CENA – Pabllo Vittar chama Anitta e Gloria Groove para a sua “Noitada”, álbum novo a ser lançado… hoje à noite. Leia ela falando sobre o disco novo, sobre a noite em si, o show do Coachella, metal, Charli XCX e sua leveza de ser

O primeiro lançamento bombástico da CENA chega hoje à noite. A “Noitada”, o quinto álbum de estúdio da cantora e drag queen maranhense Pabllo Vittar, trazendo participações de Anitta, Gloria Groove, MC Carol, O Kannalha e outros, vem para falar disso mesmo: da noite.

“Eu sou da noite, eu pertenço à noite, assim como eu pertenço à você. Eu pensei muito em vir te ver e agora que eu estou aqui eu não vou desistir”, diz Pabllo, como num manifesto, na vinheta que abre o disco, chamada “Noitada”. Pra depois entrar a Gloria Groove rasgando em “AMEIANOITE”, um dos singles conhecidos e que já atingiu o equivalente a 80 mil cópias vendidas, estando elegível a receber Disco de Platina.

A presença de Anitta (desculpe-nos) está em duas das faixas, ““Calma Amiga” (não creditada, tipo um “interlúdio”) e “Balinha de Coração”. Talvez as mais a bombar do disco, junto com a já conhecida “Descontrolada” e “AMEIANOITE”, obviamente.

A gente conversou com a Pabllo sobre “Noitada”, que parece ter curtido a entrevista. Pelo menos riu do sotaque paranaense do entrevistador.

O que ela pretende com o disco, seu famoso show no Coachella, os bastidores de sua participação bizarra em concerto da banda de metal alternativo Bring Me the Horizon, sua relação com o produtor-mentor Gorky e o fato de ser linda. Tudo isso está na entrevista abaixo.

Amanhã a gente conta o que nós achamos do disco em si. Que já ouvimos. E é bafo. Hummm, já contamos.

Popload: “Noitada” já é o seu quinto álbum. Qual é o objetivo principal com esse trabalho novo? 
Pabllo Vittar: É ampliar. É ir em frente com a carreira, construir um novo capítulo. É um ressurgimento, uma ressurreição. 

Popload: O que você mais cobra de si própria com um trabalho novo?
Pabllo Vittar: A diferença. Quero sempre trazer algo novo, de um álbum para o outro. Acho que é por isso que não gosto de ficar lançando singles e singles. Todo mundo que lança singles e singles acaba sempre fazendo a mesma coisa, sempre uma fórmula, uma coisa repetida, que só fica ali um tempo. Gosto de trabalhar com álbuns, conceitos, histórias, como se fossem livros, com capítulos, com finais.

Popload: E como é a tua sintonia musical com o Gorky?
Pabllo Vittar: Nossa, acho que ele é uma pessoa muito inteligente. A gente conversa muito. Ele entende bastante de música, e aprendemos muito juntos. A nossa sintonia com a música é a mesma, de não ter medo, de fazer coisas diferentes e romper regras de canções, de feats, de pop mesmo. Fazer diferente do que estamos acostumados a ver. Ele é muito pra frente, mesmo. Gosto muito de ter ele comigo.

Popload: Alguns dos interlúdios desse disco novo me lembram os últimos discos que a Arca lançou.
Pabllo Vittar: Eu gosto do trabalho dela. A Arca é uma coisa bem conceitual, acho que meus fãs gostam dela também. Seria legal um feat. com ela algum dia. As produções, o audiovisual dela, são todos incríveis.

Popload: Você já sabe como vai ser o visual da tua nova fase?
Pabllo Vittar: O visual vai ser muito orgânico, muito novo. Já tenho em mente como quero fazer. 

Popload: Onde você se enxerga daqui a, digamos, dois discos, no futuro? 
Pabllo Vittar: Nossa, aí você me pegou [risos]. Fala em anos, porque eu trabalho com anos. Daqui a dois anos pode ser?

Popload: Então, pensando daqui a dois anos, como você imagina que será?
Pabllo Vittar: Não faço a mínima ideia [risos]. Não fico fritando assim. Eu foco no que está acontecendo agora, sabe? Não sei se vou morrer amanhã, por que eu ficaria me fritando com o que vai acontecer daqui a dois anos?

Popload: E dois anos atrás, você imaginava que estaria neste ponto atual de sua carreira?
Pabllo Vittar: Sim. Totalmente. Sempre tive essa fé. Também de sair da pandemia e voltar a fazer o que eu gosto. Sou uma pessoa muito positiva. Por isso que odeio gente muito pessimista, odeio ter gente negativa do meu lado. 

Popload: E você tem sentido otimismo recentemente, com as mudanças que têm acontecido, com a troca do governo no Brasil e tudo mais?
Pabllo Vittar: Eu sinto. Sempre estou otimista com tudo. Por incrível que pareça, até nos momentos mais obscuros do governo que a gente estava passando, eu estava otimista que ia acabar, e acabou. E agora, graças a Deus, já trocamos de governo e estamos vivendo um novo momento.

Popload: Você participou do festival Coachella. O que você percebe de diferença de estrutura e de acolhimento em um evento dessa escala, em comparação por exemplo com se apresentar em um festival como um Rock In Rio? 
Pabllo Vittar: No Coachella a gente é uma verdadeira estrela, né. Não importa o seu tamanho como artista, você é tratado como igual lá. Tem os trailerzinhos, as pessoas se preocupam com você. Até porque, você é o festival – se você não estiver ali, não vai ter show, acaba o festival. Então eles vêm a gente não apenas como um artista que vai ali cantar e fazer o show: a gente é o festival. Muitas vezes sinto falta de respeito em festivais aqui no Brasil. Mas é algo que só com o tempo a gente vai aprendendo.

Popload: Quando você participa de um festival assim, você sente uma mudança no alcance, no público atingido?
Pabllo Vittar: Sim, claro. O Coachella é o maior festival do mundo hoje. Quantos artistas não sonham em fazer parte desse line-up? Eu antigamente já tive prazer de ir lá no Coachella, e já sonhava com isso, então foi uma realização de um sonho me apresentar lá. E o alcance muda bastante, a gente ganha mais notoriedade. Agora depois do Carnaval já embarco pra Austrália, começar uma turnê por lá, e assim vai. Este ano está bem internacional. 

Popload: Sendo a primeira drag queen a se apresentar num festival enorme como o Coachella, você sente que tem uma posição de liderança pela visibilidade que tem?
Pabllo Vittar: Não de liderança, mas é tipo, “Vou deixar aquela porta aberta, porque quero que minhas amigas também vão lá”. Não quero ser a primeira e a única, Deus me livre. Quero que muitas vão e que a gente sempre tenha espaço nesses lugares. Temos que ocupar mesmo. Mas fico feliz de ter sido a primeira.

Popload: Com este disco novo, você espera uma internacionalização maior, ou procura se fortalecer mais no mercado brasileiro?
Pabllo Vittar: Tudo o que eu faço é internacional. Os meus primeiros shows internacionais eu fui cantando em português. Então, hoje em dia, não vejo mais isso de “pra ser internacional, preciso lançar um álbum só em inglês”. Não, meu trabalho se internacionaliza a cada dia. Claro que é um trabalho voltado para o mercado brasileiro, pois todas as faixas são em português, mas tudo o que eu faço é voltado para os dois mercados. Nunca vou dar mais atenção para um lado ou outro. E sempre gosto de trabalhar com pluralidade, trazer o maior número de produtores diferentes possíveis.

Popload: No fim do ano passado, eu achei que te veria ao vivo, porque eu fui a um show do Bring Me the Horizon…
Pabllo Vittar: Você foi àquele show?

Popload: Não, eu não estava naquele [em que Pabllo cantou]. Fui no seguinte [no festival metal Knotfest, também em São Paulo], e achei que você repetiria a participação.
Pabllo Vittar: Ai, todo mundo gostaria, ficaram me perguntando no Twitter “Você vai cantar lá?”. Tive que falar “Não…”.

Popload: Você pode me contar um pouco de como aconteceu essa participação sua no show de uma banda inglesa de metal alternativo?
Pabllo Vittar:  Eu sou muito amiga do Ollie [Oliver Sykes, vocalista da banda], e sempre gostei muito dele, da estética… Eu acho ele um gato, na verdade. E conhecia a namorada dele [Alissa Salls], que é modelo, também sou muito fã dela. E ele acabou me convidando para fazer essa música. Eu falei que estava aqui em São Paulo, ele disse que ia fazer um show, aí falei: “Então eu vou!” Ele disse: “Você vai, mas tem que cantar comigo”. Eu: “Mas cantar o quê?” [risos]. Acabou rolando [Pabllo grita em “Antivist”] e foi um prazer muito grande cantar com eles. 

Popload: E quando vocês se comunicam, falam em português, com aquele português maravilhoso dele?
Pabllo Vittar: Sim [risos]. Ele escreve melhor do que ele fala. Eu cheguei no camarim dele falando direto em português, ele não entendia nada. É um fofo.

Popload: Você se sente plenamente confortável com seu inglês, já?
Pabllo Vittar: My English is so much better now, I’m feeling amazing. [risos] Está bem melhor agora. Eu fui para Hamburgo em outubro para participar de um festival e dei várias entrevistas em inglês! Claro que erro uma coisa aqui ou ali, mas está muito melhor. 

Popload: Eu estava lendo uma entrevista que a Charli XCX fez com você. Vocês ainda mantêm contato?
Pabllo Vittar: Sim, a Charli é muito legal, todas as vezes que eu posso estar com ela eu estou. Participei do show dela aqui em SP, a gente foi pra balada. Ela é uma pessoa pra frente demais, que merecia estar nos Grammys, que merecia ter mais visibilidade, porque tem um cérebro maravilhoso.

Popload: Quando você lança um trabalho novo, obviamente muitas pessoas escutam e te dão feedback. Quem tem o feedback que você mais leva em consideração?
Pabllo Vittar: Eu. Não lanço nada que eu não goste. Até quando eu lanço algo que meus fãs acham muito estranho para eles. Se eu gostei, é isso, gente. Sou uma artista, não posso ser colocada numa caixinha só como “fazedor de dinheiro” para a indústria. Também tenho que levar em consideração o que eu gosto. Me preocupo muito com o que eu penso, até porque sou eu que vou subir no palco para cantar, eu que vou viajar o mundo fazendo turnê.

Popload: E, com toda a responsabilidade em relação ao seu trabalho, você sente algum peso?
Pabllo Vittar: Me sinto linda. Não tem nenhum peso. Sempre comparo meu trabalho com a vida que eu tinha antes, então para mim está tudo perfeito. Eu sou muito grata pelas coisas que acontecem. Até pelas que não acontecem. Não sinto nenhuma pressão, é tudo muito divertido.

* “Noitada”, de Pabllo Vittar”, sai hoje para as plataformas de música às 21h.
** As fotos da Pabllo usadas neste post são de Gabriel Renne.

MDE 1 – horizontal miolo página
TERRENO ESTRANHO: black month [horizontal interna fixo]