Top 10 Gringo – Não deu outra. Billie Eilish bota três do disco novo no pódio. E cabia mais

É preciso deixar o pódio só para ela. Um dos discos do ano. Daqueles que não param de tocar nos nossos fones desde que saiu e que fica mais legal a cada nova rodada. Ms. Billie Eilish, você tá de parabéns. De novo. 

Ela conseguiu de novo. Em seu terceiro álbum de estúdio, Billie Eilish fez um disco com cara e sabor de um álbum à moda antiga. Quem disse que o formato morreu, mesmo? Caramba, mais da metade das músicas extrapolam quatro minutos. Fora que todas conversam entre si, tendo sido um baita acerto não divulgar nada antes como single – manteve a surpresa e a satisfação da experiência do primeiro play. É até difícil nesse cenário enxergar um hit – talvez, “Lunch”, foi para a TV e ganhou vídeo. É mesmo a mais pegajosa e divertida. Mas merecem destaque “Bird of Feather”, com um alcance vocal inédito de Bille e momentos que lembram até Michael Jackson em termos de ternura pop, e “Blue”, que talvez seja sua faixa mais complexa até aqui – longa, divida em duas partes, lotada de referências a outras músicas, incluindo um pedaço da primeira coisa que ela e o irmão escreveram e que circulava online só em versão pirata. Alguns Grammys virão, para variar.

Do lado oposto de uma megaoperação de marketing que foi o lançamento do novo da Billie Eillish, a veterana Beth Gibbons, a voz do cultuado Portishead, optou por pouco alarde. No máximo, vídeos para algumas músicas, uma ida à BBC. Entrevista? Nope. O longo silêncio desde que a antiga banda dela parou e o acúmulo de anos falam por si. E, nesse sentido, “Lives Outgrown”, o álbum, é um presente pela qualidade das músicas – tudo em seu devido lugar. Ao mesmo tempo, não é um disco fácil de digerir – seu tema principal é um longo luto de Beth ao ver tantos familiares e amigos partirem ao nestes anos todos, enquanto encara seu próprio envelhecimento e as limitações que seu corpo impõe. Pouco antes do álbum sair ela cravou: “Percebi como a vida é sem esperança”. Uma causa perdida, sem dúvida, Beth, mas como são bonitas suas melodias.  

Esta merece entrada dupla, uma aqui na lista de lançamentos estrangeiros e outra lá na nossa nacional. O encontro de Esperanza Spalding & Milton Nascimento no álbum “Milton + Esperanza”, previsto para Agosto, será o último disco de Milton, conforme o próprio músico anunciou em seu Instagram. O disquinho trará releitura de clássicos, como é o caso deste single “Outubro”, mas também inéditas, tipo “Um Vento Passou”, composição de Milton com Márcio Borges, seu primeiro parceiro. É o fim de um ciclo.

O Shellac foi o trio de Steve Albini, o lendário engenheiro de som que inventou o som de uma geração (Pixies, Nirvana, Breeders, PJ Harvey). No trio que formava com Todd Trainer e Bob Weston, Albini conseguia dar forma a sua filosofia de gravação e também de pensar música. Vinte anos da estreia da banda em disco com “At Action Park” (1994), o novo álbum deles, “To All the Trains”, nasceu póstumo, lançado dez dias após a morte de Albini. É um disco sem cerimonial, mais um dia na vida, com o mesmo mix de seriedade, bom humor e honestidade. Honra o legado.

Quando escutamos “Oh No!”, single mais recente do The Decemberists, que prepara um novo álbum chamado “As It Ever Was, So It Will Be Again”, sentimos coisas confusas. A música é dançante, mas meio dark. Aí fomos ler a explicação do compositor e Colin Meloy descreveu nosso sentimento: “O seu narrador é sempre seguido por uma forma ainda maior de caos, uma grande escuridão. Mas é uma escuridão que você pode dançar!”. Realmente, o Decemberists nunca foi tão sacolejante.

Com uma capa quase toda preta, lê-se o título: “Dark Times”. É o novo álbum de Vince Staples, que sai nesta semana. Detalhe: o lançamento foi anunciado para esta semana também. O garoto está com pressa, ainda que este primeiro single seja uma slow R&B dos bons. Aliás, alguém já viu a série maluca dele no Netflix? A gente estava ensaiando de ver, resolvemos dar um play e gostamos. “The Vince Staples Show” tem o nonsense gostoso de “Atlanta”, a referência imediata em termos de séries de humor com rappers, mas é bem escrachada.

Finalmente saiu a tal coletânea em celebração ao Talking Heads por conta do relançamento do filme “Stop Making Sense”. Das muitas releituras que ficaram legais, destaque para as jovens do Lindas Lindas, talvez o grupo que tenha mais a cara do que o Talking Heads era nos anos 70 – uma banda pós-punk básica. Tanto que ficaram com a incumbência de uma canção da safra 78. Baita acerto. Música para ficar no repeat.

Que show do Pavement no C6 Fest, não? E, pelo que apuramos provavelmente foi a última turnê da banda! Chocante. Bem agora que eles ganharam seu primeiro disco de ouro graças ao viral de Tik Tok que transformou “Harness Your Hopes” em hit mundial. Que coisa, hahaha. Nada mais Pavement que isso.

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* Na vinheta do Top 10, a cantora americana Billie Eilish.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.



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