Top 10 Gringo – English Teacher, Fontaines D.C., Dua Lipa e Billie Eillish dominam a semana. Billie Eilish?!?

Que semana caprichada. Se o top anterior foi cheio de discos grandões lançados ao mesmo tempo, este não foi muito diferente: novidades de Dua Lipa, Pearl Jam , Fontaines D.C, Billie Eilish… Já daria uma belo line-up para resolver os problemões do Coachella, por exemplo, não?

Perto do final, o fluxo de “Albatross” é quebrado. É como se a banda pedisse atenção. Atenção essa que já ganharam desde o segundo inicial da canção, um esquisito som ao contrário que leva a guitarra limpa de Lewis Whiting. Não é por acaso que a estreia do English Teacher é o álbum da semana por onde se vê: o som da banda, cada pedaço de letra e o carisma da vocalista Lily Fontaine. Tudo indica que muito em breve vai ser mais fácil achar um vídeo deles do que algum professor de inglês quando pesquisamos por eles no YouTube. “Mas como eles soam?”, você pode perguntar. É difícil colocar em palavras, viu? Estariam dentro do longo revival do pós-punk na Inglaterra? Não é bem isso. É um pós-pós-punk? “Silly noisy guitar music”, definiram em uma entrevista para o diário inglês “Independent”. Faz mais sentido. 

Um multifacetado Grian Chatten aparece ilustrando o vídeo novo do grande single novo do Fontaines D.C., que pelos teasers já andava nos tirando o sono nestes últimos dias. Significados desses Grian variados? Talvez muitos. De cara, pelo que parece, o próximo disco deles, simplesmente chamado “Romance”, vai levar a banda para um outro lugar. Vai ter hip hop, grunge… Esta “Starburster” não é tão assim, mas dá um gostinho mesmo de mudança. E, pelo visto, para melhor. Vamos com o Fontaines para onde eles forem.

Nesta semana, Dua Lipa foi confirmada na lista de 100 pessoas mais influentes do mundo da revista “Time”. Quem cuidou do breve texto em sua homenagem foi ninguém mais ninguém menos que Patti Smith, que não poupou elogios. “Ela se move com leveza em um mundo duro – é ousada, divertida e autoconsciente”, anotou Patti. “Illusion” coroa o bom momento em mais um single que antecipa “Radical Optimism”, seu próximo disco. Das lançadas até aqui é a mais convencional – ou pelo menos é a mais próxima do que ela já havia apresentado em “Future Nostalgia”, seu trabalho anterior lançado na pandemia. Nenhum problema aí, mas parece que as grandes surpresas de um prometido mix de pop, psicodelia e rave ficarão para o álbum.

Outro teaser que nos bagunçou foi o da Billie Eilish. “Hit Me Hard and Soft”, seu terceiro álbum, chega de uma vez só daqui a um mês. Nenhum single de prévia. Restou ir ao programa do Zane Lowe na Apple Music e tocar esse nadinha de uma música inspirada na personagem de “A Viagem de Chihiro”, o filmaço de Miyazaki, um dos cineastas favoritos de Billie. Quinze segundos. Foi o bastante para deixar todo mundo derretido. Tem gente com crise de ansiedade tamanha expectativa gerada.

Do Texas, o trio Cigarettes After Sex pode ter toda sua discografia classificada na categoria “triste com tesão”. Mas em “Tejano Blue” eles se superaram, hein? Sabemos que até já tem um single mais novo, mas ainda estamos moramos neste aqui que também vai ajudar a compor o próximo álbum da banda, “X’s”. Esta “Tejano Blue” abre com versos que dispensam tradução: “We wanted to fuck with real love”. QUENTE!

Em uma câmera fotográfica digital, o arquivo “raw” guarda todos os dados da foto, embora não seja a imagem em si, enquanto o arquivo JPEG compacta essas informações, mas te dá a imagem. Essa dinâmica de captura/perda guia o novo disco do guitarrista Gary Clark Jr., “JPEG Raw”, sua tentativa de mostrar sua música da forma mais real possível – sem truques e sem edições. Nessas horas nada melhor do que ter um mestre ao seu lado, na escrita e na gaita. Ele mesmo: Stevie Wonder.  “What about the Children” parece uma faixa perdida no baú de canções setentistas de Stevie Wonder. Fino.

Acha a Camila Cabello, dona do estrondoso hit “Havana”, muito convencional para o seu gosto? Saiba que ela está se movendo para deixar seu som diferentão – até para movimentar sua carreira, um tanto quanto estagnada. Com produção de El Guincho, que já assinou trabalhos com Rosalía, FKA Twigs e Björk, dá para dizer que as coisas estão andando bem. Ficou bem legal como primeira experiência em uma estrada mais esquistinha. 

Bem interessante o som viajante do misterioso trio australiano Glass Beams. “Mahal” é o nome do novo EP do grupo do qual se sabe pouquíssimo. O momento mais revelador até hoje foi uma entrevista na “Rollling Stone” da Índia onde um dos integrantes soltou seu nome, Rajan Silva, e sua origem indiana. Tudo por e-mail, lógico. O ponto legal que desnuda algo sobre o Glass Beams é que o próprio Rajan declara que o som da banda é sua carta de amor a sua herança indiana. 

“Space Odyssey 2001” é uma canção autobiográfica de Kate Nash. Descreve seu primeiro date com o atual companheiro, uma amizade de longa data que virou paixão quando ambos se reencontraram após muitos anos e solteiros. Nesse reencontro, foram ver um filminho. O escolhido foi o inapropriado “2001: Uma Odisséia no Espaço” – “My God this film is so fucking long”. Mas pelo visto deu tudo certo e eles ainda estão juntos. Virou canção. 

Os dois primeiros single de “Dark Matter”, próximo álbum do Pearl Jam, indicavam que a banda ia para um caminho mais roqueiro e básico que há tempos não víamos. “Wreckage” chega como ponto fora dessa curva. É uma lentinha levada em formato eletroacústico quase – mais com cara de Eddie Vedder solo que qualquer outra coisa. O disquinho chega na sexta agora, saberemos mais ali.


* Na vinheta do Top 10, a banda inglesa English Teacher, em foto de
@owenrichards.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.


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