Top 50 da CENA – A construção do amor em várias formas, por Don L, Giovani Cidreira, Luiz Lins e João Gomes

O ano só acaba quando termina, né? E a semaninha foi quente em lançamentos. Um episódio cheio de músicas de amor. O clima esquentou, sabe assim? Será que vai ter top para os lançamentos semana que vem? Ainda tem gente fazendo música neste país?

Um multiplicado Thiago França fornece os sopros que dão espaço para Don L mandar o xaveco mais bem bolado do ano: “Disse que o coração tá interditado. Eu disse: eu sou trabalhador da obra”. Esta “Tudo É Pra Sempre Agora” parece uma versão estendida do diretor para o romance noturno filmado em “Lua e Estrela”, canção de Vinicius Cantuária, famosa na voz do Caetano Veloso – uma influência que aparece em letra e música aqui: “Deixa o destino, deixa o acaso”. No vídeo da faixa, Don joga referências de Wong Kar-Wai, diretor chinês citado na letra, e insinua um trailer de uma história maior. Será? Uma love song para deixar o futuro 2024 mais vermelho.

Se Don L sorriu para um forró ali em cima, Giovani Cidreira e Luiz Lins tomaram todas com um bom piseiro aqui. Outra canção feita na fervura do amor. Amor romântico, mas também amor pela música e pelo lugar onde vive a sua música. Também em tons de vermelho, nem que seja o vermelho da lata da mesa de um bar sujo. Como se dissesse: “Tendo você por lá, precisa de mais alguém?”

Por falar se vem mais alguém, o que é João Gomes resgatando um som da Banda do Mar? A aventura de verão que reuniu Marcelo Camelo, Mallu Magalhães e o português Fred Pinto Ferreira caiu perfeita na voz de João Gomes, outro que anda apaixonadíssimo, pelo visto. E sua versão reforça o singelo que habita nos versos: “Mesmo que não venha mais ninguém/ Ficamos só eu e você/ Fazemos a festa, somos do mundo/ Sempre fomos bons de conversar”.

Carlos Lyra tem seus 90 anos celebrados em “Afeto”, álbum lançado pelo Selo Sesc que conta com regravações de canções suas por medalhões da MPB. Não somos os maiores especialistas em Lyra, mas somos apaixonados por suas músicas do começo da bossa nova. Dos letristas daquele período, acho que era o mais esperto, o que tinha um vocabulário mais perto de como as pessoas de fato conversam. “Lobo Bobo” ainda é quente por mais que soe inocente de tudo. Não é. Tem versões brilhantes na voz de João Gilberto e Wilson Simonal, onde cada um a seu modo muito particular faz da música um espetáculo, dançando com a melodia que pede improvisos, como se solicitasse atrasos e antecipações. Num território onde não parecia caber mais invenção, Mart’nália deitou e rolou – duvido que você consiga cantar junto com ela, que desacelera tudo, mas não se perde nunca. Coisa absurda.

Marcelo Perdido reflete sua idade, essa do título da música”, num pop musicalmente rebuscado, mas com o resultado direto na linha: “Vou resolvendo minha vida mês a mês”. Artista visual diferenciada, fica melhor para você enxergar esse dilema de perdido vendo o vídeo da música, em que ele usa muitas linguagem visuais para chegar a uma só conclusão. Perdido é bom.

E a Fresno dá start em mais uma etapa da carreira com single novo – preparação sempre muito bem-cuidada, com escolha de cor da temporada e tudo – desta vez o investimento é em um tom de azul mais claro. “Eu Nunca Fui Embora” é um teste para a garganta. Lucas berra lá no alto. E, antes que você se assuste com a letra que descreve um relacionamento para lá de torto, a música é um exercício de ficção do casal Karen Jonz e Lucas Silveira e provavelmente não fala de um relacionamento amoroso – é mais provável que seja um papo entre alguém e sua própria ansiedade.

“Dano Sarrada” da Marina Sena causou nesta semana por dois motivos. Em menor parte, pelo tweet de Marina em defesa da letra a partir de uma crítica feita por um seguidor. Em maior parte, pelo vídeo que traz a artista sendo vigiada de perto em uma mansão por um personagem oculto – num vídeo que pode entrar na concorrência pelo prêmio de mais sexy do ano.

Chateado com os rumos do pop brasileiro e suas repetições e lugares comuns? Nada disso rola no batidão da Aysha Lima. O grave de “Amor e Som” bate diferente, delícia de som – e você vai ficar de cara quando a música muda de rumo perto do fim. Viciante. E vale notar que o álbum “Ín.ti.mo” abre lotado de emoção com o áudio “7 de Setembro”. Muito bom.

Teve uma loirinha causando no Allianz esses dias. Taylor o quê? Não, estamos falando da Lori. Explicamos: a Lori, artista meio italiana e meio brasileira, foi na fila da Taylor para divulgar seu novo disco. Gostamos do seus argumentos para conquistar a turma: “O meu ingresso não é mil reais”, “Eu faço música em português”, “Eu respondo na DM do Instagram”. A gente ouviu o disco, que tem um feat. bacana do sempre excelente FCB. Aprovamos tudo!

Quer mais um R&B brasileiro de qualidade? Se ligue no som da Juyè. Jovem artista que soltou um álbum bem interessante que nos pegou lá em 2022, chamado “Bem Pra Frente”, com uma versão “Lado B”, um tempinho atrás, no começo de 2023. Vale também ir atrás do single mais recente dela: “Chá”, que entre outros convidados traz o onipresente Djonga.

11 – tttigo e dadá joãozinho – “SEM SEGURO” (6)
12 – Rodrigo Campos e Romulo Fróes – “Um Amor Cantando” (7)
13 – Amiri – “Limbo” (8)
14 – Duda Beat – “Saudade de Você” (9)
15 – Apeles – “Lábios Mentem À Distância” (10)
16 – Giovanna Moraes – “As Mina no Poder” (11)
17 – Nelson D – “Defensor Assassinado” (12)
18 – Bruno Berle – “Tirolirole” (13)
19 – Dead Fish – “Dentes Amarelos” (14)
20 – Ebony – “Espero Que Entendam” (15)
21 – Wolfgig – “On Air” (16)
22 – Jaloo – “Pra quê amor?” (17)
23 – DJ RaMeMes, DJ Pretinho de VR, DJ Ramom, DJ LC da VG – “Putaria em Volta Redonda” (18)
24 – Viratempo – “Tropical 08” (19)
25 – Papisa – “Melhor Assim” (20)
26 – YOÙN e Carlos do Complexo – “Não Vou Dançar Sozinho” (21)
27 – Tuyo – “Eu Vejo o Futuro” (22)
28 – Ana Frango Elétrico – “Boy of Stranger Things” (23)
29 – E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante – “Ausente” (24)
30 – TUM – “Rainha da Sumaré” (25)
31 – Fabiana Cozza e Leci Brandão – “Dia de Glória” (26)
32 – Monna Brutal – “Esse Puto” (27)
33 – Gab Ferreira – “Hustle” (28)
34 – MC Carol – “Só de Passagem” (29)
35 – Rodrigo Ogi – “Aleatoriamente” (30)
36 – Assucena – “Reluzente” (31)
37 – Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo – “Quem Vai Apagar a Luz” (com Negro Leo) (32)
38 – Alzira E + Corte – “Filha da Mãe” (33)
39 – Varanda – “Vontade” (35)
40 – dadá Joãozinho – “Pai e Mãe” (36)
41 – Karen Francis – “Linha do Tempo” (37)
42 – Xande de Pilares – “Diamante Verdadeiro” (39)
43 – FBC – “O Que Te Faz Ir para Outro Planeta?” (40)
44 – Mateus Fazeno Rock – “Pode Ser Easy” (41)
45 – Zudizilla – “Tempo Ruim” com Don L (44)
46 – Jadsa e YMA – “Mete Dance” (45)
47 – ÀIYÉ – “OXUMARÉ (Viridiana Remix)” (46)
48 – Rico Dalasam – “Espero Ainda” (47)
49 – Troá! – “Que Pena” (48)
50 – Marcelo D2 – “Tempo de Opinião” (com Metá Metá) (49)


***
*  Na vinheta do Top 50, o rapper Don L.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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