Top 10 Gringo – Lil Yachty e James Blake emplacam juntos o topo do top. Childish Gambino vem se despedir da gente em segundo. Fechando o pódio tem a próxima Taylor Swift

Uma parceria inusitada, a trilha de um filme misterioso e um som produzido por um guru. Te interessa? Esses são elementos que podem provocar a atenção para os bons sons da semana em um período relativamente fraco de discos, mas bem forte em singles. Acontece.

Ano passado, Lil Yachty fez o disco de rap capaz de agradar os roqueiros psicodélicos. Agora ele se une ao artista alternativo favorito dos rappers, o senhor James Blake, para um disco colaborativo. Se para alguns os feat. entre os artistas parece improvável ou esquisito – que é até a brincadeira do título do álbum, já que “Bad Cameo” em português é tipo “Participação Especial Ruim” -, na realidade temos um álbum que parece traduzir bem a personalidade de ambos. Em outras palavras, deu liga demais. Não estranhe se rolar uma parte 2, 3 e assim por diante desse encontro.

“Lithonia” pode desagradar um pouco os fãs de Donald Glover aka Childish Gambino. O som destoa um pouco do que ele fez até hoje, é meio que um encontro do rapper com um proto Green Day dos tempos de “American Idiot”. Meio épico e meio irônico, a música acaba casando bem com o trailer do filme distópico novo de Glover, “Bando Stone & the New World”. Esta “Lithonia” estará no filme, que dará nome também ao próximo álbum de Glover, talvez o último com o codinome Gambino. Aliás, o trailer é tão maluco que a gente não duvida que seja só jogada de marketing para o disco. Os sites de cinema estão dando como real, mas a gente está achando esquisito… O roteirista do longa é um pseudônimo e tudo…

A Beabadoobee vem aí com um disco produzido pelo hoje mais guru que produtor Rick Rubin. Promete ser seu trabalho mais popular até aqui. A gente, que acompanha a jovem inglesa de ascendência filipina desde o comecinho e viu ela despontar com os primeiros hits ali na época da pandemia, já espera pelo dia em que ela deixará de ser a artista de abertura da Taylor Swift e será a dona de sua própria The Eras Tour.

Mabe Fratti tem o porte e a pose de uma estrela do rock. Mas não faz rock no sentido estrito da palavra. Também não carrega uma guitarra ou baixo nem se esconde atrás de uma bateria. Seu veículo de comunicação é o clássico cello, que em suas mãos pode soar das mais diferentes maneiras. Tudo porque a música da artista guatemalteca é tudo, menos óbvia. “Kravitz”, que abre seu balado novo álbum, “Sentir Que No Sabes”, é repleta de mudanças de andamentos e pausas inusitadas. Tudo fora do lugar, mas tudo soando bem aos ouvidos. Por isso que seu trabalho, considerado experimental, cabe perfeitamente no pop(load).

E por falar em apostas… Se um dia o Omar Apollo virar um Bruno Mars, a gente avisou. Compositor talentoso, bom vocalista e bonitão, as chances triplicam, não é? Faltam os hits gigantescos e eles podem estar guardados em seu novo disco: “God Said No”, recém-lançado.  Ele, que já cansou de figurar em álbuns de figurões como C. Tangana e Kali Uchis, toma aqui as rédeas de um projeto sólido e que vai do superpop em “Less of You” até a delicadeza de “Be Careful with Me”, que poderia ser do Sufjan Stevens. Ah, e ainda tem “Pedro”, um feat. com o ator Pedro Pascal em uma track meio spoken-word.

Se o Omar Apollo vai de Pedro Pascal, o Eminem investe em Tobey Maguire para criar um refrão que cita o Homem Aranha. “Se o Tobey foi picado por uma aranha, eu fui mordido por um bode”. Para entender a rima tem que sacar que bode em inglês é “goat”, um jeito de falar que se é o melhor de todos os tempos (Greatest of All Time). Esquisito? Um tanto, mas é isso aí.

“Humble Me” é o desabafo de Killer Mike quando foi preso durante a festa do Grammy após uma briga – uma situação que serviu mais para constranger o artista publicamente do que qualquer outra coisa. O alívio depois de ir para casa fica retratado na letra. E rendeu a sessão de estúdio já no dia seguinte – uma situação que Mike compara a de Daniel na cova dos leões – história bíblica onde Daniel, acusado inocentemente, sobrevive ao não ser devorado pelo leões. Mike também segue firmão.

Manu Chao vai lançar seu primeiro álbum em 17 anos. E um dos singles do novo trabalho é justamente uma letra sobre os motoboys de São Paulo – cidade que já visitou muitas vezes. Com o refrão “Motoqueiro chegar/ Antes da chuva cair/ Motoqueiro entregar/ E fugir no ar”, a música é uma bonita homenagem aos responsáveis por carregar nas costas a economia de uma cidade partida e injusta. Chao mais uma vez faz o papel do bom observador que conta o que muitos preferem ignorar.

Aos admiradores da Lana Del Rey, a jovem Adeline V. Lopes pode ser uma boa companhia – até o carão de Lana ela persegue em suas fotos. Pronta para ir estudar música na prestigiosa escola de Berkeley – não falamos que ela é jovem? -, Adeline produz um pop intenso sobre corações quebrados e farpas pesadíssimas enviadas por um ex com certeza muito do problemático – farto material para canções.  

No forte mercado pop da Nigéria, que muitas vezes não chega ao Brasil, o rapper Jahborne é um nome iniciante que entrega afrobeats quentes e muy dançantes, diga-se. Dentro de um gênero que cada vez mais chega no Brasil, vale acompanhar. Para sacar a vibração do artista vale ir atrás de outro bom som dele: “African Lady” é para tocar em qualquer bom baile. 

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* Na vinheta do Top 10, o rapper americano Childish Gambino (porque este codinome vai morrer).
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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