Top 10 Gringo – Em ranking “quase perfeito”, Vampire Weekend é o primeiro. Os Libertines aparecem em segundo. E o Black Keys “fecha” em terceiro

O que aconteceu na sexta-feira que todo mundo resolveu lançar disco no mesmo dia? Lá fora e no Brasil foram horas agitadas demais nos nossos fones. A gente ainda está tentando captar e pensar sobre tudo o que saiu – lembrando que não é só a quantidade, estamos falando de qualidade. Por isso, este talvez seja um dos Top 10 com alguns textos mais longos do que o normal e três pesos-pesados no pódio! E com um ranking de dez “números 1”, talvez!

O Vampire Weekend volta ao clássico em “Only God Was above Us”, seu quinto álbum de estúdio. Se no disco anterior, “Father of the Bride”, a empreitada coletiva cheia de convidados tinha o ar de trabalho solo do vocalista Ezra Koenig, aqui ele volta a compartilhar as gravações com o baixista Chris Baio e o baterista Chris Tomson – e até o antigo membro Rostam Batmanglij aparece produzindo uma faixa. O título do álbum vem da foto de capa, que flagra alguém no metrô lendo o “New York Daily News” de 1º de maio de 1988, cuja matéria principal destaca a frase de um passageiro de um acidente aéreo. Essa Nova York do século passado é a inspiração do disco, afirma a banda, que também menciona ser assombrada por aquele período, um termo que denota um certo anticapitalismo da banda – pesquise por Mark Fisher. As sombras do século XX aparecem tanto em samples de músicas do final dos anos 80 quanto em personagens mencionados nas canções. Mas não se assuste, Ezra promete que, apesar de parecer um disco pesado, ele foi feito com leveza. Leveza que espera que cada ouvinte esteja em uma fase boa, ok ou difícil da vida. De acordo com ele, a mensagem que querem transmitir é da filosofia de que, se a vida não dá trégua, que a gente saiba surfar pelas ondas difíceis. Um Vampire Weekend de trilha ajuda, realmente.

De alguma maneira (quase) inexplicável, os Libertines sobreviveram ao hype e, especialmente, a eles mesmos. Não viraram santos, mas parecem ter desacelerado a ponto de conseguirem conviver muito bem entre si, tanto que assinam em conjunto todas as músicas do que é seu quarto álbum de estúdio – sim, foram anos tão loucos que deu nisso, mais de 20 anos de banda e quatro disquinhos – a estreia em 2002, mais um em 2004 e aí só outro em 2015. Este de agora, “All Quiet on the Eastern Esplanade”, passa longe de mudar o mundo, mas talvez te desperte algumas emoções. Especialmente pelo swing de sempre da banda em “I Have a Friend” – que também tem a dobra irmã de Carl Barat e Pete Doherty nas guitarras com o plus do vocal envelhecido de Doherty, quase irreconhecível. Apesar dos pesares, os “meninos” estão bem.

O Black Keys foi rapidamente de uma das bandas mais legais do mundo para um das mais aborrecidas. Pô, lembra quando eles nem lançavam álbum em todas as plataformas? Talvez motivados pelo doc “This Is a Film about the Black Keys”, que repassa um pouco de sua trajetória conturbada entre o anonimato e um racha entre os integrantes da dupla, que ficaram sem se falar por anos sem desmanchar a banda. Com o milagre contado, parece que um peso saiu das costas e eles soam frescos de novo. A gente ia acrescentar que eles estiveram inspirados para este disco novo, mas notamos que “Don’t Let Me Go” é bem parecida com “Ando Meio Desligado”, né? Meio ponto a menos para os meninos.  

Gostou do álbum instrumental do Andre 3000? A fase flautista do rapper ganha mais um capítulo nessa colaboração com o badalado e jazzy Kamasi Washington. Como o nome indica, temos uma faixa idílica que se expande por oito minutos que passam como um sonho mesmo. E quando você mal se dá conta está do outro lado, desperto. O som estará no próximo álbum solo de Kamasi, do qual já destacamos por aqui, “Prologue”. 

Mais um single da retomada dos escoceses do Camera Obscura. “Liberty Print” estará em “Look to the East, Look to the West”, primeiro álbum da banda em mais de dez anos. De acordo com eles, é uma música que apresenta um novo som para o grupo, mais leve, mais pop, com direito a bateria eletrônica e tudo. Eles nunca soaram tão poucos “acústicos”, talvez. Além das questões subjetivas, objetivamente esta faixa é a estreia da tecladista Donna Maciocia, com direito a solo e tudo! Donna era parte da banda em turnê e agora está integrada no rolê como um todo.

“Escapism” foi um dos sons de 2023 e segue quente após ser destaque na apresentação de Raye no “Saturday Night Live” deste fim de semana. Vale lembrar que ela vai tocar no Brasil logo mais no C6 Fest. Agora em maio. E é por essas e outras que você precisa sacar a versão ao vivo lançada recentemente da faixa com orquestra. A música dobrou de tempo e ganhou uma outra dimensão. Maluquice maravilhosa.

A morte de Kurt Cobain completou 30 anos e a pergunta segue viva: onde estará o próximo Nirvana? O Metz, trio canadense, certamente não é a resposta, mas reencontramos os caras em uma playlist de “traços” do Nirvana e não deixamos de pensar um pouquinho que eles realmente honram e carregam alguma herança com o trio americano que sacudiu o mundo. Tem um rasgado na voz, tem a alternância entre silêncio e barulho e tem aqueles momentos onde parece que eles vão derreter a canção em cacofonia, mas se reencontram com algo assobiável no final. Talvez ninguém se lembre, mas eles tocaram no Brasil dez anos atrás em um festival que levava o nome da Sub Pop! 

Mas quem fez um refrão que deixaria Kurt Cobain sorridente foi a Louisa Stancioff, jovem compositora do Maine. “Alice”, seu single mais recente, carrega a fofura e a habilidade para encontrar o sublime na rotina do Vaselines, um dos grupos favoritos de Cobain. Se você assistiu “Dias Perfeitos”, do Wim Wenders, vai amar saber que Louisa julga “Alice” como uma música sobre “estar presente e ver a beleza que está bem na sua frente. Um lembrete para estar totalmente no presente”. 

Existe a banda Crumb, que a gente vive falando por aqui, mas também existe o Crumbs, sabia? É um quarteto de Leeds formado por duas minas e dois caras. O som é na linha pós-punk que a gente ama. A própria banda se define assim: “Uma espécie de grupo indie pop pós-punk”. Ainda são pequenininhos, mas o som é massa e tem potencial. Só esperar.

Semana passada a gente avisou: o disco novo da Beyoncé ainda vai render muita conversa. O que ninguém imaginava é que a treta seria local. Flora Matos ficou incomodada com a semelhança de “Bodyguard” com a sua “Piloto” e o Twitter não falou de outra coisa por dias. A gente não achou plágio, até porque “Bodyguard” parece outras mil músicas, mas não descartamos que “Piloto” tenha sido a inspiração, já que a faixa bombou legal no Tik Tok no ano passado. Se pá, a música estava ali no quadro de inspirações de Beyoncé. Não é curioso que seja uma das faixas que mais destoa do conceito country do disco?


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* Na vinheta do Top 10, a banda americana Vampire Weekend.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.


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