Top 10 Gringo – Prepara o grito. Gossip, Glass Beach e Lil Nas X comandam nosso ranking de músicas novas da semana

A lista desta semana está feitinha para você se esgoelar e dançar bastante – Lil Nas X, oras. Mas, para tanto grito, lógico, há algum sussurro. E aí tem um folkzinho e uma psicodelia para afundar com os fones na cama e viajar. Da maneira que você entender melhor, lógico.

A volta do Gossip, poderoso trio americano liderado por Beth Ditto, começou a render coisas maravilhosas. Quando os primeiros acordes de “Real Power” ressoam, a gente se lembra da capacidade monstra da banda em juntar a energia punk com o furor de um grupo de disco music. Os gêneros rivais se abraçam como bons amigos. E tem o vocal sempre marcante de Beth, que se esgoela e convida a gente a se esgoelar com ela na pista de dança, aos moldes de “Standing In the Way of Control”, seu inesquecível maior hino. “Do you feel what I feel?”, ela canta. Oh, yeah.

Repara nos gêneros que tentam por aí encaixar o grupo Glass Beach: art rock, indie rock, progressive rock, math rock, post-hardcore, emo, neo-psychedelia. Isso dá uma ideia da dificuldade que é precisar o que o quarteto californiano tenta fazer. “Plastic Death”, segundo álbum dos caras, vai do folk mais fofo que você já ouviu para a bagaceira mais trash possível em poucos segundos – de vez em quando, na mesma música.

Jesus Cristo. O título da nova música do Lil Nas X parecia a promessa de uma baita polêmica. Sobre que perspectiva ele trataria um assunto religioso? Mas é nada assim “chocante”, “blasfemo”. Lil só queria comparar seu retorno à música com a ressurreição de Cristo. Não é para tanto, digamos, ainda que os refrões de Lil, que ficou sem lançar nada no ano de 2023, tenham feito falta. Refrões e pré-refrões, diga-se – é a parte mais quente deste single. Vicia. 

Após o sucesso de “American Idiot”, havia 20 anos, o Green Day entrou em uma era de megalomania que acabou mal em 2012 com o vocalista Billie Joe Armstrong tendo um surto em pleno palco. A década seguinte ao problema foi mais quieta, com hits menores e um disco que ficou sem divulgação por ser lançado poucos dias antes do estouro da pandemia de 2020. “Saviors” marca uma volta aos trilhos da banda punk da Califórnia, com a produção de Rob Cavallo, que cuidou dos melhores anos do grupo – leia-se “Dookie” e o próprio “American Idiot”. Esta “Fancy Sauce” emociona pelo rápida homenagem a Kurt Cobain. “Stupid and contagious/ As we all die young someday”. Coincidência ou não, é a única do álbum que tem um solo de guitarra torto – uma outra homenagem a Kurt.

Por falar em momentos emocionantes, é difícil passar sentimentalmente batido pelo novo do Sleater-Kinney. Carrie Brownstein e Corin Tucker abrem no álbum uma conversa sobre luto, após a morte dos pais de Carrie de maneira trágica. Para entender tudo, basta ver a personagem de “Say It Like You Mean It” – que prefere ouvir uma mentira gentil do que a verdade pois já carrega dores demais.

Bill Ryder-Jones, que foi guitarrista do grupo inglês The Coral por anos e hoje toca sua consolidada carreira solo, divide com Caetano Veloso a autoria de  “I Know That It’s Like This (Baby)”, faixa que abre seu novo álbum, “Iechyd Da”. Mas a parceria com o antigo compositor baiano é só o uso do sample de Gal Gosta cantando “Baby”, um trecho superbásico que abre a faixa e serve de refrão melancólico para a sua própria canção bem melancólica. Brasil em alta no exterior, de certo modo.

“What’s Love” é uma expressão sagrada no dance pop. Imagino que lendo ela você já completou silenciosamente: “Baby, don’t hurt me”. E Empress Of, codinome da cantora Lorely Rodriguez, em parceria com a turma da Muna, honra o legado do hit ainda que tenham outra pegada por aqui.

MGMT faz parte da trilha sonora do badalado “Saltburn”, filme bombado que já comentamos por aqui por conta de sua faixa de encerramento. E aí que a gente se deu conta agorinha que falta só um mês para o novo álbum da duplinha nova-iorquina formada por Andrew VanWyngarden e Benjamin Goldwasser. Escutando com mais atenção os singles lançados até aqui ficamos com a questão na cabeça: vai dar pra levar a sério o MGMT em 2024? Parece que sim, hein.  Vejamos.

Mitski começa nesta semana a longa turnê de divulgação do discaço “The Land Is Inhospitable and So Are We”. Entre Estados Unidos e México, são datas que vão até abril e depois continuam entre agosto e setembro. Teria uma brecha para nós? Aproveitando a estreia, ela soltou um vídeo ao vivo para o La Blogothèque, com suas produções audiovisuais sempre caprichadas, onde toca ao vivo “I’m Your Man”. Intimista de tudo e se deleitando com o eco do ambiente da gravação. De arrepiar.

O Tokyo Police Club não era a nossa banda favorita no universo, mas fato é que a notícia do fim do grupo fez a gente lembrar do simpático “10x10x10”, álbum de covers caprichado que eles lançaram lá em 2011. Tinha Strokes, Phoenix e Miley Cyrus no repertório. Na época, era mais chocante do que hoje tal reunião. Segue divertido.

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* Na vinheta do Top 50, a banda Gossip, de Beth Ditto.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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