Top 10 Gringo – Bjork chega filosófica ao primeiro. Kali Uchis vem sem lei ao segundo. E os Pixies se aproximam do Brasil em terceiro

Amor é o tema da semana. Seja nas músicas da Björk e da Kali Uchis, que defendem o tema cada uma ao seu modo. Seja na nossa paixão por duas bandas clássicas da história do rock que permanecem excelentes: Pixies e Suede. E pensar que desses quatro nomes, dois a gente vê ao vivo ainda neste ano. Tem como segurar a ansiedade? E, talvez, nosso romantismo? E nossa playlist mara de 2022 já passa de 300 músicas. Que retrato deste ano!

Björk tá chegando ao Brasil, mas antes disso aterrissa com um novo álbum. “Fossora” será lançado no final do mês. E promete, viu? Se depender do primeiro single… “Atopos”, na definição da própria Björk, é uma bela introdução ao novo disco: “Sonoramente é um mundo de graves pesados”. São seis clarinetes que acompanham uma batida repetitiva que vai ficando cada vez mais insistente ao longo da música até ficar algo completamente insano. Na letra, a artista islandesa fala sobre amor inspirada em um famosaço livro do filósofo Roland Barthes, “Fragmentos de um Discurso Amoroso “. “Obrigado por ficar aqui enquanto aprendemos”, ela valorizando essa capacidade de sobreviver às diferenças, uma habilidade nossa. E, para escrever mais sobre a música, vamos ter que ler um pouco mais de semiologia porque o texto do Barthes não é faciiiiiinho, assim.  

E, falando em amor, Kali Uchis vem reclamar de quem quer dizer para ela o que é certo ou errado quando o papo é um romance. A artista norte-americana com raízes colombianas chega com um dos refrões mais quentes do ano, sem dúvida. É tão chiclete que parece que sempre existiu: “Hey, en el amor no hay ley/ Y deja que nos miren si quieren”. Se parecia uma missão difícil superar o tamanho do hit que foi “Telapatia”, faixa do álbum “Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios)”, segundo trabalho dela e o primeiro predominante em espanhol, “No Hay Ley” dá uma pista que isso é só questão de tempo. Ah, mais um som de 2022 com aquele temperinho house. 

E o NOSSO Pixies soltou um single que menciona o Brasil! Será um aviso sobre os shows por aqui? Na real, a menção é sobre uma viagem de volta ao Brasil dos anos 60… Não faz sentido, mas é o Pixies em uma letra que menciona algo sobre tomar um ácido, já viu, né? Talvez a parte mais engraçada e talvez compreensível da letra é a conversa inicial, onde uma personagem prefere a versão original de “You Really Got Me”, enquanto a outra prefere a versão do Van Halen. Será que isso significa algo? Ah, essa é a primeira vez que o guitarrista Joey Santiago, dono de riff marcantes, foi creditado em uma canção da banda. Já era hora. 

Uma das nossas bandas preferidas da era de ouro do britpop, os londrinos do Suede andam entre agradar e desagradar desde o retorno da banda em 2010. E, quando não se esperava mais nada da turma liderada pelo dândi Brett Anderson, eles aparecem com os primeiros singles do novo álbum, “Autofiction”, e voltam a deixar a gente ansiosa por mais. É que nesse disco eles retomam a pegada mais suja e crua de outrora da banda. Será “um disco punk”, nas palavras deles, que gravaram naquele esquema todo mundo junto em uma sala e pouca firula. Está muito f*da, sério. Só refrões grandiosos e viciantes. Se você é novinho e nunca escutou Suede, pode começar por aqui, sem medo. 

E a clássica Lambchop, banda de mil faces sonoras e um único integrante que se mantém nas suas diferentes formações, vem de disco novo, “The Bible” – que também será lançado neste mês. Aqui, Kurt Wagner, esse tal homem que lidera o projeto anos a fio, oferece uma deliciosa batida e um vocal imerso em um autotune que distorce completamente sua voz.  

Onde a Rosalía cola, a gente vai dar uma escutada com interesse. Afinal, estamos falando com a dona de um dos disco do ano – alguém discorda? E o rolê mais recente da cantora espanhola é esta participação no álbum do cantor norte-americano Romeo Santos. Filho de um dominicano com uma porto-riquenha, Santos é um expoente da bachata, um gênero musical nascido no país de seu pai com muita influência da música espanhola. Sempre experimentando com o pop, Romeo olha para o futuro com Rosalía e traz até o sumido Justin Timberlake para outra participação. 

Está aí um feat. do sonhos de qualquer festa indie que se preze. A banda francesa Phoenix encontra o Vampire Weekend, na figura de seu vocalista. Envelhecidos um pouco, é verdade – e o vídeo da música, gravado entre Paris e Tóquio, entrega as marquinhas do tempo para ambos os lados – mas sem perder a energia que tornou as duas bandas referências das pistas descoladinhas. O grupo francês prepara para novembro “Alpha Zulu”, álbum que ainda se apresenta bem indefinido, já que o single anterior, que leva o nome do disco, apontava para um oooooutro rumo, menos rock e mais música eletrônica. Aqui o jogo inverteu.

Quem acompanha com bastante afinco nosso Top 10 já deve estar cansado de escutar a gente falando do novo álbum dos ingleses do Sports Team que nunca chega. Tá quase, viu? Estamos no quinto single de “Gulp” e no dia 23 de setembro teremos o álbum completo da ácida banda formada nos corredores da Universidade de Cambridge, que apresentou a nova música simplesmente como “uma pitada de sal muito necessária no mingau ralo da cultura pop hoje”. Quem vai vestir a carapuça? 

Sendo bem honesto, a gente não fazia ideia do trabalho do George FitzGerald, nome da cena inglesa de música eletrônica. Só que aí ele descolou esse belíssimo single com um dos homens que mais trabalha na música hoje, o incansável Panda Bear, que apareceu nestes dias aqui com um projeto seu. E é a voz dele que leva essa belíssima música com forte potencial de viralizar em breve. Explicação: está na trilha do novo Fifa. 

Quem mais aí viu o show da Demi Lovato no Rock In Rio? A volta do pop punk/emo transbordou – o sonho de muitos virou mesmo bem real. Se você era jovem na primeira onda do gênero e não está sabendo, os jovens de hoje agora piram nisso igual você pirava. E pode ser sua vez de fazer igual a seu pai/mãe e não ter ideia de quem é um cara igual o inglês Yungblud, que entrega muito desse revival precoce em seu novo álbum, que leva seu próprio nome.  Entende?

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* Na vinheta do Top 10, a islandesa Bjork.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.


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