Top 10 Gringo – As coisas por trás do Bon Iver. A grande volta do Tyler, the Creator. E o começo do fim do Japandroids. A semana foi isso, mas foi mais que isso

Que semaninha especial, hein? Não teve música fraca, só artistão na parada, várias pessoas que gostaríamos de ver ao vivo – e algumas vem aí em breve, hein? Já sabe quais? Em tempo, nossa playlist do ano já está chegando no 400 em número de músicas. O ano de 2024 está sendo contado nelas.

Justin Vernon apareceu para o mundo como um solitário compositor de folk e deu nova dimensão ao gênero, abusando do processamento digital na voz e no seu violão. Logo estava andando com gigantes do pop, como Taylor Swift e Kanye West, e seu som também andou nessa direção. Após uma expansão de mais de uma década, Vernon volta ao básico. Um movimento que ele anda chamando não de retorno, mas de novo começo. O EP “Sable”, seu mais recente lançamento, reúne três composições básicas, bem confessionais e sinceras. Em “Things Behind Things Behind Things”, ele admite se sentir como seu pior inimigo ao se olhar no espelho. “Eu tenho medo de mudar”, diz em um dos versos. Com medo ou não, ele está mudando e mudando e mudando.

Com um refrão espetacular em nianja, uma língua falada no Malawi, Zâmbia, Zimbábue e em Moçambique, retirado do álbum “45,000 Volts” da banda Ngozi Family, temos o primeiro som para valer de “Chromakopia”, próximo álbum do rapper americano Tyler, The Creator. “Noid” pincela em seus versos o que deve ser um dos nortes do álbum: a trajetória de um personagem fustigado pela fama e com síndrome de perseguição. Tentando ampliar para um contexto geral: pode ser uma boa análise da sociedade como um todo. Afinal, não virou todo mundo influencer digital? “Não há respeito por nada, gravam nossas discussões”, diz um dos versos. E quem nunca se sentiu vigiado pelo celular? Pois é. Além do papo, é impressionante o arranjo da música, que varia entre vários gêneros e sugestões musicais. Quando parece que a música vai explodir, ela sossega – e vice-versa. Maestro Tyler. 

Muito se fala das bandas que não sabem a hora de parar, mas e aquelas que parecem que ficam melhores justamente quando estão prestes a acabar? “Fate & Alcohol”, quarto álbum dos canadenses do Japandroids, é um dos seus melhores trabalhos e também a despedida do duo. Brian King e David Prowse nem sequer farão shows para divulgar o disco. Soa injusto dada a fluência alcançada aqui, mas é o que vai acontecer. Ao que tudo indica, a decisão é de King, que resolveu ir cuidar da vida – algo difícil estando na estrada, todos sabem, e o disco fala muito sobre a busca por sobriedade, o que explica tudo. Ficam as boas memórias. 

É bom se preparar para a explosão e bafafá que será a passagem da Amyl and the Sniffers pelo Brasil ano que vem. Bem capaz de a banda australiana chocar todos os conservas de plantão. Só ver a proposta do vídeo de “Jerkin’”, faixa que estará em “Cartoon Darkness”, terceiro álbum deles: todo mundo peladão para a gente pensar o quanto é zoado o tanto que nosso corpo é censurado culturalmente. A letra, então, é um desabafo de alguém furioso com todo tipo de babaca que precisa encarar por aí – “Don’t wanna be stuck in that negativity/ Keep jerkin’ on your squirter”, Amyl berra no refrão. Faça bom uso do Google, se o seu inglês não estiver em dia. Aqui é um site de família, hahaha.

Olha quem está de volta. Sharon Van Etten! E, melhor, agora acompanhada do The Attachment Theory, que é basicamente sua banda de apoio há um tempão, mas agora ganhou esse status de participantes do processo criativo. E o resultado deu liga, dando uma nova energia ao som de Sharon, mais vibrante do que nunca. Dureza vai ser esperar pelo novo álbum, previsto só para fevereiro de 2025. Teremos trilha sonora para o Carnaval dos darks. 

Pega um lencinho. Vai ter lágrima. Vai ter arrepio. É assim que a gente ficou com essa parceria entre a Romy, do XX, e o Sampha. Donos dos discos mais legais do ano passado, a parceria piano e vozes foi registrada ao vivo com ambos entregando tudo. A música é puro amor: “E eu espero que o sentimento de hoje seja o sentimento de toda a vida”, diz um dos versos.

E por falar em declaração de amor… É pura paixão a “Abigail” de Soccer Mommy. Com um detalhe para quem não conhece o game Stardew Valley, a tal Abigail é uma das personagens do jogo – e uma das possíveis pessoas que você pode namorar no joguinho. Pelo visto, a nossa Sophia Regina Allison aka Soccer Mommy levou a sério a parada!  

Não está no Spotify, mas está no YouTube. A incrível Caroline Polachek mandando um cover do clássico cult do Radiohead diante do impressionante e gigantesco Monet instalado no Musée de l’Orangerie, em Paris. O vídeo seria uma ilustração perfeita para a palavra ARTE em qualquer dicionário. 

Rosé e Bruno Mars fizeram mais do que encarar um Fla-Flu em território brasileiro. A integrante do Blackpink e o homem mais carismático do mundo também soltaram um single chamado “APT.”, nome de um drinking game sul-coreano. A música é aquele chiclete de cheerleader – tanto que é creditada aos compositores de “Mickey”, hit dos anos 80 entoado por Toni Basil. Lembra também um pouquinho “Bad Romance”, da Lady Gaga… 

“X-Ray Eyes” é uma inédita de James Murphy e cia que foi tocada no programa da DJ Anu na NTS Radio como quem não quer nada. Dá para ouvir aqui na Popload, mas a música ainda não foi lançada oficialmente. O que significa tudo isso? Não dá para saber ainda, só sabemos que eles farão uma residência em Los Angeles e Nova York agora no fim do ano. E estão grandes no Primavera Sound de Barcelona em 2025. Vem mais por aí?  

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* Na vinheta do Top 10, o músico americano Justin Vernon, o Bon Iver.
** Este ranking é pensado e editado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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