Top 50 da CENA – Liniker ajudando a salvar os domingos. Ale Sater querendo estar no top. E a Tássia Reis cai no samba

Lançar um disco em plena segunda-feira, quebrar a monotonia das redes e renovar o amor das pessoas por música – música esta que fala direto com o coração, artigo em falta. São essas algumas das conquista da moça que está no nosso primeiro lugar nesta semana.

Olhe para as 50 músicas mais tocadas no Brasil hoje e conte nos dedos quantas passam dos três minutos. Em “Caju”, seu segundo trabalho solo, Liniker faz questão de enfileirar três músicas que ultrapassam sem medo os sete minutos – e estamos falando do disco mais pop na carreira da artista até aqui, sem dúvida, seu álbum que mais fez barulho. Qual é a mágica? Talvez a combinação de amor e coragem projetada pela compositora em cada canção, que parece ter falado ao coração das pessoas, como quem encontra o pedaço que falta de um intrincado quebra-cabeça. E entendemos perfeitamente os fãs que preenchem as redes sociais de diferentes tons de laranja-caju, também estamos de queixo caído com o balanço grave de “Me Ajude a Salvar os Domingos”. Alma música, saca?  

No aquece para o lançamento do seu primeiro disco solo, que sai jájá em setembro, Sater revelou nesta semana o seu segundo single deste álbum de estreia longe da Terno Rei, sua banda lado A. “Quero Estar” traz referências noventistas mirando em Everything But the Girl, Elliot Smith e vem com vídeo fofo, gravado em míni-DV, que conta a historia de um casal, no caso ele e sua mulher, a criativa Thaís Jacoponi, num passeio por uma São Paulo ensolarada. Junto do single anterior, a linda “Ontem”, achamos que já dá para ter uma boa pista do que vem por aí nessa aguardada estreia.

Tássia Reis faz rap, mas tem uma história familiar com o samba. Foi através do samba que seus pais se conheceram, sendo de escolas rivais – sim, bem roteiro de cinema. Esta “Asfalto Selvagem” deve estar no próximo álbum e dialoga bem com “Ofício de Cantante”, outro single de samba de Tássia, este mais tradicional. Ambos recomendados.

Ainda no samba e sem deixar o ritmo cair, o sempre prolífico saxofonista Thiago França apresenta seu “Canhoto de Pé”. Disco solo que chega com uma capa espertíssima onde Thiago aparece com um cartaz promocional com seu nome. O artigo em promoção é sua música, trabalho mal remunerado pelas plataformas de streaming. Ah, chamamos de disco solo por convenção, o álbum é mais uma ação entre bons amigos, artigo que não está em falta para Thiago. Dos muitos que marcam presença aqui, tem Juçara Marçal, sua parceira de Metá Metá. Juntos oferecem “Dor Elegante”, obra musical da caríssima dupla Itamar Assumpção e Paulo Leminski.

Por falar em streaming, Marcelo D2 finalmente colocou para jogo seus três primeiros discos solos nas plataformas digitais e também seu Acústico MTV. Capaz que uma geração todinha finalmente ouça, pela primeira vez, seu melhor trabalho: o fortíssimo “A Procura da Batida Perfeita”, de 2003. Sua pesquisa avançada de como juntar rap e samba segue soando muito bem mais de 20 depois, na sonoridade e na lírica, no que talvez seja seu momento mais inspirado. Poderia ter sido lançado hoje e faria barulho.  

Moreno, ao lado dos amigos Pedro Sá e Domenico, regravou uma série de músicas que falam de comida. Estão no EPzinho “Sons e Sabores”. O disco é uma trilha sonora para o livro da chef Morena Leite. No repertório, além de Gilberto Gil, são recuperadas canções de Milton Nascimento, Assis Valente e Alceu Valença. Cabe bem no almoço de domingo, viu?  

“Cais”, uma das músicas mais marcantes do álbum “Clube da Esquina”, por consequência uma das mais marcantes na carreira de Milton Nascimento, já foi regravada tantas vezes por ele mesmo que fica a pergunta: vale ir lá mais uma vez? Sim. Ô, se vale é a resposta que encontramos em “Milton + Esperanza”. É de se imaginar que Esperanza Spalding não gostaria de atravessar essa aventura sem imaginar um arranjo seu para “Cais”. E é na sua opção em desacelerar a canção, já bem lenta originalmente, que encontramos uma nova voz de Milton. Um Milton que se alterna em seu timbre envelhecido, mas que em breves momentos soa como o jovem compositor de “Cais” – ele beirava os 30 quando registrou a canção pela primeira vez. Qual é a mágica? Não sabemos. Talvez seja até um truque da nossa percepção emocionada. Em se tratando de música, tá valendo. 

Se tem uma banda que só melhora single a single é a turma do Varanda. O time mineiro formado por Amélia do Carmo, Augusto Vargas, Mario Lorenzi e Bernardo Merhy parece cada vez mais entrosado e gostando do jogo bem jogado. E o excesso de metáfora futebolística aqui é porque o vídeo deste single “Vida Pacata” apresenta o quarteto batendo uma bola. Dolorida e colorida, com versos como “Fala que gosta, mas já não gosta tanto assim”, a música estará no álbum de estreia da banda, “Beirada”, que chega aos nossos ouvidos ainda neste agosto.  

Curumin vem aos poucos dando pistas do seu próximo trabalho solo, ainda sem nome. Os singles apontam para uma ambientação serena, em especial na voz sempre tranquila do baterista. Falando de amor com discretas influências de rap: “Flecha do Dedo” parece a base de uma hipotética track romântica dos Racionais enquanto esta “Paixão Faixa Preta” é parceria com Rico Dalasam. 

“Um Tom de Azul” é o ponto alto de “Portal”, novo álbum de Rashid. A faixa retoma musicalmente a introdução do disco e ainda traz como feat. Péricles, que é mencionado em verso na faixa anterior, “Sem Norte”. Esse contexto todo derrete qualquer ouvinte, se é que sobrou alguém firme depois da declaração de amor de Rashid ao filho em “Cairo”. “Portal” é bem conceitual mesmo, como define o próprio rapper. Cada música fala de períodos-chave da vida que quase todos atravessam, como verdadeiros portais – o começo de amores, o flerte com a desistência do sonho, a chegada de um filho, o final de um relacionamento. A+. 

11 – Papangu – “Maracutaia” (5) 
12 – Vitor Milagres – “Um Barato” (6)
13 – Dora Morelenbaum – “Caco” (7) 
14 – Bebé, Rei Lacoste, Giovani Cidreira e Tangolo Mangos – “Sem Ódio na Pista” (8)
15 – Maria Beraldo – “I Can’t Stand My Father Anymore” (10)
16 – Sítio Rosa – “Lhasa” (11)
17 – Apeles – “Fragment” (12)
18 – Sant, Don L, Nill, Caio Passos e BPP Tan – “Coisas Que Se Resolvem na Porrada” (13) 
19 – Siba – “Vaivem” (14) 
20 – Jota Ghetto e Jamés Ventura – “Downtown” (com KL Jay) (15)
21 – Febem – “Abaixo do Radar” (com CESRV e Smile) (16)
22 – DJ Anderson do Paraíso – “Madrugada Fria” (17) 
23 – Alaíde Costa – “Foi Só Porque Você Não Quis” (18) 
24 – PLUMA – “Se Você Quiser” (19) 
25 – Hoovaranas – “Fuga” (20) 
26 – Exclusive os Cabides – “Coisas Estranhas” (21)
27 – Chico Bernardes – “Até Que Enfim” (23)
28 – TRAGO – “Porvir” (24)
29 – Samuel Rosa – “Não Tenha Dó” (26)
30 – Tontom – “Tontom Perigosa” (28)
31 – Vivian Kuczynski – “Me Escapo a Cuba” (29)
32 – Quartabê – “Eu Cheguei Lá” (30)
33 – Jup do Bairro – “Mulher do Fim do Mundo” (31)
34 – Paira – “Música Lenta” (32)
35 – Papisa – “Vai Passar” (33)
36 – Carlos do Complexo – “Sextos Sentidos” com Menor do Engenho e Marlon do Engenho (34)
37 – Antônio Neves – “Dinamite” (35)
38 – Hermeto Pascoal – “Passeando pelo Jardim” (36)
39 – Mateus Fazeno Rock – “Madrugada” (38)
40 – Julia Branco – “Baby Blue” (39)
41 – O Grilo – “Manual Prático do Tédio” (40)
42 – Taxidermia – “Clarão Azul” (42)
43 – Mirela Hazin – “Delírio” (43)
44 – Bruno Berle – “Te Amar Eterno” (44)
45 – Pabllo Vittar – “Pra Te Esquecer” (45)
46 – Tuyo – “Devagar” (46)
47 – Irmãs de Pau – “Megatron” (47)
48 – Haroldo Bontempo – “Risada (com João Donato)” (48)
49 – Deize Tigrona – “25 de Abril (com Boogarins)” (49)
50 – Amaro Freitas – “Y’Y” (50)

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* Entre parênteses está a colocação da música na semana anterior. Ou aviso de nova entrada no Top 50.
** Na vinheta do Top 50, a cantora Liniker, sob foto de Caroline Lima.
*** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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