CENA – Banda E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante volta para pertinho com EP pós-pandêmico “Linguagem”. Pós-pandêmico. Pós-moderno. Pós-ótimo 

por Pedro Antunes

Pós-pandêmico. Pós-moderno. Pós-punk. Pós-rock. Pós-lisérgico. 

Este é “Linguagem”, o EP preciosíssimo que pingou nas plataformas de música da sua preferência em uma improvável terça-feira, no último dia 24 de outubro, mais conhecido como ontem. O trabalho celebra a volta do grupo E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, o quarteto de formidáveis da música instrumental contemporânea com guitarras ((Lucas Theodoro, Luccas Villela, Luden Viana, Rafael Jonke). 

Sem se prender muito a gêneros, até porque a gente aqui na Popload não gosta nada disso, “Linguagem” é um exercício musical e sensorial da turma do EATNMPTD, lançado pela sempre esperta Balaclava Records (aliás, o festival está chegando, hein!). 

É também um salto temporal interessante por se tratar do primeiro registro do grupo desde “Fundação”, o único disco cheio deles, datado de 2018. Em 2020, é bom lembrar, foram dois remixes de músicas do álbum, mas nada criado do zero foi lançado. 

Neste meio tempo, o mundo parou, a covid surgiu, a gente se isolou, tudo mudou. O EATNMPTD criou “Linguagem” ao longo daqueles dois anos em que nós não assistíamos a shows e tentava ficar em casa para evitar a disseminação daquele vírus.

O tempo extra, que parece hoje fazer parte de um passado distante e sombrio, permitiu ao grupo burilar as canções e buscar texturas, ideias e referências nos mais distantes âmagos das suas criatividades. 

Com 20 minutos de duração, o EP é preenchido por quatro músicas: “Ausente”, “Bruce Willis”, “Oblívio” e “Infamiliar”. 

A primeira, a árida “Ausente”, soa como um pouso ruidoso. Na sequência, “Bruce Willis”, revelada antes como single, cria melodia a partir da repetição meticulosa e circular de riffs que vão se alongando e transmutando em novos riffs. Guitarrística, sensorial, onírica. 

“Oblívio” parece mais anuviada do que “Bruce Willis” pelos ecos das guitarras de fundo enquanto a primeira dedilha o seu riff – depois disso, ela ainda muda mais umas duas vezes, pelo menos, com diferentes ambiências. 

Os oito saborosos minutos de “Infamiliar” colocam o ouvinte neste estado de reflexão. A música vai ganhando camada, momentos, percepções. É um convite para um mergulho dentro de si, para seus próprios pensamentos, fantasmas e boas lembranças. 

“Linguagem” comemora também 10 anos de uma banda que não se prendeu a padrões. Formada por quatro artistas com outros trabalhos fora dela, mas unidos em torno da linguagem tão própria de E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante para experimentar algumas ideias.

Pós-tudo. E pré-tanto que está por vir.

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* Na home da Popload, o design da composição da imagem da banda é de Vitor Fiacadori. A foto do EATNMPTD é de Larissa Zaidan.

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