Top 10 Gringo – Só a mulherada: Caroline Polachek, SZA e Lana Del Rey bombando nas novidades. E no pódio

Ano já acabando, lançamentos sendo atropelados por listas em geral, o que causa até que menos novidades e muito mais revisões. Mas, ainda que poucas, tem muita coisa significando rolando. Até Beatles rolou. E, olha, nem entrou aqui.

Das mais queridas no Primavera Sound SP, Caroline Polachek, antiga integrante do maravilhoso Chairlift, deu mais uma pista do seu novo álbum. “Desire, I Want to Turn into You” chega já no comecinho de 2023, 14 de fevereiro, e com um hit para chamar de seu: o assobio e a batida de “Bunny Is a Rider.  Este “Welcome to My Island” não faz feio e tem aquele toquezinho lotado de efeitos na voz que só a Caroline sabe fazer. 

Talvez o último dos grandes discos de 2022 foi lançado sexta passada. O segundo álbum da cantora americana SZA, “SOS”, que traz participações robustas de gente como Phoebe Bridgers e Travis Scott, entre outros. O disco tem feito barulho bom, principalmente pelos singles que o precederam. Mas esta lindona “Nobody Gets Me”, em que ela canta com o coração rasgado e o instrumental do começo parece indicar que viria uma música indie da Mazzy Star, tem o melhor começo de letra da história, que descamba no choroso refrão: “Eu só gosto de mim quando estou com você”. Começa assim: “Took a long vacation, no makeup, just Jay Z/ You were balls deep, now we beefing/ Had me butt naked at the MGM/ So wasted, screaming, “Fuck that!”

Tome fôlego para falar o título completo da nova música da Lana Del Rey. Fôlego artístico que Lana parece ainda ter – ano passado foram dois álbuns. E o novo single abre caminho para um disco para 2023. A capa parece anunciar um filme, com Lana estrelando ao lados dos produtores Jack Antonoff, Drew Erickson e Zacha Dawson e de convidados especiais, como Jon Batiste e Father John Misty. Super-setentista, esta balada ao piano vem com referência direta a Harry Nilsson, que é sampleado na música, e com versos como “Fuck me to death, love me until I love myself”, que promete virar meme. Ou mantra.

Se “This Is Why”, single anterior da banda de Hayley Williams, pegou a gente pelo seu toque pós-punk, o novo petardo da banda tem mais a pegada pop punk que caracterizou o grupo. E isso é excelente. A letra acertada faz uma crítica ao “ciclo de notícias de 24 horas, que é simplesmente impossível de compreender”, como pontua Hayley. Quem já ficou travado na tela do celular ou notebook dando refresh na timeline do Twitter ou se lembra de ficar vendo as notícias na pandemia apavorada vai se identificar. 

Já são 12 anos sem Mark Linkous, brilhante líder do Sparklehorse. Mas seu irmão Matt encontrou algo inédito do brother e resolveu compartilhar com todos os fãs, de forma gratuita, como um presente de Natal. A curta  “It Will Never Stop” com sua voz e guitarra ultradistorcida curam ao mesmo tempo que deixam a gente com uma saudade de um gênio que foi embora cedo demais. 

A gente falou do belga Stromae mais cedo neste ano, mas fomos revisar seu álbum “Multitude” após ficar de cara com sua apresentação no “Tiny Desk”. “L’enfer”, inferno em francês, é das canções mais fortes de 2022. Um texto forte sobre saúde mental e sobre a solidão enganosa que os pensamentos perturbadores causam. “Não estamos tão sozinhos, não somos os primeiros”, conta Stromae. Além do bom texto, a construção dos coros e da batida que se distorce é absurda. Ouça no disco e dê um confere nessa apresentação ao vivo para o famoso programa da NPR. Vai te conquistar. 

Onde os belgas do Soulwax metem a mão costuma dar coisa boa. Não é diferente neste remix para um dos sons de “Hideous Bastard”, primeira aventura solo de Oliver Sim, o baixista-cantor do trio inglês The XX. Fino. Se ainda não ouviu o álbum, não perca. E, para avançar em temáticas pertinentes, procure o curta “Hideous” no MUBI, um “estudo incontrito do estigma do HIV”.

Outra nova ótima do grupo virtual-real Gorillaz, que vai estar no próximo álbum, “Cracker Island”, que será lançado em fevereiro. Outra também para se perguntar como o Damon Albarn consegue fazer tanta música boa ainda, desde 1990. Esta aqui começa, veja bem, psicodélica (de um jeito Gorillaz). E tem horas que pende ao… Wet Leg (de um jeito masculino).

Tem saudade do antigo The Weeknd? Saudade daquele cara das primeiras mixtapes? Bom, a gente encontrou ele nessa deliciosa participação do cantor no álbum do superprodutor Metro Boomin, que fez um disco cheio de pesos pesados –  John Legend, Future, Chris Brown, Don Toliver, Travis Scott, 21 Savage, Young Nudy, Young Thug, Mustafa, ASAP Rocky, Gunna e Takeoff, o rapper do Migos que foi assassinado recentemente.  

Uma das apostas da BBC para 2023 é Gabriels. Sua voz é das mais impressionantes no mundo hoje – coisa linda. Se a tua é uma boa mistura de gospel com R&B, vai fundo. E é coisa ou nossa ou essa música tem um pouquinho de “Fire” do Jimi Hendrix?


* Na vinheta do Top 10, a cantora americana Caroline Polachek.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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