Top 10 Gringo – Jamie XX domina o ranking da semana. Bon Iver pede desculpas em novo single. Laura Marling aparece em terceiro com uma canção de ninar

Nesta semana não teve para ninguém. O senhor Jamie XX chegou com um dos discos mais impressionantes do ano e levou fácil o primeiro lugar. Em contraste ao rolê eletrônico, o pódio é completado por uma canção acústica e outra de ninar – sério! 

Quem já teve a chance de ver um set de Jamie XX conhece bem sobre o que ele é capaz. Um controle absurdo da pista sabendo ser totalmente imprevisível. E é essa sensação do seus sets que atravessa todo seu segundo disco solo, “In Waves”. É surpresa atrás de surpresa e tudo soa bem aos ouvidos, ficando fácil se jogar numa pista imaginária ao sacar que o disco é quase um set imaginário. Cada música inédita parece vinda de um compacto raro que Jamie achou perdido em algum canto de loja e remixou. 

Bon Iver, ou Justin Vernon como preferir, emergiu com seu trabalho acústico vindo da dor de uma separação. Com o tempo, sua música foi ficando cada vez mais distante daquele esquema de voz e violão. “Sable”, seu próximo EP, deve retomar aquele ar, como indica o single “S P E Y S I D E”. A dor não vem de relacionamento desta vez, mas do final de um processo descrito por Vernon como a “slow-burning breakdown”. Tendo machucado pessoas próximas no processo, a canção é sua carta de desculpas. Olha, a gente não tem nada a ver e tal, mas desculpas aceitas, Justin. 

“Patterns in Repeat”, próximo disco da inglesa Laura Marling, será sobre sua maternidade. Todo os singles até aqui apontam para diferentes perspectivas dessa fase e a história se repete em “Child of Mine”, que tem até participação discreta de sua filhinha – uns ruidinhos de bebê. A canção foi uma das primeiras que ela escreveu no processo do álbum e tem a ver com cuidado, com colocar o nenê para dormir – daí seu ar de canção de ninar. Pura fofura.

Em um gesto raro dos artistas que falam em inglês, St. Vincent, pensando nos fãs latinos e nos shows que fez pelo México e América do Sul, decidiu que eles mereciam, dado o esforço de saberem outra língua para entenderem sua obra, um gesto da artista em traduzir também seu trabalho. E assim surge “Todos Nacen Gritando”, a versão de “All Born Screaming” em espanhol. Ideia espetacular e muito bem-feita, já que, em parceria com Alan Del Rio Ortiz, Annie cuidou de que as traduções caminhassem bem em manter o sentido original sem perder mão da força musical de cada palavra. 

Semana passada comentamos que Billie Eilish surfava ainda na onda de sua apresentação no encerramento das Olímpiadas, e agora o Phoenix vem na mesma onda e finalmente lança uma versão para “Nightcall”, música do Kavinsky parte da trilha de “Driver”, que foi tocada pelos franceses naquela noite olímpica em parceria com  Angèle, que também aparece agora na versão de estúdio. Diz a banda que naquela noite a música foi a mais buscada no Shazam, daí a ideia de oficializar o cover. 

Lá no comecinho do ano, o grupo indie americano Real Estate lançou “Daniel”, mais um discaço da banda. E nessas rolou um show de promoção do álbum onde só quem se chama Daniel podia colar. Naquele dia, a banda abriu com um cover de “Daniel”, música do comecinho da carreira do Elton John, e que acabou virando uma queridinha no setlist da turnê. Agora (e com a benção do próprio Elton) o Real Estate solta uma versão de estúdio para a música, devidamente acelerada e contagiante. E, lógico, a capa do single é um par de óculos!

A nova do Japandroids, que fará parte do terceiro e último álbum do duo canadense, foi escrita baseada em uma noite de bebedeira e paixonite aguda. Já viu, né? Engraçado para nós brasileiros é esse título: “All Bets Are Off”. Pode ser entendido como “Todas as Apostas Estão Canceladas”. Já imaginamos aqui um mundo sem casas de bet ou jogo do tigrinho… 

De todos os singles de “The Night the Zombies Came”, álbum do Pixies que sai no mês que vem, “Motoroller” parece ser a mais básica de todas. Talvez por isso, a mais viciante. Seu refrão gruda no ouvido e tem como novidade a participação da nova baixista da banda, Emma Richardson. A gente nem tentou se arriscar muito sobre o que seria a letra do sempre enigmático Black Francis, mas parece ser sobre um passeio de moto que não acaba muito bem. 

Parte de uma coletânea de raridades do grande Devo que nunca viu a luz do dia no streaming, “Total Love” é o primeiro indício de que uma versão simples do box “Art Devo 1973-1977” deve sair finalmente em formato digital. Demoraram tanto em agilizar isso que é fácil achar versões piratas do box no Youtube. Os fãs tem pressa. “Total Love” é brilhante por mostrar o quanto eles já estavam à frente de seu tempo muito antes de soltarem o primeiro disco. 

Repara na progressão de acordes de “Come Find Me” e vê se ela não lembra um tiquinho que seja “Inbetween Days” do Cure. Parece? Achando ou não, é uma delícia a música nova do senhor Dan Snaith – que estávamos devendo de comentar aqui no Top 10. Seu novo álbum, que se chamará “Honey”, sai logo mais, dia 4 de outubro. E deve render algumas músicas que vão frequentar bastante este top.


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* Na vinheta do Top 10, o produtor e DJ inglês Jamie XX.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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