Top 50 da CENA – Xis em primeiro, Lupe de Lupe em primeiro e Sophia Chablau em primeiro. Não conseguimos desempatar

Entre segredos e nomes, o xis da questão sempre foi João. Sabe? Sempre bom abrir mais uma semana com uma poesia quase. Mas é só ler nossa seleção de novidades da CENA para destravar o mistério do nosso verso. Semana agitadíssima para variar, em que não tivemos CORAGEM de decidir um rankeamento normal no nosso pódio, de tão bons os lançamentos que recebemos nos últimos dias. Vem nessa!

Pode apostar que quando os fãs amam muito uma música que ainda não foi lançada estamos falando de um hit – ou pelo menos de uma canção que nunca vai sair do repertório da banda. Se sair, vai ter alguém gritando o show inteiro por ela. Então, já berre por aí antecipadamente: toca “Segredo”! Com seu jeitão super 2001 no riff meio Strokes e seus timbres compridos que se expandem com o andar da música, “Segredo”, guarda o refrão do ano: “Mas se você quiser/ Eu viro um segredo seu/ Não faço barulho nem chamo atenção de ninguém”. “O que eu acho mais doido é que o refrão. Por mais que ele fale sobre uma situação específica, o trecho tem múltiplas interpretações e talvez seja por isso que as pessoas se identificam”, diz Sophia.

“Um Tijolo com Seu Nome” é dos nomes mais certeiros que já vimos para um álbum. O novo do Lupe de Lupe é de fato uma série de tijoladas com nomes de pessoas – engraçado que só não tem o nosso… Só ouvindo para entender: as guitarras são estridentes, altas, muito altas, a voz fica quase o tempo todo lá no fundo da mixagem. Não é aquele disco que soa como se fosse a banda ao vivo, é outra coisa, ainda mais na cara – uma sonoridade rara mesmo. Como o Lupe de Lupe, só existe o Lupe de Lupe. Não sai um disco assim todo dia. Toma essa, roqueiros do Brasil. Não queriam mais guitarras? 

Existe sempre uma cobrança do mundo, às vezes também uma cobrança interna, para que o artista encontre sempre novos caminhos. No mundo da música, já vimos muitos encontrarem novos sons e timbres, mas poucas vezes você presencia um artista mudando sua voz e sua postura diante das músicas. Isso é um pouco do que dá para flagrar em “Invisível Azul”, no álbum do rapper paulistano Xis, seu primeiro disco em muito tempo, após várias mixtapes e singles. Escutamos aqui um Xis com uma colocação vocal muito diferente, explorando distintas abordagens em cada faixa – coisa complexa mesmo, fruto da experiência. Um presente de Xis para o hip hop no cinquentenário do gênero – presente daqueles que só quem é vai sentir. 

No repertório de João Gilberto existem canções que são de outros autores que parecem mais dele do que qualquer outra coisa. Músicas que foram remodeladas de forma que são de João Gilberto. E aqui que é tocante a sensibilidade de Bebel em escolher muito bem 11 delas, em um repertório muito preciso onde a filha faz um retrato carinhoso, como quem faz uma lembrancinha ao pai. “João”, o álbum de Bebel para João, não tem invenção nenhuma a não ser respeitar a “invenção” de João. E aí que está seu brilho. 

1m16s. Até para a geração Tik Tok parece que a Luísa Sonza apelou para fazer uma música tão curta. Não que compor canções curtinhas sejam uma novidade, imagine. Mas chama bastante a atenção o formato bizarro: estrofe em alta velocidade, refrão, repetição da estrofe e uma miniponte, que na real é o fim da música. Ficou estranho. Ou seja, gostamos.  

Tigres ou tigresas estampam a bela capa de “Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua”, o novo álbum de Ana Frango Elétrico, prometido para 20 de outubro deste ano. A senhorita Elétrico deixou a cena em choque, hehehe, com seus primeiros lançamentos – “Mormaço Queima” (2018) e “Little Electric Chicken Heart” (2019). Tudo antes da pandemia, tempo em que vimos a Ana passeando pelas obras dos colegas em colaborações das mais diversas: backings, produções e até fotógrafa de capa. Com letra totalmente em inglês e lançamento mundial previsto, é questão de tempo para Ana Frango Elétrico conquistar o mundo. Justo. 

“Sessões de Tenor” não é a aventura operística de Gabriel Ventura, ex-Ventre. O cantor e compositor, na real, investiu em gravar parte do repertório de seu álbum solo “Tarde” em uma sessão caseira. Seu violão tenor (entendeu?) e os barulhinhos que cercam os arredores de seu cantinho em Petrópolis. Uma ambiência que conta outra história de cada música e da própria voz de Gabriel, colocada em evidência junto com tudo e não na cara do ouvinte, como de costume. 

De Fortaleza, o duo formado por Ayla Lemos e Felipe Couto, formado em 2019, chega a seu primeiro álbum. “Jamais Visto” tem sonzão de gente grande e experiente. Tem ali a âncora do tarimbado Regis Damasceno na co-produção e a masterização de Fernando Sanches, mas Ayla e Felipe assinam a produça que chega firme e lembra muito os bons momentos do Radiohead em “In Rainbows”. Não é exagero nosso, a gente não é disso. “Atrás dos Olhos” tem uma energia boa, tanto que dá até vontade de fazer uma caminhada para ouvi-la em sintonia. E o disco todo corre nessa boa frequência.   

Escutando Leves Passos chegamos em Rudriquix, um cara de Messejana, Ceará, que tem formação em jornalismo e piano, é produtor cultural e participa de mil outros projetos sonoros. Sua investida solitária é bem amalucada e divertida. “AMOAMÚMESSÊ” é um breve experimento eletrônico, com inserções faladas e muitos mistérios. Pede ouvidos novos, sem dúvidas.  

Vamos aproveitar nosso cantinho para dar um recado diferente. Tantão, lenda do underground carioca e capitão dOs Fita, passa por uma situação complicada de saúde e vai precisar gastar uma nota para se cuidar. E como a música independente nunca deixou ninguém vivendo de renda, precisamos nos unir nesta hora. A turma abriu uma Vakinha para arrecadar a grana, rola também via Pix (3960234@vakinha.com.br). Vamos dar uma força para o Tantão, quem puder. 

11 – Luna França – “Gira” (6)
12 – Don L, Djonga e BAKKARI – “Favela Venceu – citação ‘Rap das Armas’ (MC Junior/Mc Leonardo” (Remix) (7) 
13 – Clarice Falcão – “Podre” (8)
14 – Tatá Aeroplano – “Alquimia Sensual” (9)
15 – Chico César e Geraldo Azevedo – “Deus Me Proteja/ Moça Bonita” (10) 
16 – Sessa – “Gostar do Mundo – Demo” (11)
17 – Supla – “Transa Amarrada” (12)
18 – Xande de Pilares – “Diamante Verdadeiro” (13) 
19 – DJ K – “Isso Não É um Teste” (14)
20 – Walfredo em Busca da Simbiose com Saudade – “O Último Girassol” (15) 
21 – Ultraviolet –  “Felicia” (16)
22 – Luiza Lian – “A Minha Música É” (17)
23 – FBC – “O Que Te Faz Ir para Outro Planeta?” (18)
24 – Nina Maia – “Sua” (19)
25 – Gui Hargreaves – “Somewhere to Start” (20)
26 – Garotas Suecas – “Todo Dia É de Mudança” (21)
27 – Mateus Fazeno Rock – “Pode Ser Easy” (22) 
28 – Planet Hemp – “Salve Kalunga” (24)
29 – The Mönic – “Atear” (25)
30 – Ema Stoned -“Vale da Lua” (26)
31 – Lirinha – “No Fim do Mundo” (27)
32 – João Donato – “Flor de Maracujá” (28)
33 – Ava Rocha – “Disfarce” (29)
34 – Terraplana – “Conversas – Ao Vivo” (30)
35 – Holger – “Vida Orgânica” (31)
36 – Zudizilla – “Tempo Ruim” com Don L (32)
37 – Terno Rei – “Mercado” (33) 
38 – Letrux – “As Feras, Essas Queridas” (35)
39 – Wilson das Neves e Rodrigo Amarante – “O Que É Carnaval” (36)
40 – Jadsa e YMA – “Mete Dance” (37)
41 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Viridiana Remix)” (38)
42 – Rico Dalasam – “Espero Ainda” (40) 
43 – Troá! – “Que Pena” (41)
44 – Marcelo D2 – “Tempo de Opinião” (com Metá Metá) (42)
45 – Luisão Pereira – “Licença” (com Luíza Nery) (43)
46 – Ítallo – “Tarde no Walkiria” (44)
47 – Dj RaMeMes – “Vamo Fuder” (46)
48 – Zé Ibarra – “Vou Me Embora” (47)
49 – Rincon Sapiência – “XONA” (48)
50 –  ÀTTØØXXÁ – “Dejavú” (com Liniker) (50)

* Na vinheta do Top 50, o rapper Xis.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.



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