Top 50 da CENA -2024 começa com rap baiano nas cabeças (mais ou menos isso). E você já conhece a Clara Bicho, bicho?

A rotação de lançamentos no Brasil é um pouco diferente da do resto do mundo. Lá fora já existe uma obsessão em aproveitar o começo do ano para tentar ganhar terreno enquanto menos gente está trabalhando. Aqui ainda seguimos com a firmeza (justa, diga-se) de esperar o Carnaval passar. Mas temos corajosos dando o pontapé inicial no ano com boas músicas nova. Bora entrar oficialmente em 2024.

O baiano Vandal, com certeza um dos melhores rappers do país hoje, bota seu grime para dialogar com o pagodão baiano do Fantasmão, com o propósito de encontrar os samples que municiam uma das faixas do seu breve EP, que leva justamente o nome de “Violah” tal qual esta música. Dois pés na porta: “Se todo homem tem seu preço, eu não quero saber o meu”. 

De Belo Horizonte se apresenta a artista Clara Campos e seu Clara Bicho, um projeto musical e visual. Os desenhos quase infantis e coloridos de Clara dão o tom para músicas em climas um tiquinho mais sombrios. Uma vibe de músicas feitas no quarto, esperando o calor do dia passar para dar uma volta pela noite. Olho nela!

Começo de ano sempre tem que ter uma inédita do rapper paulistano Parteum. E mais uma vez ele chegou com novidade no dia 1° de janeiro. E já temos um verso para guardar para o ano todo: “O que for meu antes do físico subir eu multiplico”. Faixa esperta com o flow bastante copiado por aí do Parteum, que colheu muito das ideias da letra em andanças escutando vendedores em aglomerações. Rua.  

Uma questão de todo começo do ano é: qual será a música do Carnaval? O Psirico, comandado por Márcio Victor, o favorito de Kayne West, simplicou as coisas e nomeou sua música nova simplesmente de “Música do Carnaval”. Será que pega? É divertida, requebra no ritmo e dá recados importantes: fortaleça a tia da cerveja, respeite o catador de latinha e “Não é não!”. Bacana. Aliás, “Lepo Lepo”, hit de outros carnavais, completa dez anos em 2024. 

Se quiser se manter no espírito do Carnaval, vale sacar o balanço que vem de Recife da banda GRIYÖ. Sacolejante e contagiante o som da trupe, “Afropenobeat (Passando Som)” abre o EP de mesmo nome como o que seu título indica: um teste de som. Com os graves, médios e agudos ajustados, a frequência de alegria dos ouvintes é que fica certa. 

“Escuro Brilhante, Último Dia no Orfanato Tia Guga”, novo álbum do Rico Dalasam, ganhou finalmente os streamings no final do ano passado. O rapper inovou um tanto nesse lançamento e divulgou antes o disco “na mão”, digamos. Na real, distribuiu o link por Whatsapp. Uma forma de lutar contra algoritmos e pressões diversas. No novo trabalho, Rico amplia suas conversas sobre amor próprio, crescimento e relacionamentos. Acompanhados dos parceiros de sempre, Dinho e Mahal Pita, ainda colam 808 Luke, Marcelo Cabral, Chibatinha, fora Eliana Pittman no sample e Liniker na voz. Coisa linda.

Um álbum que é uma sitcom – com direito a tema de abertura, piloto, comerciais e créditos. Foi nesse conceitão que a dupla mineira Ogoin & Linguini investiu em “Ogoin & Linguini: TV Show”, seu disco de estreia. Misturas as cores de “Maluco no Pedaço” com o baixo com slap de “Seinfeld” e um clima pop do começo do século XXI – Justin, Pharrell, Timbaland… Joga um tiquinho de seriados dublados que passavam à tarde no SBT e anime matinal da TV Globinho. São os mineiros dando as cartas na cena de hip-hop mais uma vez – alô, Djonga e FBC. Tá aí um disco que pede reprise no play (risadas gravadas ao fundo).

Desde a excelente estreia, “FUNDAMENTO” (2020), o  rapper Marabu investiu em alguns singles, se formou na faculdade e agora lança sua primeira mixtape. De novo, o conceito brilha por aqui na produção sempre firme de Levi Keniata – são nota 10 as colagens e as referências a outros rap nas letras. Para discutir os excessos de propagandas e promessas de sucesso, por exemplo, Marabu cola um ad de Spotify no som que vai deixar muita gente se perguntando se pagou pela plataforma de streaming neste mês.

Com seu violão e uma banda e tanto, Wado entregou no final de 2023 seu 13° álbum de estúdio. E, no novo registro, o alagoano trouxe uma bela parceria com o sumido Marcelo Camelo, eterno Los Hermanos. “Dente D’ Ouro” se equilibra entre um clima de indie rock e um suave forrozinho. Bom que uma camiseta xadrez vai bem nos dois rolês.

A poploader Lina Andreossi amou/resenhou o primeiro álbum dos baianos do Tangolo Mangos e a gente comprou muito a ideia dela sobre “Garatujas”. Os meninos são massa mesmo. Olha o que ela escreveu sobre “Canaã”: “Já na primeira música as referências nordestinas ficam aparentes no riff de guitarra que introduz ‘Canaã’. Num autointitulado baião-rock, o eu-lírico reflete sobre essa dor da juventude que é ter esperança frente às dificuldades da vida adulta”. É uma boa, mas a gente se divertiu demais foi com “Glauber Rocha”, um hino da época de moleque dos caras que ganhou colagens dos “discursos” maravilhosos que o cineasta dava quando irritado.

11 – Don L – “Tudo É Pra Sempre Agora (com Luiza de Alexandre)” (6)
12 – Giovani Cidreira e Luiz Lins – “Amor Tranquilo” (7)
13 – João Gomes – “Mais Ninguém” (8)
14 – Mart’nália – “Lobo Bobo” (9)
15 – Perdido – “30+” (10)
16 – Fresno – “Eu Nunca Fui Embora” (11)
17 – Marina Sena – “Dano Sarrada” (12)
18 – Aysha Lima – “Amor e Som (com André Miquelotti, DG Prod e Duquesa)” (13)
19 – Lori – “Me Dói, Boy (com Matias e FBC)” (14)
20 – Juyè (com Thiago Jamelão e Alisson Melo) – “Seguir” (15)
21 – tttigo e dadá joãozinho – “SEM SEGURO” (16)
22 – Rodrigo Campos e Romulo Fróes – “Um Amor Cantando” (17)
23 – Amiri – “Limbo” (18)
24 – Duda Beat – “Saudade de Você” (19)
25 – Apeles – “Lábios Mentem À Distância” (20)
27 – Giovanna Moraes – “As Mina no Poder” (21)
28 – Nelson D – “Defensor Assassinado” (22)
29 – Bruno Berle – “Tirolirole” (23)
30 – Dead Fish – “Dentes Amarelos” (24)
31 – Ebony – “Espero Que Entendam” (25)
32 – Jaloo – “Pra quê amor?” (26)
33 – DJ RaMeMes, DJ Pretinho de VR, DJ Ramom, DJ LC da VG – “Putaria em Volta Redonda” (27)
34 – Papisa – “Melhor Assim” (28)
35 – YOÙN e Carlos do Complexo – “Não Vou Dançar Sozinho” (29)
36 – Tuyo – “Eu Vejo o Futuro” (30)
37 – Ana Frango Elétrico – “Boy of Stranger Things” (31)
38 – TUM – “Rainha da Sumaré” (32)
39 – Fabiana Cozza e Leci Brandão – “Dia de Glória” (33)
40 – Monna Brutal – “Esse Puto” (34)
41 – MC Carol – “Só de Passagem” (35)
42 – Rodrigo Ogi – “Aleatoriamente” (36)
43 – Assucena – “Reluzente” (37)
44 – Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo – “Quem Vai Apagar a Luz” (com Negro Leo) (38)
45 – Alzira E + Corte – “Filha da Mãe” (39)
46 – Varanda – “Vontade” (40)
47 – dadá Joãozinho – “Pai e Mãe” (41)
48 – Karen Francis – “Linha do Tempo” (42)
49 – Xande de Pilares – “Diamante Verdadeiro” (43)
50 – FBC – “O Que Te Faz Ir para Outro Planeta?” (44)


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*  Na vinheta do Top 50, o rapper Vandal, de Salvador.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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