Já reserva para a lista de melhores do ano. Saiu o novo disco da banda Mannequin Pussy

Olhos grandes da galera fissurada por nova música estão de olho no disco que a banda americana Mannequim Pussy, está soltando hoje, chamado “I Got Heaven”.

O álbum (capa abaixo) é o quarto disco deles, punk espichado para tudo quanto é lado, que de cara já despeja mais energia sonora que a Hidrelétrica de Itaipu produz em um ano.

É engraçado o paralelo do punk americano dos últimos anos com o pós-punk inglês. Lembra um pouco, perdão pela comparação, com o que vimos nos anos 70, com Ramones e Stooges de um lado do oceano Atlântico, e os Sex Pistols e Clash do outro.

Cada um na sua pegada e tudo no melhor dos sentidos, o pós-punk inglês é identificável, quase que moldável, na medida em que segue uma fórmula de herança cultural local de raiva misturada a som brutal típico inglês.

Já o punk atual das bandas dos EUA é uma verdadeira “bagunça” de estilos, ainda que na mesma intensidade. E está tudo bem.

Pegando este Mannequin Pussy, de nome intraduzível em sites de família como este, porém de significado superimaginável, a banda mistura um tanto de sons num som só. É punk brutal, pode ter hardcore, muito indie de guitarras, um ladinho emo-ternura.

Tudo isso é a válvula de escape para a figuraça Marisa Dabice (a deitada na foto), vocalista, guitarrista e dona da banda, brilhar. Ela construiu um “jeitinho” próprio de ser uma garota-problema selvagem ao mesmo tempo que mostra uma honesta vulnerabilidade no trato dos sentimentos, que encontra neste álbum “I Got Heaven” seu melhor momento. Claro que ajudado por músicas bem boas, porque senão…

O Mannequin Pussy, da Filadélfia ainda por cima, lançou seu primeiro disco em 2014, ou seja, há dez anos. A banda foi errática até 2019, quando lançaram o disco “Patience”, o terceiro, um rascunho bom do que seria o álbum de hoje. Mas veio a pandemia e os planos de turnê arrefeceram. E o Mannequin Pussy não pode ser visto em seu melhor até então.

Só que a mesma pandemia que esfriou esse fogo todo da banda trouxe um alento e tanto para a banda continuar de outros jeitos. Umas músicas da banda foram parar no seriado “Mare of Easttown”, da HBO, e ainda numa série de quadrinhos famosa chamada “Witchblood”. E o Mannequin Pussy não só “reacendeu” como ganhou um novo público.

Para essa velha galera ou para os novos fãs, não poderia ter disco melhor que este “I Got Heaven”, que saiu hoje. Seja pelo momento de barulheira incandescente, seja pelos de ternura tocante.

Abaixo, a gente deixa dois exemplos do mood diferente do Mannequin Pussy. Mas corra para ouvir o disco inteiro.

Ficou faltando falar do lance deles com animais, fazenda e tal (veja a capa do disco, por exemplo). Mas o texto ia ficar maior do que já está, então guardamos essa para uma ocasião próxima. Porque, sim, vamos falar mais e mais do Mannequin Pussy.



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