Top 10 Gringo – Teve empate de rappers no primeiro lugar: Sampa the Great e Sudan Archives. Decida você quem é a líder da semana. Ah, e o Afghan Wigs emplacou um pódio, veja bem

Rapaz, que semana movimentada lá fora foi a passada – e isso pensando que esta deve ser ainda mais agitada em termos de lançamentos… Saiu tanta coisa boa que o Top 10 ficou curto – fora que as duas primeiras posições são um empate técnico justíssimo. Sendo assim, publicamos o que coube e anotamos o que a gente tem que fazer caber na semana que vem. Vamos dar um jeito. Por enquanto, vai no seu ritmo e aprecie com calma e sabedoria a seleção de agora. 

Que mundo acelerado, né? Sampa The Great colou no Brasil e a gente aqui perdeu esse show. Mas vamos segurar o choro de não assistir à apresentação de uma das melhores rappers da atualidade. Temos um novo disco dela para curtir. A artista que nasceu no Zâmbia, cresceu em Botsuana e foi estudar música na Austrália arrepia em “As Above, So Below”. É, sem dúvida, não só um dos discos do ano dentro do gênero rap, mas vai concorrer forte pelo posto de melhor do ano no geral. Pegue” Bona”, por exemplo, que de acordo com Sampa é uma música onde ela quis exibir o estilo, a linguagem e o swag da sua juventude em Botsuana. Em suas palavras, uma das metas do álbum é mostrar para o mundo que a música do continente não é só o afrobeat. Um álbum para ser estudado. 

Seu nome é Brittney Denise Parks, mas pode chamar de Sudan Archives, seu nome artístico. Sudan é uma violinista, cantora e compositora norte-americana que acaba de lançar seu segundo álbum de estúdio, “Natural Brown Prom Queen”. Talvez a informação de que ela toca um instrumento tão clássico quanto o violino coloque na sua cabeça que ela faz um determinado tipo de som, mas é só dar o play no disco dela para ser surpreendido com um pop moderníssimo, inovador, com alto potencial de influenciar gerações. Só pensar nessa maravilha que é “Home Maker”, faixa de abertura que parece apontar para uma infinidade de caminhos possíveis. A gente já é fã de Sudan Archives por aqui.

“How Do You Burn?”, dos veteranos do Afghan Whigs, já fica como um dos álbuns mais emocionantes de 2022. Primeiro trabalho do grupo em cinco anos, embora planejado para o pandêmico 2020, temos aqui um dos últimos registros do grande Mark Lanegan, que colocou sua bonita rouquidão em dois backing vocals. Já seria o bastante para ser histórico, mas a turma liderada por Greg Dulli, quase um sessentão, entrega aqui um álbum na categoria dos melhores já feitos pela banda, com uma energia de garotos em começo de carreira. “I’ll Make You See God” é deixar o Queens of the Stone Age chorando de inveja no cantinho. 

Apostinha nossa há um bom tempo, o duo inglês Sorry prepara a sequência do excelente “925”, um dos bons álbuns de 2022. Acostumado a entregar músicas lotadas de sentidos dúbios, o novo single “Key to the City” até parece uma música fofinha, mas vira uma faixa sobre término de relacionamento daquelas ao tentar lidar com o ressentimento e a bad inevitáveis do processo. Vale prestar atenção na referência (pouco) secreta que a música faz ao clássico “Wild World”, do Cat Stevens, outra música dolorida.

Uma de nossas bandas prediletas no mundo, a inglesa Dry Cleaning com seu pós-punk com letras praticamente recitadas chega com mais um single do seu esperado segundo álbum, “Stumpwork”. “Gary Ashby” é quase uma dolorida cantiga sobre uma tartaruga da família que está perdida – ainda que uma cena meio bizarra esteja sobreposta ao enredo principal. Tipo, o que quer dizer o verso “Dogs running free/ Dad’s got blood on his head”, em tradução livre, “Cachorros correm livres/ Papai tem sangue na cabeça”? Oi? A gente não vai subir o Dry Cleaning no ranking, desta vez, para não parecer proteção.

“Eu não escrevi o disco para me deter, mas sim para me libertar um pouco da vergonha e do medo que sinto há muito tempo.” É assim que Oliver, membro do XX, apresenta seu primeiro disco solo, álbum que apresenta uma jornada muito pessoal do seu compositor. Dos gostos até as angústias, como o anúncio de que é portador de HIV desde os 17 anos. O álbum é acompanhado do curta “Hideous”, que está disponível no serviço de streaming do Mubi, que sempre tem um catálogo bacana e bem exclusivo e definiu o filme de 22 minutos como um “um estudo incontrito do estigma do HIV”. Vale muito o play.

Olha ela de novo aqui. Semana passada entrou com uma participação especial, nesta semana chega com novidades em uma versão especial de um dos melhores discos do ano, “MOTOMAMI”. Na versão “+” do álbum, somos presenteados com quatro inéditas e versão ao vivo e um remix. “LA KILIÉ” é a mais brasileira das novidades, tem na produção o nosso Gabriel do Borel e sampleia “Passinho do Volante (Lek Lek)”. A Rosalía já percebeu que sem samba não dá. Acorda, Brasil. 

Difícil escolher uma favorita no novo álbum do John Legend. Duplo, com 1h20 de duração, Legend encadeia uma sequência de músicas deliciosas e viciantes, indo de pegadas mais lentinhas até algumas superdançantes, caso do hit certeiro que é “Waterslide”. Destaque especial para o vocal de Legend, que deixa parecer que é fácil suas linhas dificílimas.

Por falar em R&B, vale muito sacar o trabalho da Ari Lennox. “Age/Sex/Location” é um álbum que pode ser rotulado como neo soul, pelo que propõe de novidade. Basta ver a pegada de “Pressure”, que saca um baixo do anos 70 de uma música da Shirley Brown e coloca para fritar com a batida de um 808 e um tecladinho. Não precisa de muito mais para funcionar. 

A gente tava meio por fora das movimentações da Whitney, a dupla de Chicago formada por Max Kakacek e Julien Ehrlich. Mas nesta semana eles já chegam com álbum novo. “Spark” sai na próxima sexta. Os singles até aqui mantêm a banda na zona de conforto – canções deliciosas, calmas e superpops. Tudo certo no gostosinho mundo da Whitney.

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* Na vinheta do Top 10, a rapper Sampa the Great.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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