de dia em lugares abertos é realizá-las no chamado período da seca, quando Brasília fica muito tempo sem ver chuva. Nessas, no caso do indie, surgiu a vital festa Picnik, hoje também um importante festival brasiliense. Outra mudança “para o bem” foi que a cena candanga teve que descentralizar. Começou a pipocar um indie “paralelo”, que não necessariamente era do Plano Piloto. Bandas independentes novas do Gama e de Taguatinga surgiram em quantidade e qualidade para chamar atenção para as cidades-satélites, nessa nova ordem da efervescência sonora da cidade, o que desvirtua a ideia de que nas periferias só brota hip hop. Brasília tem rock para além do Plano Piloto. Ao mesmo tempo se estabelece na cidade uma cena punk pop meio que oriunda de movimentações como o festival Porão do Rock, uma galera tipo Scalene, Dona Cislene, cena esta forte e fechada que trabalha a questão do metal, emo, pós-emo, não dialoga em nada com a cena indie sonoramente falando, mas que às vezes mistura a molecada, cada vez mais versátil. Tem ainda, hoje, no paralelo a tudo, uma importante cena jazz, instrumental e choro forte na cidade, apelidada de “Brasilia Nervosa”, de onde despontam bandas como o Satanique Samba Trio, que acabou de voltar de shows na Europa, e tem correspondência mesmo que acidental com a cena indie. E, nesse certo crossover com o indie, nos últimos anos, rendeu uma sintonia com bandas indies importantes mas hoje desativadas, como Bois de Gerião e o próprio Móveis Coloniais. E ainda se dá com a atualíssima Joe Silhueta, de Guilherme Cobelo. Resumo da ópera candanga: estrangularam a cena de Brasília, em muitos lados, mas ela está escapando por outros e se tornando numa das mais interessantes do país. E, de novo, uma das mais peculiares.
* Velvet Pub *
CLN 102 Bl. B, Lj. 28
Local de festas e shows, mistura bandas covers e autorais em seu espaço, no qual cabem 300 pessoas. Uma das pouquíssimas casas noturnas que resistem a não fechar, em Brasília.
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* Quinto Bar *
CLN 102 Bloco A Loja 56
Extensão física da festa Quinto, o bar, inaugurado em 2014, traz luz à música eletrônica de Brasília com DJs, lives e VJs.
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* Outro Calaf *
SBS Quadra 02 Bloco Q Térreo
A versão do Bar do Calaf para música ao vivo. Essa danceteria, lugar para shows, restaurante e bar, no setor bancário sul, ao lado da casa original, é o lugar ainda da famosa festa brasiliense Moranga.
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* SuB Dulcina *
Setor de Diversões Sul
Brasília, Conic
Lugar para shows e festas (e mais coisas) no famoso Conic, “antro” de contracultura de Brasília que outra vez está passando por uma revitalização. O SuB fica no subsolo do teatro Dulcina.
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* Espaço Cultural Canteiro Central *
SCS Quadra 3 Bloco A Lote 210
Lugar novo, surgiu há uns dois anos, e com nova administração e iniciativa de diversos coletivos, passou a ter vida musical com shows frequentes, de samba ao indie. E varando a madrugada, sem se preocupar com barulho e vizinhança incomodada, uma dos fatores que matou a cena noturna brasiliense.
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* SCLN 408/409 Norte *
baixo Asa Norte
Não é um bar, exatamente. É uma rua com a melhor concentração de bares de BSB hoje. Cheio de agitadores culturais e universitários, que fazem da rua uma grande balada. Tem indies, eletrônicos, estudantes, o povo todo.
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* Piauí *
SCLS 403 Bloco B Loja 20
Não é um bar, exatamente. É uma distribuidora de bebidas. Lugar é bem “roots”, mas agrega boa parte da cena indie brasiliense.
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* Beirute *
SCLS 109 Bloco 1 loja 2/4
Bar clássico de Brasília, em dois endereços. O primeiro, da Asa Sul, destacado aqui, é o mais antigo. O segundo é na SCLN 107. Frequentado por intelectuais, universitários, gays, famílias, idosos. E os indies. O filé à parmegiana é obrigatório.
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* Cervejaria Criolina *
SOF Sul Quadra 1 CJ B Lote 6
A festa que virou cervejaria. Propriedade dos meninos da Criolina, trio de DJs dos mais bombados de Brasília finalmente abriu as portas de sua cervejaria cigana. Discotecagens e torneiras de marcas próprias.
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* La Rubia Café *
SCLN 404 Bloco B Loja 44
Vou reproduzir a descrição que está no Facebook deles. Pela galera que eu consultei, parece que é assim mesmo: “Um café cocktail bar esquizo para uma cidade careta. Coquetelaria, comidas de rua do mundo, pole-dance, disco-music, gente feliz, elegante e sincera”.
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* Kafta da Mama *
SQS 112 Entrada da Quadra Residencial
Barraca numa esquina de rua na 112 Sul de Brasília, existe há 12 anos no lugar e vai buscar seu tempero no Líbano. O melhor kafta da cidade. Talvez do Brasil. O Maruan, um dos filhos da Mama, era DJ de música eletrônica da cena candanga uns 15 anos atrás.
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* Objeto Encontrado *
CLN 102 Bloco B Loja 56
Considerado um dos 20 melhores cafés do país, o Objeto Encontrado é também conhecido por seu cheesecake e a variedade de uísques bons. Tudo apreciado com boa música e vendo uma ou outra obra de arte exposta no lugar.
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Para começar, o velho CONIC, o lugar mais alternativo de Brasilia desde sempre. Foi o primeiro em Brasilia a ter boate gay, lojas de quadrinhos, discos, camisetas. Ainda os tem. Está passando por uma nova revitalização, resolvendo seus “perigos”, e alguns shows e festas, como a atual Criolina, passaram a ser realizados lá. O Lucy & The Popsonics, um dos grandes nomes brasiliense dos anos 2000, não tem mais banda, mas o casal popsonic tem loja de camisetas no lugar. // Alguns ousam dizer que o PICNIK FESTIVAL [foto acima], festival entre o semestral e anual que também vem a ser a festa itinerante trimestral mais famosa do Distrito Festival, salvou a cena brasiliense. Um esforço do casal Miguel Galvão e Julia Hormann, ele economista, ela publicitária, o Picnik enquanto evento grande é um ótimo junta-tribos que bota para tocar em um final de semana, em praças ou parques, de graça, um monte de exemplares da nova e às vezes velha cena de Brasília, da nova CENA nacional e da nova cena internacional também. No Picnik é banda tocando e em volta uma pequena cidade criativa fazendo rodar a economia com desfiles de moda, venda de arte e decoração, roupas de brechó, plantinhas, discos, zines e pôsteres, painéis de discussão sobre a evolução humana, workshops de costura, teatro, espaço zen badabauê moderno, áreas de cura com terapias de florais, meditações e papos sobre cartas e números, um clube de chá, curso rápido de cultivo de horta doméstica, área para crianças com brinquedos, oficinas e roda de leitura até para bebês, um estacionamento de bicicletas gratuito e, para a galera parar de pé, uma decentíssima área de alimentação, que inclui um trecho vegano. É essa galera da economia criativa participante que, segundo o festival, financia as atrações musicais do Picnik, que agora em 2017 completa cinco anos de existência e 20 edições realizadas entre festa e festival. // Outra das festas mais bombadas de Brasília, a CRIOLINA já há muito sai da cidade e esteve dentro da programação deste ano do festival Bananada, em Goiânia, por exemplo. A Criolina começou com uma festa às segundas-feiras no Calaf (bar e restaurante onde tocava bandas de samba-rock, que depois abriu espaço para outras vertentes). Pezão, Barata e Ops, protagonistas de discotecagens indies com sotaque português e um jeito muito particular de cortar e emendar as faixas, com setlist montado à base de pesquisas musicais até em psicodelia brasileira anos 70 misturado com Strokes e Raimundos, para citar a mescla. A festa atraiu uma galera tão grande que virou um projeto de Carnaval (Aparelinho) e um bar (Cervejaria Criolina [ver “Para comer e beber em Brasília”, acima] ). Um dos projetos deles é o carnavalesco Harmonia do Sampler, que produziu o pornohit “Pau, Perereca e Cu”, talvez primeiro hit de Carnaval já feito em Brasília, que repercutiu em várias esferas neste ano. // Festa famosaça de Brasília para nova geração, realizada às quartas-feiras no Outro Calaf, a MORANGA promove uma celebrada mistureba sonora que vai do trap ao pop, mas tem o indie lá no meio. É também uma festa visual, com projeções e outras chinfras artsy. Tem pegação e (mas) tem boa música também (às vezes). Capricha muito nos DJs convidados, desde gringos até os de outras festas de outros estados. // Programa histórico da representação da cena brasiliense no rádio, o CULT 22, que existe desde 1991, entre idas e vindas está de volta ao ar na Cultura FM, às sextas-feiras, das 21h às 23h. Apresentado por Marcos Pinheiro, que concebeu o programa junto com o jornalista Carlos Marcelo, o Cult 22 é o elo de ligação da velha cena de metal, da nova cena pós-emo de molecada e do indie. // Um bem-vindo escape para a cena indie brasiliense para além do sonoramente complicado Plano Piloto, a cidade-satélite do Gama, que sempre foi um reduto hardcore, metal e de hip hop, passou a “fabricar” arejadas bandas indies boas, tipo Supervibe, Bolha Azul, Tertúlia na Lua e Luzes da Capital, para citar só algumas. Numa escala menor, mas na mesma pegada, Taguatinga também tem seu destaque na oxigenação da cena de Brasília. // Listada acima no rol de bandas de Brasília para ser ouvida, o Brasil Cibernético acabou de anunciar o seu fim das atividades, agora em julho, deixando uma última música gravada no estúdio SALA FUMARTE, de boa qualidade gravação, por onde passa boa parte da nova cena indie brasiliense, principalmente pelas mãos do produtor Gustavo Harfield. Fica no sótão da casa dos irmãos Breno e Bruno, da banda Bilis Negra, no Lago Norte. O lugar é praticamente a sede do que se costuma chamar de MOVIMENTO GROGUE de Brasília, coletivo de bandas, artistas plásticos, fotógrafos, cineastas, acupunturismo, um grupo de amigos, que comungam das mesmas ideias e tentam expressá-las cada um em seu trabalho. Para resumir, essa mitologia indie brasiliense consiste na “maneira louca de ver as coisas”, segundo um de seus artífices, o músico Guilherme “Joe Silhueta” Cobelo. // Enorme conhecedor da cena brasiliense e não só, PEDRO BRANDT, criador do especialíssimo e artesanal selo Discos Além, que teve seu primeiro lançamento em 2015, um compacto da banda paulistana Modulares. No ano passado, a Discos Além produziu um compacto da antiga banda brasiliense Little Quail and the Mad Birds, e outro disquinho do gaúcho Plato Dvorak, sempre em parceria com outros selos, até internacionais, para dividir custos e tornar projetos viáveis. Os discos, em vinil, são produzidos numa fábrica na República Tcheca. A proposta da Discos Além é de culto ao vinil. Não só lançar em tiragens limitadas as novidades do rock brasileiro como também, ou principalmente, resgatar no formato físico, de preferência o vinil, gravações perdidas ou raras de bandas mais antigas, sejam demos, material para imprensa não divulgado publicamente, shows, registros de gravações de rádio. // Outro selo importante e de iniciativa diferenciada da cena de Brasília é o da LOMBRA RECORDS, criada em 2015 e que tem uma máquina alemã de corte para gravar e riscar vinis artesanais, em um material diferente do disco tradicional industrial, de som mais lo-fi, mais urgente para consumo ou discotecagem. // Um terceiro selo que ajuda a mover a música brasiliense é o DOM PEDRO DISCOS, idealizado a partir da bacaníssima loja de discos de mesmo nome (SCLN 412 Bloco C Loja 20), que já lançou com sua estampa, por exemplo, um 10 polegadas da banda Satanique Samba Trio e relançaram o primeiro disco do Maskavo Roots. // O rolê eletrônico underground em Brasília é bem forte, movimentação a partir de vários coletivos criados nos últimos anos. Da para citar muitos, do Crazy Cake Crew ao SUJO. Mas a gente destaca o Imã, que possui DJs, VJs, cineastas, artistas, músicos e designer para fazer valer não só a música em suas festas; o Vapor, de house; a MADRE, do DJ Spot, que era das bandas Club Silêncio e Mentes Póstumas, também responsável pela festa Moranga, e a 5uinto que existe desde 2007. // Um caso à parte da cena electro-indie de Brasília que junta tribos é a BOOGIE, um dos destaques do último festival Picnik. O coletivo Boogie/Woogie surgiu com a proposta de pulverizar ainda mais a música eletrônica na capital. E para isso resgatou a disco music junto de elementos percussivos e tropicais. Mesclando percussão com música eletrônica, house com funk, disco com música brasileira, o som da Boogie se auto-denomina como “batuque-digital”. Explorando até universos dançantes do rock, da new wave e do synthpop, nada dançante é descartado pelos Djs que se apresentam nas festas, que tem o Dj Fibø como residente. Com dois braços, a festa saúda lua e estrelas com a “Boogie Night”, que é precedida de um jantar (“Boogie Dinner”) para poucos convidados com discotecagem mais “soft-soul-jazzy-mellow” para abrir o apetite e esquentar os motores para a noite. Já a “Woogie”, que é a versão Sunset, teve sua estreia no último dia 1º de julho tendo como convidada a dupla paulistana-internacional Selvagem, além de experientes DJs locais, e um almoço regional preparado pelo restaurante Jamburanas. Os locais das festas são inusitados como um barco fluente no Lago Paranoá. // Outro “case” eletrônico que torna Brasília um celeiro na área é o projeto MYMK, do produtor Bruno Sres (contração de Soares), que já tocou nas bandas Pierrot Lunar, Superquadra e Disco Alto e desde 2015 enveredou (e bem) pelo experimentalismo eletrônico, um certo “electrodream” com base em ambientações sonoras construídas por velhos sintetizadores analógicos e delicadas baterias eletrônicas. // Por fim, o famoso e enorme PORÃO DO ROCK, um dos mais longevos festivais da cena indie do Brasil, que já chegou a ter 100 mil pessoas em uma de suas edições (gratuitas) no estacionamento do estádio Mané Garrincha, continua com força, porém é mais um festival que procura atrair grandes nomes do desgastado rock nacional, sem muito interesse mais na cena independente, se ela não vier do metal/hardcore/emo.
1. Miguel Galvão e Julia Hormann
É o casal que comanda o festival e as festas do selo Picnik, que nos últimos cinco anos conseguiu ajudar muito a tirar a cena brasiliense de um certo “beco sem saída” na música indie. Trouxeram para a luz do dia o cenário musical, ocuparam parques e espaços públicos da cidade que tem belezas arquitetônicas a mostrar e transformaram suas iniciativas num ótimo case de economia criativa, construido ao redor das festas e do festival uma cidade que gira um comércio de comidas, bebidas, arte, moda, teatro, discussões de diversas ordens. Galera participativa essa que ajuda a financiar os eventos. Miguel, economista de formação (Julia é publicitária, como complemento), tem um background de agitador cultural desde as festas eletrônicas (bastante) e shows de rock (pouco) que promoveu no centro acadêmico de sua faculdade. É também criador da Groselha, festa-show que toca junto com Steve Chezz e que se pretende mensal para dar lugar às bandas indies brasileiras que passam pela região e não têm onde tocar. Nessa conta inclui-se o crescente número de grupos locais, também ávidos por eventos e lugares para tocar. A Groselha é uma alternativa para aquilo que a Picnik não consegue absorver com sua periodicidade mais espaçada. Enquanto a Picnik é um junta-tribos indie-eletrônico-pop, a Groselha se dedica exclusiva ao indie e promove também uma mostra de filmes B, da produção local ou da região, para firmar a pegada underground da festa. Miguel e Julia mantiveram ainda, nos últimos cinco anos, uma pousada em Caraíva, onde no Réveillon produziram uma festa já famosa, com DJs de renome. A pousada não é mais deles e a festa está sob estudo para acontecer em mais uma edição na virada deste ano.
2. Cláudio Bull
Na ativa na cena brasiliense desde o início dos anos 90, Bull é a história viva da cena musical brasiliense de caráter independente e um dos caras mais versáteis da cidade: trabalha com produção de eventos, jornalismo cultural, historiador de arte e é professor universitário. Nos palcos e estúdios, Bull liderou a Divine, banda ícone indie da Brasília da virada do século; hoje, divide-se entre dois outros grupos, o Superquadra e o Da Silva. E é também DJ. Faz o ciclo completo.
3. Pezão, Barata e Ops (DJs Criolina)
São os DJs há 12 anos da festa que sacode o ânimo brasiliense e se consideram artistas, de forma justa. Se vendem como festa, cervejaria e fábrica de conteúdo. Têm um jeito próprio de discotecar, mixar, passar de uma faixa para a outra. O “jeito Criolina”. São pesquisadores musicais e capazes de mixar Lady Gaga e batidas africanas emendando uma música latina e Raimundos. E fazer indie aplaudir. Estão construindo história ainda no Carnaval de Brasília, se é que soa esquisito juntar “Carnaval” e “Brasília” numa mesma frase. Mas por causa dos criolinos não é mais. Gravam playlists, têm programa de rádio, produzem vídeo, organizam shows. Superstars DJs, here we go.
4. Caio Dutra
Produtor cultural e um dos fundadores do Coletivo Labirinto, um dos articuladores de um sério movimento que desde o ano passado visa levar cultura ao Setor Comercial Sul, zona nevrálgica da cidade onde convivem misturados trabalhadores e desempregados, ricos e excludentes, agitos de lojas e bares e insegurança propagada por quem está de fora. Está tentando transformar o negativismo da região em arte. Principalmente à noite, com festas e shows, uma espécie de contra-ataque à lei de silêncio que matou a vida cultural noturna em Brasília.
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A Popload agradece muito: Cláudio Bull, Pedro Brandt, Eduardo Palandi e John Stan (responsável por muitas das fotos desta edição do MAPA). Este MAPA DO ROCK – BRASÍLIA presta tributo ainda ao baixista e guitarrista Pedro Souto, do Almirante Shiva e Joe Silhueta, entre outras bandas, que morreu aos 23 anos, em maio. Sua presença na cena, durante a apuraçõo deste especial, ainda era muito sentida.
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* O MAPA DO ROCK é um projeto da Popload em parceria com a GOL Linhas Aéreas Inteligentes.
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