Top 10 Gringo especial – Tempos sombrios merecem The Cure em todo o pódio (ainda que o LCD Soundsystem lançou música e a Beyoncé, um certo vídeo)

O top desta semana fala de alguma maneira sobre as eleições nos EUA. E isso sendo uma seleção muito britânica da nossa parte. Culpa do Cure, que garantiu para si o pódio completo com um dos melhores álbuns de sua história e, consequentemente, de 2024. Esperamos que não seja a trilha perfeita para um período “dark” para os americanos e para o planeta.

“Songs of a Lost World”. Seria o The Cure uma das grandes bandas de um mundo que não existe mais? De um mundo que ainda está vivo apenas em memórias do passado? O 14º álbum dos ingleses é um raro momento no pop. O momento de uma banda que chega ao disco 14 com algo novo a dizer – ainda que o novo seja justamente uma reflexão honesta sobre seu envelhecimento. “Os fantasmas de tudo que fomos”, canta Robert Smith em “Alone”, mesma música que carrega o pesado verso “Este é o fim/ De cada música que cantamos”. O título do álbum pode se referir também a algo mais simples. Por estar sendo escrito e produzido há tanto tempo, carrega canções feitas definitivamente em um mundo que não existe mais. É fácil explicar por que geral gostou tanto do álbum: o tom soturno que atravessa as faixas, as longas introduções que caem em temas pop à maneira que o Cure sempre foi e os timbres, riffs e breves melodias que citam/remetem diretamente ao auge da banda nos anos 80 formam um conjunto irresistível. Digamos até apaixonante. Seria um belo fim, dá para pensar – e a banda certamente pensou nisso também. “E eu sei, eu sei/ Pois meu mundo envelheceu/ E nada é para sempre”, diz Smith em “And Nothing Is Forever”. A boa notícia é que os próximos discos – provavelmente mais dois – estão a caminho. Se o mundo ainda existir para recebê-los… 

No informativo do lançamento oficial da inédita “X-Ray Eyes”, agora sim nos streamings, James Murphy pediu para a galera ir votar (oh, God!). Na mesma cartinha que pede que os fãs compareçam nas urnas, Murphy diz que este single (falamos dele quando a música foi tocada com exclusividade num programa de rádio) faz parte do futuro novo álbum do LCD. Mas pede para os fãs não pressionarem o artista para lançá-lo logo. “Não me perguntem quando vai ficar pronto, estamos trabalhando”, canetou. Música incrível da turma de James Murphy, para variar um pouco.  

Enquanto este Top 10 era escrito, os EUA decidiam seu destino (e o do mundo, né?) nas eleições mais tensas de sua história. Tão tensa que até a Beyoncé saiu do seu hiato de quase dez anos sem lançar vídeo para uma música sua. Intitulado “Beywatch”, o vídeo traz ela cantando um edit da música “Bodyguard” no papel de Pamela Anderson em “Baywatch”, enquanto também convoca a turma a votar – sim, é um mix esquisito de eventos, mas tudo bem. Sendo ela mesma uma apoiadora da Kamala Harris, obviamente o convite era para o voto na democrata. Enfim, é o jeitinho norte-americano de se posicionar. 

Sendo a banda que mais lança discos no mundo hoje, é lógico que o King Gizzard & the Lizard guarda muita coisa em seus arquivos. É o caso de “Phantom Island”, gravada nas sessões de “Fllight b741” e que acabou de fora do disco. Por ter uma orquestra acabou caindo bem soltar ela junto com o anúncio de que a banda australiana fará algumas datas acompanhadas das orquestras de cada cidade visitada. Infelizmente, só nos EUA, por enquanto. 

Você soube primeiro aqui, mas agora o mundo inteiro sabe. Em novembro, nos vemos no Morumbis para cantar junto essa e outras mais. Por enquanto, revelaram duas datas oficiais – mas serão três, viu? Todo mundo pronto para a correria dos ingressos?

Aproveitando, que tal conectar Oasis e George Harrison? “Living In The Material World”, um dos melhores trabalhos solo de George, completou 50 anos e está ganhando uma versão de luxo. Entre os destaques da reedição aparece o oitavo take da meditativa “Be Here Now”, que inspirou o nada meditativo “Be Here Now” dos irmãos Gallagher. “Be Here Now” também é uma boa descrição para a ansiedade dos fãs – falta um ano todinho para os shows! Do Oasis, não do Harrison!

E esta versão da “resposta galesa ao Oasis”, o Stereophonics, para “How?” do John Lennon? A faixa foi lançada como lado B de outro cover, o hit “Handbags and Gladrags”, no distante 2001, mas apareceu agora, finalmente, nas plataformas de streaming. Se a semana é tensa, fiquemos com um Lennon não menos nervoso, mas que partilha para subtrair qualquer dor: “How can I go forward when I don’t know which way I’m facing?” 

E ainda falando de bandas britânicas antigas. O Razorlight, filhote da geração anos 90 do Oasis, resolveu dar um gás desde que retomou as atividades em 2017. O bom “Planet Nowhere”, lançado há poucos dias, já é o segundo álbum após a volta, atualizando a banda, inclusive comentando com um bom humor cortante fenômenos como Taylor Swift na jocosa “Taylor Swift = US Soft Propaganda” ou o vício em internet em “Zombie Love”. Em uma entrevista recente na Radio X, o famooooooso frontman da banda, o Johnny Borrell, inclusive deu uma cutucada em bandas que voltam sem novidades ao dizer que prefere tocar novidades para 50 pessoas do que viver do passado. Ish, Liam!

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* Na vinheta do Top 10, ele, Robert Smith, dono da banda inglesa The Cure.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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