Top 10 Gringo – Na supersemana de lançamentos que envolveu até Beatles, Arctic Monkeys vai ao topo (claro!). Dry Cleaning vem na cola. Carly Rae Jepsen também no pódio (Taylor?)

Altos lançamentos importantes na semana: mais um disco polêmico do Arctic Monkeys, Taylor Swift ousando, a volta do pop punk ainda que de um jeito novo e dois clássicos em nova perspectiva… E nem falamos que nossa banda favorita no mundo hoje também chegou de lançamento novo nesta semana… 

Será que tudo já foi dito sobre o novo álbum do Arctic Monkeys e seu punhado de canções lindas? Fica até difícil elaborar algo original no mar de opiniões até bem favoráveis que saíram a respeito do disco – todo mundo deu uma palavrinhas e a própria banda deu mil longas entrevistas. A gente inclusive recomenda que você leia as duas resenhas gigantescas que publicamos aqui na Popload com diferentes pessoas comentando o álbum – em suma, tá tudo lá. Mas para o nosso resumo dá para dizer que curtimos demais a vibe do álbum, curtimos as letras dolorosas e talvez só seja exagerada as comparações com Bowie que andam fazendo por aí (mas com Beatles beleza haha). Calma, turma. Também gostamos de exagerar, tudo bem, fica aqui nosso chute:  “There’d Better Be a Mirrorball” já é clássica e vai ficar no repertório da banda por anos. Pela evolução das músicas em suas versões ao vivo, dá para ver que é um álbum a ser degustado com calma. Nos fones e no palco, onde todas crescem de maneira espetacular. Bom que vamos tirar a prova disso tudo ao vivo no show deles no Primavera de São Paulo já, já.  

Das nossas bandas preferidas no mundo hoje, o Dry Cleaning chega no segundo álbum, “Stumpwork”, sem quebrar as bases com o primeiro lançamento. Pós-punk, spoken word, do jeitinho que aprendemos a gostar. Um tanto mais do mesmo, mas dando aquele leve passinho para a frente em busca de novos horizontes. Coisas de banda jovem – imagina só onde eles vão estar quando estiverem na idade de um Arctic Monkeys e resolverem radicalizar nas ideias. 

Talvez no longo prazo a gente lembre mais do disco da Taylor, mas em um primeiro momento o álbum da canadense Carly Rae Jepsen fisga bem melhor o ouvinte. A compositora tenha uma manha especial de buscar construções harmônicas familiares, que deixam as composições com aquela carinha de “já escutei isso antes”. E isso ajuda o disco a pegar de primeira. Pode cansar no futuro? Veremos.  

Aqui a gente pode ressoar a opinião da nossa poploader Dora Guerra: “Não é nem a bomba que os fãs acharam, nem os 5/5 da ‘Rolling Stone'”. Diferente do disco da Carly Rae, a primeira audição de “Midnights”, décimo álbum da Taylor Swift, é bem mais dura. Ela opta por não ir por caminhos fáceis da canção – ainda que seja cheia das melodias grudentas. E a gente gosta desse risco assumido pela cantora e compositora. Que segue um talento na caneta afiada. Talvez o único ponto baixo do álbum seja a produção do Jack Antonoff, que anda deixando todos os álbuns que produz com a mesma cara – mas pode ser nosso mau humor, também. O que a gente arrisca dizer é que quem gosta do Arctic Monkeys do “AM” vai gostar mais desse álbum da Taylor do que de “The Car”. Sério. Não é por ser “rock”: é pelo “punch” das melodias. 

O que achou da volta da formação original do Blink-182? “Edging”, single que marca o retorno, parece pegar o ponto abandonado pela banda não em 2011, quando lançaram o último disco da formação original, mas o lá de 2003, talvez uma das melhores fases do grupo com seu álbum autointitulado. Empolgação da nossa parte com a presença deles no Lolla 2023? Talvez, mas tudo bem.

E, por falar na volta do pop punk (ou, vá lá, emo), outro representante do gênero segue incansável na ativa, o quarteto do Arizona (e uma das bandas prediletas da Taylor Swift) investe agora no lançamento de singles solitários após um tipo de burnout criativo em 2019. O novo método visa abrir novos ares e tirar a pressão. Funcionou, viu? A música é superclimática e vai por direções que quem não escuta a banda há um tempo vai se surpreender. 

A gente já falou da Maggie Rogers por aqui? A cantora americana foi a recomendação da nossa plataforma de streaming logo após a audição do novo álbum da Taylor Swift. Veio acidental, pela proximidade sonora, fizemos até o exercício de comparar uma com a outra e chegamos ao seguinte recado: se ligue na Maggie. Seu álbum, “Surrender”, consegue fazer um encontro mais bem-sucedido do folk com a música eletrônica. 

O auê em cima do próximo álbum do Phoenix não tá tão grande quanto merece, viu? Estamos gostando dos singles e até pegamos uma camiseta da banda – ainda que virtualmente, no novo Fifa, que tem eles na trilha sonora. “Winter Solstice” tem muito dos melhores dias dos franceses, na sua mistura primorosa de indie e música de um caráter mais eletrônico – pense na clássica “If I Ever Fell Better”.

Não é muito mais que um minuto, mas é um momento muito bonito e que cabe infinitas vezes no repeat. O relançamento luxuoso de “Revolver” presenteia a gente com uma tape de John Lennon ainda tateando o que seria “Yellow Submarine”, que ganharia sua versão definitiva na voz de Ringo Starr. A versão inédita da música tem direito a uma letra inicial ainda e que ia em um rumo bem depressivo, para dizer o mínimo. É louco escutar ela aqui e pensar na versão que acabou ficando conhecida. 

Quando até o Sonic Youth volta para fazer um tweet dando seu pitaco nas eleições brasileiras, para a presidência e para o governo de São Paulo, usando a capa de um de seus mais famosos discos, a gente se lembra imediatamente desse clássico indie maravilhoso que resume bem o que está em jogo no pleito deste fim de semana. Não?


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* Na vinheta do Top 10, a banda britânica Arctic Monkeys.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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