Top 50 da CENA – Ana Frango em primeiro, óbvio. Gole Seco mostra seus dois lados em segundo. E a Terra… acaba com a ausência emplaca o terceiro

Nesta semana não tinha erro, né? Estamos completamente viciados em Ana Frango Elétrico. Aquele papo de passar 80% do tempo falando sobre “Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua” e os outros 20% torcendo para outra pessoas falarem sobre para a gente poder dar um pitaco sobre o disquinho. Arrepiou, Ana. 

Quantas músicas de “Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua”, novo álbum de Ana Frango Elétrico, caberiam aqui em primeiro lugar? Todas é uma resposta justa, viu? Estamos apaixonados pelo disco. A cada audição uma coisa fica ressaltada. De vez em quando é a produção obcecada pelos detalhes e timbres – “Sei o que eu quero e sigo meu ouvido”, ela nos contou em um papo. Outra hora são as letras espertas – “Quis trazer minha subjetividade musical e visual, símbolos que pairam, sentimentos”. Sem ponta solta, esperem por Ana em todas as boas listas de discos do ano – até em listas internacionais, estamos achando. 

Artistas de diferentes trajetórias, Loreta Colucci, Claudia Dantas, Giu de Castro e Nathalie Alvim formam o grupo vocal Gole Seco. Projeto que nasceu em 2019 e ganhou os palcos em 2022, o Gole Seco agora lança seu primeiro álbum, repartido em dois EPs: “Lado A” e “Lado B”. Em “Lado B”, a música que dá nome ao grupo é o destaque por materializar uma das intenções do quarteto: quebrar o paradigma esperado em uma reunião de vozes femininas. “Ascendendo caminhos mais reais e múltiplos do comportamento humano”, elas escrevem.

O título da música não pode ser “Ausente” por acaso. Alguém lançou a piada no Instagram: “E o lançamento nunca me pareceu tão distante”. Pois, é. Das bandas instrumentais mais inventivas e queridas da cena, o quarteto formado por Lucas Theodoro, Luccas Villela, Luden Viana e Rafael Jonke Burit vinha de um relativo silêncio. Nadinha de música nova desde 2018. Mas o novo EP da banda, “Linguagem”, atualiza as coisas e traz para o público o que o EATNMPTD maturou no longo período de pausa criativa e também nas atividades, em especial pelo silêncio imposto pela pandemia. “Sem pressa para lançar ou agendas cheias de shows, pudemos olhar para as músicas de maneira que nem sempre foi possível”, cravou Luden. 

Dois vídeos muito bons entraram no ar (ou no Youtube, se você é menos romântico) nesta semana. Ampliando a divulgação de seus excelentes álbuns, ÀIYÉ e Letrux lembram a gente do quão foda são “Transes” e “Letrux como Mulher Girafa”. Além da memória musical, a expansão dos visuais e conceitos estéticos bem cuidados de ambas é apaixonante para variar. O lançamento quase simultâneo é coincidência demais. 

Achou que a gente não ia falar do álbum de estreia do TUM? Achou errado, como já diria um famoso poeta. O reencontro do casal Luísa Matsushita e Chuck Hipolitho, romance que virou banda e agora rendeu “GEMA”. É tanta paixão envolvida que cada um escreveu uma cartinha de amor ao outro explicando o disco. E o romance é o fio-condutor indireto do passeio criativo posto em “GEMA”. “Esse é o trabalho musical mais íntimo que já fiz. Tudo verdade (BASEADO EM FATOS REAIS). Nunca imaginei que faria outra banda e essa aconteceu por necessidade”, explica Luísa. Essa sinceridade está estampada no som. 

Samba inédito dos autores Nei Lopes e Wilson Moreira, inspirado em “Dia de Graça”, clássico de Candeia, ganhou corpo com as vozes impecáveis de Fabiana Cozza e Leci Brandão. O single é o anúncio para um álbum onde Fabiana trará para o campo diversas músicas inéditas de Nei Lopes – o disco vai se chamar “Urucungo” e sai em novembro. 

Dona de flow bastante original, Monna Brutal, cria do “Jova Rural”, apresenta suas diversas ideias, vozes e timbres no curto e certeiro EP “Limonnada”. Ninguém quebra as palavras e junta os pedaços de volta como ela. “Esse Puto” é papo reto em cima dos haters e aproveitadores. 

No mundo cíclico do pop, a estética anos 2000 que permeou a infância da Gab Ferreira é a estética da moda e esse visual que ela puxa para a capa do single “Hustle”, música composta durante as incertezas da pandemia, mas que acaba por tirar Gab do seu modo mais introspectivo em direção ao um pop mais fritadinho e alegre. Pense na Britney do começo dos anos 10 – que bombou menos que sua fase 00, mas que a gente sabe que impactou muito a Gab. 

Que hit. Uma pena que talvez as rádios não tenham coragem de tocar a música por ser tão explícita ao falar de gozo – uma ironia, já que a mesma censura não atinge músicas menos sutis. Até porque o gozo aparece aqui em múltiplos sentidos igual a proposta do álbum “MAU”, que chega nas plataformas no dia 25. E que Jaloo define assim: “É sobre a morte, tanto em sentidos literais quanto figurados [lê-se orgasmo ou “pequenas mortes”]“. Jaloo também explica que será seu álbum mais íntimo, feito no quarto com seu computador. É de perto que se vê o todo, então. 

11 – RUBI & Shirts – “DM” (6)
12 – Mãeana – “Meditação” (7)
13 – MC Carol – “Só de Passagem” (8)
14 – Romulo Fróes e Rodrigo Campos – “Cidade Trovão” (9)
15 – Rodrigo Ogi – “Aleatoriamente” (10) 
16 – Assucena – “Reluzente” (11)
17 – MADRE – “CAOS”/TRANSE” (12)
18 – Tangolo Mangos – “Poca” (13)
19 – Tuyo “Prece (Sample Anjos (Pra Quem Tem Fé))” (14) 
20 – My Magical Glowing Lens – “Sobrevoar” (15)
21 – Apeles – “Magical/Rational” (16) 
22 – Viratempo – “Solar” (17)
23 – Alaíde Costa – “Ata-me” (18)
24 – Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo – “Quem Vai Apagar a Luz” (com Negro Leo) (19)
25 – Alzira E + Corte – “Filha da Mãe” (20)
26 – Babe, Terror – “Casa das Canoagens” (21)
27 – Luiza Lian – “Viajante” (22)
28 – Inês É Morta – “Vida em Paranoia” (23)
29 – Gabriel Milliet – “Silêncio Brutal” (24)
30 – Tássia Reis – “Ofício de Cantante” (25)
31 – Don L – “Lili” (com Terra Preta e AltNiss) (28)
32 – Varanda – “Vontade” (29)
33 – dadá Joãozinho – “Pai e Mãe” (30)
34 – Karen Francis – “Linha do Tempo” (31)
35 – Clarice Falcão – “Podre” (34)
36 – Xande de Pilares – “Diamante Verdadeiro” (35) 
37 – DJ K – “Isso Não É um Teste” (36) 
38 – FBC – “O Que Te Faz Ir para Outro Planeta?” (37)
39 – Garotas Suecas – “Todo Dia É de Mudança” (38)
40 – Mateus Fazeno Rock – “Pode Ser Easy” (39) 
41 – Lirinha – “No Fim do Mundo” (40)
42 – Ava Rocha – “Disfarce” (41)
43 – Zudizilla – “Tempo Ruim” com Don L (42)
44 – Jadsa e YMA – “Mete Dance” (44)
45 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Viridiana Remix)” (45)
46 – Rico Dalasam – “Espero Ainda” (46) 
47 – Troá! – “Que Pena” (47)
48 – Marcelo D2 – “Tempo de Opinião” (com Metá Metá) (48)
49 – Luisão Pereira – “Licença” (com Luíza Nery) (49)
50 – Dj RaMeMes – “Vamo Fuder” (50)

***
*  Na vinheta do Top 50, a cantora e produtora carioca Ana Frango Elétrico, em foto de Hick Duarte.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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