
Faz tempo já, é sempre curioso e divertido perceber o quoeficiente de adoração da… bem… adorada banda californiana Weezer através de seus álbuns e também a cada vez que o grupo se afasta de seu auge, lá no marcante rock americano dos anos 90. E ao mesmo tempo ver o quanto sua vasta discografia divide radicalmente 99% dos fãs.
Os comentários mais frequentes são do tipo “Desistiu do Weezer quando?”ou “Parou de ouvir os caras em qual álbum?”.
Mas o que a princípio pode até parecer papo sobre banda decadente ou daquelas que seguem no inevitável rumo do esquecimento, na verdade demonstra é uma verdadeira paixão consagrada que faz, mesmo quem não acompanha os lançamentos dos últimos anos (décadas?), ainda ter como os dois (ou três) primeiros discos em lugar muito especial em seus corações.
E com isso chegamos ao show de sábado, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Bem cientes disso tudo pontuado, essa nova turnê que Rivers Cuomo e cia trouxeram até nós teve o foco quase que exclusivo exatamente nessa fase idolatrada do início de carreira.
Tocando pela terceira vez no Brasil e encerrando a noite de domingo como atração principal do festival Indigo Apresenta, a banda californiana resolveu não arriscar e arrebatar/emocionar o máximo do público presente no parque.
Oito faixas do primeiro álbum (homônimo de 1994 mas, claro, conhecido universalmente como “Blue Album”), quatro do também muito querido segundo (“Pinkerton”, de 96) e até duas inusitadas B-Sides da mesma época, formaram o principal do setlist.
Inclusive sobrou espaço para alguns singles de fases (não muito) posteriores como “Island in the Sun”, “Dope Nose” e “Pork and Beans”, mas acho que dos últimos 15 anos só acabou rolando mesmo um breve trecho de “Run Raven Run” (do EP “SZNZ: Autumn”, de 2022). O que, aliás, também não deixou de ser um momento menos arrepiante e emocionante para quem continua curtindo e acompanhando os lançamentos do grupo até hoje.
Se a discografia não é exatamente uma unanimidade, acho que pelo menos nessa apresentação o grupo de River Cuomo (re)conquistou um certo consenso e conseguiu unir, balançar e chacoalhar quase todos os fãs-de-Weezer (sim, é uma categoria especial) presentes.
Apesar da apontada relativamente curta duração (1h15 de show, pois festival) e da qualidade do som e volume que deram aquela variada, o repertório matador e a força das canções, alinhados à presença de palco simples (sem firulas) mas bem verdadeira e carismática foram mais que o suficientes para fazer desse um algo a mais do que “apenas” um ótimo show.
Esse vai para galeria bem seleta dos verdadeiramente especiais! Sim, para os “fãs-de Weezer”. Ou mesmo além, quem sabe?
* Junto com o Weezer, o Índigo Apresenta teve em seu line-up indie-going, entre outros, as nobres bandas britânicas Bloc Party e Mogwai, as ótimas japas do Otoboke Beaver e a espanhola Judeline, “prima” da Rosalía, como estava sendo chamada.
Abaixo, outros vídeos de galera do rolê, além do Weezer.
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* A foto do Weezer que ilustra este post e a chamada da home da Popload é de @sand.