Top 50 da CENA – Ana Frango eletriza o ranking. Gabriel Ventura abraça o pódio. Leves Passos puxa para cima a galera boa do Ceará

Que difícil escrever este texto aqui do começo! Explicamos. É que demos play na nova do Ana Frango Elétrico e ficou complicado bater o texto enquanto você balança o corpo todo. Mas vamos que vamos. E com um olhar especial para Fortaleza. Achamos uma turma bem legal de lá. A CENA está fervendo, você sabe.  

Tigres ou tigresas estampam a bela capa de “Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua”, o novo álbum de Ana Frango Elétrico, prometido para 20 de outubro deste ano. A senhorita Elétrico deixou a cena em choque, hehehe, com seus primeiros lançamentos – “Mormaço Queima” (2018) e “Little Electric Chicken Heart” (2019). Tudo antes da pandemia, tempo em que vimos a Ana passeando pelas obras dos colegas em colaborações das mais diversas: backings, produções e até fotógrafa de capa. Com letra totalmente em inglês e lançamento mundial previsto, é questão de tempo para Ana Frango Elétrico conquistar o mundo. Justo. 

“Sessões de Tenor” não é a aventura operística de Gabriel Ventura, ex-Ventre. O cantor e compositor, na real, investiu em gravar parte do repertório de seu álbum solo “Tarde” em uma sessão caseira. Seu violão tenor (entendeu?) e os barulhinhos que cercam os arredores de seu cantinho em Petrópolis. Uma ambiência que conta outra história de cada música e da própria voz de Gabriel, colocada em evidência junto com tudo e não na cara do ouvinte, como de costume. 

De Fortaleza, o duo formado por Ayla Lemos e Felipe Couto, formado em 2019, chega a seu primeiro álbum. “Jamais Visto” tem sonzão de gente grande e experiente. Tem ali a âncora do tarimbado Regis Damasceno na co-produção e a masterização de Fernando Sanches, mas Ayla e Felipe assinam a produça que chega firme e lembra muito os bons momentos do Radiohead em “In Rainbows”. Não é exagero nosso, a gente não é disso. “Atrás dos Olhos” tem uma energia boa, tanto que dá até vontade de fazer uma caminhada para ouvi-la em sintonia. E o disco todo corre nessa boa frequência.   

Escutando Leves Passos chegamos em Rudriquix, um cara de Messejana, Ceará, que tem formação em jornalismo e piano, é produtor cultural e participa de mil outros projetos sonoros. Sua investida solitária é bem amalucada e divertida. “AMOAMÚMESSÊ” é um breve experimento eletrônico, com inserções faladas e muitos mistérios. Pede ouvidos novos, sem dúvidas.  

Vamos aproveitar nosso cantinho para dar um recado diferente. Tantão, lenda do underground carioca e capitão dOs Fita, passa por uma situação complicada de saúde e vai precisar gastar uma nota para se cuidar. E como a música independente nunca deixou ninguém vivendo de renda, precisamos nos unir nesta hora. A turma abriu uma Vakinha para arrecadar a grana, rola também via Pix (3960234@vakinha.com.br). Vamos dar uma força para o Tantão, quem puder. 

A gente viu estes dias a Luna França no Bar Alto e ficou de cara com o poder dela no palco. A cantora está na atividade de movimentar seu álbum “UM”, lançado ano passado, e investiu em um vídeo para “Gira”, que saí logo mais e que lembrou a gente um pouquinho daquela performance da Kate Moss em um famooooso vídeo do White Stripes. Porém aqui com uma edição mais artística e uma apresentação infinitamente mais técnica. Assista. 

No incrível “RPA, Vol.2”, um dos discos do ano em 2021, o mineiro Djonga era um feat. (quase) secreto em “Favela Venceu”. Faltava o verso dele na canção, que agora aparece em um remix da faixa. Na opinião do próprio Djonga (e na nossa também), um de seus melhores textos de sua carreira: “Vai pra luta cedo, mamãe falou/ Eles quase aos quarenta, Mamãefalei” é só uma das boas tiradas. Destaque também para o jovem Bakkari, de Fortaleza, que abre a música e também chega firme: “Não desacredita que nós é Ronaldo no ano do penta/ Nós tava lá embaixo na expectativa mas pega a responsa, mata ela no peito e sustenta”. Na reprise dos versos de Don L, é bom lembrar a saudação aos heróis brasileiros: Milton Santos, Sabotage, Dina Di e Marighella.

É engraçada essa Clarice Falcão. Em seu novo álbum, Truque”, as canções de amor são cheias de cenas esdrúxulas (“Me apaixonei no banheiro químico”), enquanto nas de desilusão ressoam beleza e até o desejo por realidades paralelas (im)possíveis. Lá ou cá, a cronista dos relacionamentos modernos segue afiadíssima. Retrata dependências amorosas (“Dizer Adeus”), projeções terríveis (“Ideia Merda) e encontra até um final feliz (“Segunda Dimensão”), sem querer dar muito spoiler de um álbum notadamente conceitual. Sonoramente ela segue a exploração mais modernosa iniciada em “Tem Conserto” (2019) e dá muita liga. Muito bom!. 

Tatá Aeroplano entra em um clube em Manchester no meio da década de 80. Essa cena poderia ser uma boa ideia para um vídeo do seu novo álbum, “Boate Invísivel”, onde o compositor agora se aventura pelos timbres eletrônicos que fizeram a cabeça dos ingleses. É impossível não pensar em New Order nos primeiros segundos de “Alquimia Sensual”. Uma novidade do projeto é o fato de todas as composições serem assinadas pela banda que acompanha Tatá há alguns anos: Bruno Buarque, Dustan Gallas, Junior Boca, Kika e Malu Maria. Só de ler dá para pensar que ele voltou aos primórdios, o de sua primeira banda, a Jumbo Elektro. Mas vai muuuito além.

O encontro de dois grandes violonistas e hitmakers só poderia dar bom. Geraldo Azevedo e Chico César juntos em “Violivoz”, álbum lançado sexta passada, enfileiram nada mais nada menos que 20 sucessos. Se ainda houvessem banquinhas de CD piratas, esse ia estourar demais. 

11 – Sessa – “Gostar do Mundo – Demo” (5)
12 – Supla – “Transa Amarrada” (6)
13 – Xande de Pilares – “Diamante Verdadeiro” (7) 
14 – DJ K – “Isso Não É um Teste” (8)
15 – Walfredo em Busca da Simbiose com Saudade – “O Último Girassol” (9) 
16 – Ultraviolet –  “Felicia” (10)
17 – Luiza Lian – “A Minha Música É” (11)
18 – FBC – “O Que Te Faz Ir para Outro Planeta?” (12)
19 – Nina Maia – “Sua” (13)
20 – Gui Hargreaves – “Somewhere to Start” (14)
21 – Garotas Suecas – “Todo Dia É de Mudança” (15)
22 – Mateus Fazeno Rock – “Pode Ser Easy” (16) 
23 – Jasmin Godoy – Show Me the Way (17) 
24 – Planet Hemp – “Salve Kalunga” (18)
25 – The Mönic – “Atear” (19)
26 – Ema Stoned -“Vale da Lua” (20)
27 – Lirinha – “No Fim do Mundo” (21)
28 – João Donato – “Flor de Maracujá” (22)
29 – Ava Rocha – “Disfarce” (23)
30 – Terraplana – “Conversas – Ao Vivo” (24)
31 – Holger – “Vida Orgânica” (25)
32 – Zudizilla – “Tempo Ruim” com Don L (26)
33 – Terno Rei – “Mercado” (27)
34 –  Sain – “Aquelas Coisas Mais pra Frente” (28) 
35 – Letrux – “As Feras, Essas Queridas” (29)
36 – Wilson das Neves e Rodrigo Amarante – “O Que É Carnaval” (30)
37 – Jadsa e YMA – “Mete Dance” (31)
38 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Viridiana Remix)” (32)
39 – Raffa Moreira – “Beleza Exótica” (com Matuê e Jay Kay) (33)
40 – Rico Dalasam – “Espero Ainda” (34) 
41 – Troá! – “Que Pena” (35)
42 – Marcelo D2 – “Tempo de Opinião” (com Metá Metá) (36)
43 – Luisão Pereira – “Licença” (com Luíza Nery) (38)
44 – Ítallo – “Tarde no Walkiria” (41)
45 – Ruadois – “Sprint” (42)
46 – Dj RaMeMes – “Vamo Fuder” (43)
47 – Zé Ibarra – “Vou Me Embora” (44)
48 – Rincon Sapiência – “XONA” (45)
49 – TUM – “DTF” (46)
50 –  ÀTTØØXXÁ – “Dejavú” (com Liniker) (48)


* Na vinheta do Top 50, a carioca Ana Frango Elétrico, em foto de Hick Duarte.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

MDE 1 – horizontal miolo página
Untitled