Top 10 Gringo – Charli XCX, óbvio, ainda mais com a Billie Eilish.  The Dare vem junto, para sacramentar a turminha. JPEGMAFIA se junta destoar

Mais uma semana com Charli XCX no topo? Não me diga… A dona de um dos melhores discos do ano (e certamente da melhor estratégia de marketing de 2024 em qualquer que seja o setor) convocou “somente” Billie Eilish e fez seu “Brat” seguir sendo um dos assuntos mais comentados da semana. “Guess”, que já é boa, ficou irresistível. Em tempos de rápida dispersão após qualquer lançamento bombástico, vão estudar essa campanha bem-sucedida por anos.  

Talvez esqueçam Charli XCX quando começar a temporada de premiações. Mas tem problema? Em um ano concorrido, a inglesa com seu “brat” tem o disco mais comentado de todos. Estratégica no seu marketing, “Brat” bombou no pré-lançamento, no lançamento em si e segue vivo no pós! Depois de acrescentar uma parceria com Lorde no repertório, agora ela colou com a Billie Eilish em um feat. que ainda coincidiu com o aniversário de Charli – rendendo vídeos das duas se esbaldando juntas na festa cantando “Guess”. 2024 será dividido no futuro entre quem viveu o verão (o nosso “inverno”) de “Brat” e quem cochilou e perdeu a farra. 

O segredo nada secreto de “Guess” é o produtor The Dare, codinome de Harrison Patrick Smith, o sujeito que aparece por poucos segundos no vídeo do remix, mas que chama atenção destoando de geral vestindo terno entre pessoas com pouca roupa – exceção feita a Billie… Além da boa amizade com Charli, parece que The Dare toca por Nova York um certo revival daquele momento dance punk dos 2000 na linha LCD Soundsystem-Rapture que tanto gostamos. Só notar seu cabelo meticulosamente desleixado à la Strokes. Seu single “Perfume”, parte do seu futuro álbum “What’s Wrong with New York?”, traduz o que estamos querendo dizer. É sujo, indie e cabe perfeitamente na trilha sonora de uma propaganda de perfumes caríssimos. O revival dos anos 2000 chegou mesmo a 2024. E o Dare tem outra música nova no rolê, também boa, a “You’re Invited”.

Esta pode ser uma entrada dupla no Top 10 Gringo e no Top 50 da CENA. É que o JPEGMAFIA se uniu ao produtor brasileiro DJ Ramemes e colocou o segundo vascaíno mais famoso do Brasil, também conhecido como o Presidente do Sexo, para fazer um beat em seu novo álbum, “I LAY DOWN MY LIFE FOR YOU”. E o Ramemes caprichou, inclusive traduziu o mote “sexo” em suas batidas para o também sonoro “fuck”, repetido à exaustão. A conexão Nova York – Volta Redonda (RJ) nunca esteve tão forte. Mais uma do Ramemes – é do Brasilsilsil… 

A gente até sonhou um pouquinho com a volta do White Stripes, mas agora é oficial que estamos diante de um novo disco solo de Jack White. “No Name”, lançado secretamente e exclusivamente em vinil, chegou às plataformas de streaming mantendo seu nome sem nome, mas certificando finalmente os títulos de cada som. Nossa favorita, a tal “terceira do Lado A”, agora se chama “That’s How I’m Feeling. Discaço, Mr. White.  

Mais cedo neste ano falamos do single “Lost”, da Soccer Mommy, também conhecida como Sophia Regina Allison, uma singela canção acústica sobre a morte de sua mãe. “M”, seu lançamento mais recente, também é sobre perda, com versos bonitos e doloridos, como “Sinto sua falta/ E isso nunca para/ Eu ouço sua voz em todas as minhas músicas favoritas”. As duas faixas abrirão “Evergreen”, quarto álbum da Soccer Mommy, previsto para outubro. 

É bem capaz que, em suas apresentações no Brasil, Billy Corgan e companhia toquem muitas músicas de seu novo álbum, “Aghori Mhori Mei”. A boa notícia é que estamos diante de um bom disco do Smashing Pumpkins, um trabalho que vai direto ao ponto, sem preciosismo, ainda que alguns sons tenham mais de seis minutos. Estamos falando da versão da banda mais voltada à guitarra – quase metal, mas metal ao modo Corgan – os fãs entendem.   

E, por falar no Smashing Pumpkins, fiquemos agora com a delicada versão da Snail Mail para o clássico “Tonight Tonight”, um dos grandes hits da banda de Billy Corgan. A música foi “mexida” a seu modo por Snail Mail para o filme “I Saw the TV Glow”, da diretora Jane Schoenbrun, um dos mais elogiados do primeiro semestre de 2024. 

Father John Misty e seu humor sempre peculiar, né? Primeiro que seu álbum de greatest hits levará o singelo nome de “Greatish Hits: I Followed My Dreams and My Dreams Said to Crawl”, algo como “Eu segui os meus sonhos e meus sonhos disseram: rasteje”. Na mesma linha, este single inédito “I Guess Time Just Makes Fools of Us All”, diz algo na linha “Eu acho que o tempo zomba de todos nós”. Ele é engraçadinho. 

E quem gostou do novo solo do Jack White deve gostar também da nova incursão dos frenéticos australianos do King Gizzard & The Lizard Wizard. Depois de enveredar até pelo metal espadinha, eles investem agora numa sonoridade de rock bem sujo, garageiro, com a bateria sequinha e o som de guitarra mais barato possível. Poderia ser Detroit, mas é Melbourne. 

Adrianne Lenker, também conhecida como uma das cabeças do Big Thief, lançou neste ano o solo “Bright Future”, onde aparece de chapéu de cowboy e produz aquele country que faz a gente se sentir na estrada descendo o meio-oeste norte-americano indo de Indianapolis até Nashville. “Once a Bunch”, que respeita este clima, é o lado B do disco, até então presente só naquelas famosas edições japonesas – onde eles sempre escondem os lados B. 



* Na vinheta do Top 10, as amiguinhas Billie Eilish e Charli XCX.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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