Top 10 Gringo – Uma rock, uma eletrônica e uma hip hop fazem o pódio da semana. Albert Strokes, Underworld e JPEGMAFIA + Danny Brown na jogada

Semana de lançamentos muito bons de artistas muito novinhos. Liderada por uma galera nem tão nova assim. Uma semana também de despedidas e de momentos fofos de onde raramente se espera fofura. O que dizer? Mais uma vez garantimos a trilha ideal e facilitamos o seu garimpo. Vai por aqui que é a boa. 

É, parece muito com uma música boa do Strokes, mas é “só” o Albert Hammond Jr. e suas melodias no hiato. Sério, esse vai ser o nome de mais um álbum solo do guitarrista da banda que salvou o rock no começo deste século. “Melodies on Hiatus”, previsto para sair em junho pela Red Bull Records. Sim, o energético tem time de futebol, equipe de fórmula 1 e uma gravadora. Além do jeitinho vocal e melódico lembrar muito os melhores dias de Julian Casablancas e cia, “100-99” traz uma participação do rapper GoldLink, que ajuda Albert a mostrar suas melodias muito inspiradas no Dr. Dre que eles escutava na adolescência. Palavras do próprio guitarrista. Track boa. 

Quando o Underworld pintou na programação do C6 Fest todo mundo ficou meio: ué, os caras estão na ativa ainda? A dupla Karl Hyde e Rick Smith, fundamental na história da música eletrônica, não só está de volta aos palcos, como está produzindo música nova.  “And the Colour Red” é uma das quatro inéditas que já rolaram em shows e a primeira a sair oficialmente. E, assim, saiu e eles não falaram muito a respeito. Vai ter disco? Vai saber. Perguntemos quando eles colarem por aqui.  Esta “And the Colour Red” é o basicão do Underworld. Ou seja, muito delícia.

Se tem dois rappers no mundo que estão sacudindo o gênero, são estes aqui. Vale lembrar que o íncrivel e torto “Atrocity Exhibition”, do Danny Brown, foi referência máxima de Juçara Marçal; enquanto JPEGMAFIA foi um dos destaques do Primavera Sound brasileiro. Em seu álbum coletivo e colaborativo, a dupla inventa um monte em ritmo alucinante. Melhor exemplo é esta caótica “God Loves You”, em uma base de gospel que vai na religião encontrar metáforas para proezas sexuais. Em português, chocaria a sociedade legal. 

Há algumas semanas que estamos falando da cantora californiana Sabrina Teitelbaum por aqui. Ela é a dona do Blondshell, a estreia mais aguardada do indie no mês de abril. Uma expectativa criada single a single por conta de letras explosivas e sinceras. Seu trampo está chamando tanta atenção que antes de o primeiro disco sair ela já conseguiu uma vaguinha para se apresentar no programa do Jimmy Fallon e estrear por lá “Salad”, seu novo single. As músicas da Blondshell variam de toques suaves até algumas explorações mais noisy. “Salad”, se chegar aos ouvidos da Courtney Love, deve deixar a viúva Cobain, toda orgulhosa da “filha postiça”. 

Semana passada falamos bastante por aqui sobre o novo álbum do Depeche Mode. Stella Rose é filha de Dave Gahan, vocalista do Depeche. Aos 23 anos, ela prepara seu álbum de estreia. Mas esqueça logo de cara qualquer semelhança entre pai e filha. Em uma matéria na “W Magazine”, Stella coloca como forte inspiração na sua vida os artistas Patti Smith e Nick Cave. Sua brisa sonora é mais roqueira que a do pai e seus sintetizadores. Stella é mais caótica – “Faithful” tem muito berro em cima de berro, voz distorcida, guitarras com feedback, bateria mais alta que todos os instrumentos. Já falamos da Courtney Love hoje. Então digamos que Stella lembra o trabalho solo da Melissa Auf Der Maur, que foi baixista do Hole uma época. 

Sexta agora chega aos streamings o décimo-primeiro álbum dos grunges do Mudhoney, banda clássica de Seattle que por uns momentos revolucionários aí tinha mais fama que o Nirvana, pensa. Acordando agora em 2023 temos esse “Plastic Eternity”, o novo disco da turma resiliente, resistente de Mark Arm. Para quem se lembra dos momentos mais caóticos e sujos da banda, talvez seja um susto curtir “Little Dogs” e sua relativa tranquilidade, que abre com o singelo verso, em tradução livre: “Eu gosto de doguinhos”. O vídeo da música é pura fofura. Sério. 

Essa canção do City and Colour é um verdadeiro antidepressivo. Por aqui,  Dallas Green, o dono do projeto, fala sobre se jogar um pouco na vida. Ou seja, viver. É sobre entender que cada dia é um presente. Uma música otimista em um disco que fala muito sobre o luto. Outra boa do álbum “The Love Still Held Me Near”, lançado no final de março, é uma que se chama “After Disaster”. Para os apaixonados no estilo folk de todo o trabalho de Dallas até aqui, é um disco perfeito. 

The Drums, banda que hoje é praticamente o projeto solo do seu vocalista Jonny Pierce, andava meio sumidinha desde 2020. E resolveu aparecer agora sem muita explicação e com um single novo que traz um jovem Pierce na capa. A emocional “I Want It All” é o pedido de alguém que quer viver tudo que tem direito, sem amarras. De acordo com Pierce, é uma composição muito pessoal. “Comecei a entender o que aconteceu comigo quando menino, o que me ajudou a começar a construir minha própria ponte em direção ao amor verdadeiro”, escreveu o vocalista. Uma faixa delicada e bonita. 

Outro álbum esperado para o mês de abril é o terceiro lançamento da Indigo de Souza. A cantora filha de violonista brasileiro solta “All Of This Will End” no dia 28 de abril. Sequência do elogiadíssimo “Any Shape Of You”, já tem alguns singles na pista e o mais recente, “You Can Be Mean, é uma dolorida canção baseada numa curta experiência que Indigo teve dentro de um relacionamento abusivo; curta, mas duradoura experiência nas consequências psicológicas para ela. 

No domingo, perdemos Ryuichi Sakamoto. Compositor e músico brilhante (e produtor e ator tbm), fez parte da Yellow Magic Orchestra, ganhou um Oscar pela trilha do “O Último Imperador” e era um apaixonado pelo Brasil, amado por nomes como Marisa Monte e Gilberto Gil. Sakamoto chegou a gravar um disco todinho com composições de Tom Jobim, sua paixão. Em 1996, acompanhado pela cantora cabo-verdiana Césaria Evora e pelo brasileiríssimo Caetano Veloso, fez uma belíssima e moderna releitura para “É Preciso Perdoar”, composição de Alcivando Luz e C. Coqueijo Costa que foi imortalizada na voz e violão de João Gilberto. É daquelas músicas que faz chorar e você nem sabe a razão.

* Na vinheta do Top 10, o guitarrista Albert Hammond Jr.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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