CENA – Dora Morelenbaum, enfim, solo. “O Bala Desejo durou mais do que a gente esperava”

Recém-chegada de um rolê japonês, onde foi acompanhar a amiga Ana Frango Elétrico e acabou fazendo um “showzinho” na Tower Records de Tokyo, rede de discos que já foi a maior do mundo, Dora Morelenbaum voltou ao Brasil com um… desejo. Um outro desejo.

Dora se prepara para lançar seu primeiro álbum solo, “Pique”, agora em outubro, via Coala Records. A cantora, compositora e instrumentista carioca é integrante do quarteto de amigos Bala Desejo, uma das formações de maior destaque da nova geração da MPB. Mas agora, com uma certa pausa no projeto coletivo, vai se dedicar total, e enfim, a sua carreira sozinha.

O desejo de fazer um álbum solo já era antigo. “Aí veio o Bala Desejo e foi maravilhoso. Mas durou muito mais tempo do que a gente esperava”, revelou à Popload.

Agora focada totalmente no repertório de “Pique”, Dora afirma que foi trabalhando nele na paralela, ao longo dos últimos anos, enquanto era difícil articular material solo em meio às atividades de uma banda de amigos que surgiu como um projeto pandêmico despretensioso entre amigos e acabou com um álbum vencedor de Grammy Latino.

“Fui juntando o que eu tinha de material e o que eu achava que conversava entre si, mais musicalmente do que poeticamente. E aí, quando eu fui ver, reuni basicamente só músicas de amor”, conta, sobre o material que vai dar em seu debut solo. 

Há alguns dias, Dora Morelenbaum lançou o segundo e último single antes do álbum: a música “Essa Confusão”. A canção nasceu, parceria dela com o músico Zé Ibarra, inclusive nasceu nos shows do Bala Desejo. “Essa Confusão” foi tão bem-recebida pelo público que ganhou várias versões de fãs nas redes antes de receber a produção escolhida junto a Ana Frango Elétrico, conterrânea de Dora e que também co-produziu o álbum do Bala Desejo.

A escolha de trazer uma música já conhecida pelo público foi importante para Dora neste novo passo em sua carreira solo. “Eu senti essa força dela, assim. E uma curiosidade que nem sei se eu poderia falar, mas vou falar. É que o Zé também está gravando a mesma música. E vai estar no disco novo dele, que ele vai lançar em breve. Quase lançamos juntos.”

Sobre “Pique” e suas músicas de amor, Dora contou com colaboradores antigos, como Tom Veloso, com quem tem uma música em seu EP, “Vento de Beirada” (2021), e novos amigos, como foi o caso da paulistana Sophia Chablau, que contribuiu com uma composição inédita para o disco.

Essa sua aventura solo demorou tão mais que o planejado que talvez, para Dora, algumas das letras das músicas que compõem “Pique” já não fazem mais tanto sentido para ela. É nessa que entra entra Ana Frango Elétrico.

Desde antes de trabalhar com a produtora em “Sim, Sim, Sim”, o premiado álbum do Bala Desejo, Dora já tinha uma relação de amizade com a Frango. “Eu conheci a Ana por amigos, há um tempão atrás. Eu dei uma aula de piano para ela e ela me pagava com pinturas.” 

A parceria entre as duas foi importante para o atual momento de Dora. “A gente sempre teve interesses muito parecidos e eu sinto que somamos muito em lugares diferentes, sabe? Ana saca muito de produção, foi esse o motivo que eu chamei ela desde o início. Sabe muito de timbragem, de como tirar melhores sonoridades dos instrumentos.”

“Com esse álbum solo eu queria levar a música para um novo lugar de sonoridade. Com essa mesma estrutura da canção, mas para novos lugares. Enfim, a Ana foi essencial para isso.”

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* As fotos de Dora Morelenbaum usadas neste post são de Maria Cau Levy.

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