Top 10 Gringo – Dua Lipa em primeiro, mas pera lá! Kamasinha Washington em segundo. Hein? E a Willow cantoraça em terceiro

Tem vezes que escondemos nossa decepção no décimo lugar. Desta vez ela saltou para o primeiro só para puxar uma conversa, mesmo. O que achamos do novo da Dua Lipa? É ruim ou estamos julgando tudo rápido demais? Esse é um papo. Outro é você aí enquanto seu primo já passou em três concursos e a filha do Kamasi Washington é compositora com TRÊS ANOS de idade! Você que lute com este Top 10 da semana!

A sensação chata que fica ao final de “Radical Optimism”, terceiro álbum de estúdio da britânica Dua Lipa, é que já ouvimos os seus melhores momentos há semanas. Nenhuma faixa do disco supera em diversão os singles que já tinham sido lançados: “Ilusion”, “Training Season” e especialmente a ótima “Houdini”. O experimentalismo prometido também parece ter ficado de fora da edição final do disco – as faixas soam como uma continuação ok da proposta disco pop de “Future Nostalgia”, este sim lotado de hits. Por exemplo, quase não se nota a influência do senhor Tame Impala, Kevin Parker, por mais que ele toque diversos instrumentos em quase todas as músicas… Um disco morno com três musicões. Não é ruim, mas né? Vai ver foi nossa expectativa alta.

Na capa de “Fearless Movement”, o quinto álbum de estúdio do jazzy Kamasi Washington, não é ele quem está em movimento. Quem aparece desfocada pela correria na hora do clique é sua filha Asha. Não é por acaso sua presença ali. Este é o primeiro trabalho de Kamasi após virar pai e descobrir algumas coisas a mais sobre a vida. Talvez a maior descoberta seja o amor incondicional pela filhota, que inspirou “Asha the First”, uma criação a partir das primeiras notas dela ao piano. Parece que Kamasi terá uma parceira de composições logo, logo. Aliás, já tem! Asha está creditada e tudo como compositora! Com 3 anos de idade. O que você andava fazendo aos 3 anos? 

Depois de ficarmos de cara com o disco novo da St. Vincent, reencontramos Annie Clark no excelente álbum novo da Willow, “Empathogen”. Elas fazem um bonito dueto na quase toda acústica “Pain for Fun”, que fala sobre se relacionar bem com a dor. Existe uma música do Paulo Miklos com o Emicida que fala: “Chorar é importante igual sorrir”. É meio que nessa vibe que Willow embarca com seu novo trabalho. E destaque para ela soltando legal a voz na parte em que canta sozinho – já já falamos mais sobre este disco, que leva a artista para perto do jazz. A gente já tinha gostado do álbum anterior dela, súper roqueiro, e a nova fase mantém a qualidade. 

“Romanticism”, novo álbum da californiana Hava Vu, já chama atenção pela belíssima capa, que lembra uma pintura de Caravaggio. Apesar das referências ao passado, o play no disquinho revela um indie rock muito 2024 – um disco confessional que parece ter sido gravado solitariamente em um quarto lotado de pôsteres, livros e roupas pelo chão. Tosco e lindo. Novinha de tudo, Hana reflete em “22” sobre sua idade – sim, ela se sente velha com 22 anos e contou para a revista “Teen Vogue” que a sensação bate quando ela entra no Tik Tok… Pois é. A música forma um contraste interessante com “22” da Taylor Swift, que vê um mundo mais cor-de-rosa, digamos. Ouça uma depois dá outro e veja com quem você fecha, tendo ou não 22 anos de idade.

Gosta de pop e achou o novo da Dua Lipa meio caído? Dê uma chance para a Chlöe, já um nomão do R&B pop que bombou no Coachella deste ano. “Boy Bye” tem pegada, é contagiante/viciante e a letra é inspiradíssima. O clássico mote de dar uma detonada no boy mala e tóxico – o pé na bunda que é seguido de boas festas e pouco choro. Sente o refrão: “Adeus, garoto. Eu nem vou chorar, seu filho da puta estúpido”. Pegou?

Tinha quase três anos que o produtor Dan Snaith aka Caribou não soltava novidades. O single “Honey” é sua volta. E que volta! Música divertidíssima cheia de momentos diferentes, começa com pequeno recortes até um crescendo que termina numa batida supergrave. Para sacudir. Ela é tão boa que virou queridinha no sets de gigantes tipo Disclosure, Fred Again.. e Four Tet. Apenas.

Ainda neste mês o grupo americano Cage The Elephant solta “Neon Pill”, seu sexto álbum de estúdio. A banda é muito querida por aqui pelos agitados shows no território brasileiro. Quem tem vagas lembranças do som quase neo-grunge do grupo vai se surpreender com a pegada meio Strokes deste single “Metaverse”. Haters dos nova-iorquinos vão dizer que “Metaverse” é a melhor música dos Strokes em anos. Você decide.

Quando a gente elogia o Paramore por aqui não é de graça. Tem gente que ainda tem na mente a imagem da banda adolescente emo que bombou há anos. Hayley Williams e cia. cresceram bem. O reconhecimento de um gigante tipo David Byrne diz melhor que nós. Pô, uma turma regravou Talking Heads recentemente e quem mais ganhou o presente de volta? Só o Paramore.

A gente já falou por aqui do excelente novo álbum do Pet Shop Boys, produzido por James Ford, nome bom conhecido pelo Simian Mobile Disco e talvez mais conhecido ainda por ser o produtor que sempre cuidou muito bem do Arctic Monkeys. Mas vale exaltar mais “Nonetheless”. Ainda estamos de cara como cada faixa parece nova e clássica ao mesmo. Isso é coisa de quem sabe fazer. Escute a suave “Feel” e tente não sair cantarolando o refrão no primeiro play. Temos a impressão de que esse é um disco que vai ficar legal na história do duo inglês.

Caroline anotou no Instagram dela que esta música é seu primeiro grunge melancólico. E, realmente, não tem definição melhor para este som “dramático” que está na trilha do próximo terror psicológico da cultuada A24, o longa “I Saw The TV Glow” – filme que tem no elenco figurinhas da música tipo Fred Durst, do Limp Bizkit, e Phoebe Bridgers interpretando Phoebe Bridgers.

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* Na vinheta do Top 10, a cantora brit-albanesa Dua Lipa.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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